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N.º 016, Heshvan 5689 (Out 1928)







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              HA-LAPÍD               3
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     PARTE IV - HOCHEN HAMMICHPAT

julgamentos e juízos. Processos: emprés-
timos; Acusações; juramentos; credores e
obrigações. Diversas formas de exigir os
empréstimos obrigações; compensações, pe-
nhores ou hipotecas; exigir uma divida por
mandatário. Credores. Caução.
Propriedade e tomada de posse: moveis
e imoveis.
Estragos por meação. lndivisões, dispu-
tas e partilhas; limitações. Mandatários.
Compra e venda. injustiças, erros nas tran-
sações e partilhas. Doações, em particular
dos doentes, testamentos. Objectos perdidos
e encontrados. Estragos acidentais. Bens
nullius; bens de prosélitos. Sucessões e lu-
tela. Depósitos gratuitos ou contra salário.
Locações de animais, de objectos, forma de
depósito. Assalariados e operários. Coisas
emprestadas. Furtos-e latrocinios. Danos.
Depósitos perdidos; danos causados nos
bens, no corpo ou na reputação.

           o o o

Cripto-judeus da Covilhã

O nosso amigo. o sr. tenente Elias da
Costa, cripto-judeu da Covilhã, publícísta
notavel que tem procurado em varias pu-
blicações elevar o nivel intelectual dos seus
concidadãos, acaba de publicar um livro
interessantissimo com o titulo "A Covilhã
no trabalho".
Nesse livro recolhemos a seguinte frase,
em que o autor se refere a si proprio:-
"Pode-se resumir numa só frase tudo que
tinha a dizer de mim: sou judeu de raça,
apresentando nitidamente todos os caracte-
res etnicos do povo de lsrael."
Do livro do tenente Elias da Costa ex-
tratamos o seguinte:

As principais Famílias Judaicas

Falaremos em primeiro logar da anti-
quissima e numerosa familia dos Sousas,
que os eruditos alemães classificam muito
justamente entre as mais ilustres familias
hebraicas da Peninsula dos Pirineus. Sobre
esta familia escreveram Kayserling e Grun-
wald. Uma senhora belga com quem me re-
lacionei em viagem, disse-me que tambem
Tharaud alude e ela encomiásticamente.
Pertencia a esta familia o Antonio de
Sousa que em 1643 era embaixador de Por-
tugal em Londres, e o judeu Tomé de Sou-
sa, governador do Brazil em 1549, homem
de extraordinárias faculdades e justamente
considerado o único português que honrou
tão elevado cargo nas terras da Vera Cruz.
Eu ainda encontrei na familia a recorda-
ção de que descendiamos dum "vice-rei das
Indias". Mas eu, e todos os meus irmãos,
muito inquinados de scepticismo, achava-
mos um prazer diabólico em esfarrapar a
tradição a golpes impiedosos de ridiculo.
Ainda hoje, se nos acontece falar das velhas
parentas mortas, recordamos sorrindo, a nos-
sa cruzada contra o orgulho de nascimento.
Afinal, hoje sabemos o fundamento d'aque-
la versão. Tal como a ouvi em creança,
posso hoje felizmente recebe-la duma tia
paterna, a Ex. Senhora D. Elisa Amélia
Henriques da Silva, anjo de bondade, já
muito provecta em anos, e que na sua pas-
sagem por este mundo deixou sempre atraz
de si um rasto brilhante de acções genero-
sas e santas.
Infelizmente tivemos de regeitar o pa-
tronimico de Sousa, pela confusão que esta-
belecia a sua abundancia, ou por qualquer
circunstancia menos lisongeira, hoje desco-
nhecida. Tenho nos ouvidos expressões cor-
rentes n'esta cidade que me fazem reflectir
amargamenter "Chama-me tudo, mas não
'me chames Sousa", ou assim "Até o diabo
é Sousa".
Esta ablaçâo do apelido Sousa na gente
fina da Covilhã, faz incorrer os investiga-
dores extrangeiros em erros por defeito.
Ainda ha pouco um articulista afirmava que
os Sousas da Covilhã cairam na miséria e
em seguida no esquecimento. E' falsissimo.
O snr. José Tavares, o maior proprietário
da Covilhã actual, é uma vergontea da ilus-
tre familia dos Sousas. Aproveito a ocasião
de dizer que é uma bela creatura no sentido
moral da palavra, e o nobre emprego que
faz da sua imensa riqueza mostra uma con-
cepção, verdadeiramente scientifica, da fun-
ção social que ela impõe aos que a pos-
suem. Para ele o dinheiro não é uma fonte
de prazeres ou de luxo. E' um instrumento
de trabalho que é criminoso deixar em re-
pouso. Por isso os trabalhadores rurais do


 
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