HA-LAPÍD 3 ================================================= o fatalísmo e o desamor do arabe deixaram que a terra que o Senhor prometera a Moisés, e que, no di- zer do Exodo, fora uma terrra boa e larga, uma terra que manara leite e mel, se convertesse naquela vasta ruina em que a foram encontrar os primeiros colonos israelitas que por volta de 1882 ali se estabeleceram novamere. Lavrava a perseguição no antigo imperio masco- vita quando os Hovévé Sion apontaram a Palestina aos judeus russos, como cidade de refugio, e a grande generosidade do Barão Edmundo de Rothschild se deve a organisação e manutenção das primeiras colonias. A ideia da ressurreição do povo Hebreu surge, porem, com Teodoro Herzl, profeta e apostolo magno do sionismo. Até então procurara-se assimilar os ju- deus de cada país, fazendo-os entrar na grande mas- sa dos seus concidadãos, Herzl declarou insuficiente um tal metodo, e procurou criar um estado Hebraico, cujos cidadãos não tivessem mais na sua frente os inumeraveis Numeros Clausus com que se teem de- nontado nos paises de origem. Havia muito que o maior desejo de Israel era en- contrar um pais onde se pudessem acolher e viver em paz os judeus perseguidos do Centro e Oriente da Europa. Assim, a declaração Balfour, de 2 de Novem- bro de 4917, criando o Lar Nacional Hebreu, ratifi- cado em San Remo pelos Aliados, e confiado á admi- nistração inglesa, em 1922, pela Sociedade das Nações, foi acolhida com inexcedivel entusiasmo pelo mundo hebreu. Era, enfim, a objectivação de uma ideia até aí mal definida, mas latente em muitos corações. Criado o Lar Nacional Hebreu, a ele se teem aco- lhido israelitas idos de todas as partes do mundo, de todas as idades e de todas as posições sociais. Uns vão ali acabar os seus dias, outros vão contribuir com o seu esforço para o resurgimento da antiga Kanaan e para o resgate das futuras gerações hebraicas. E o judeu dos nossos dias, que o odio dos Naza- renos fechara nos ghettos do ocidente e obrigam á ex- ploração das pequenas industrias, poste em contacto com a terra dos seus antepassados, sofre tambem uma transformação completa. Já não é a figura macilenta e melancolica de judeu perseguido e despresado que citara a compaixão do catolico principe de Ligne. E' antes um tipo robusto de agricultor, que encontra na sua frente as maiores dificuldades, tendo de lutar com a terra, com o clima e com a má vontade do in- dígena, mas que vence todos os estorvos e faz com que dentro em pouco tempo, por toda a Palestina, vicegem as florestas de eucaliptos e os bosques de la- rangeiras e Olivais, cresçam os vinhedos e os trigais e o verde das pastagens substitua a areia das dunas. Há 35 anos Hodesa era um terreno pantanoso que serviu de cemitério a um grande numero dos israeli- tas que ali se estabeleceram. Hoje é uma pequena cidade com cerca de 1300 habitantes, possuindo esco- las e jardins para creanças, e que exporta anualmen- te 1200 vagons de produtos agrícolas, que vão desde o trigo e aveia, as laranjas e ás amendoas, até ao azeite e ao carvão. E a obra de ressurreição continua em Ein Harod, onde se realisou o velho sonho do comunismo. Na colonia ali organisada vivem em comum e em perfei- ta fraternidade, operarios e intelectuais, inter-cam- biando os seus esforços. Os primeiros trabalham a terra e os segundos prestam-lhes a assistencia de que necessitam, Uma caixa comum subsidio todas as des- pesas, desde a alimentação, que é sóbria e vegeta, e a indumentaria, que é das mais simples, ao insignifi- cante maço de tabaco. Em Kwar Jeladin, um professor russo, Pougatcheff. fez dum orfanato de 110 creanças, orfãs dos judeus progromisados na Ukrania, uma republica infantil, cujos cidadão dividem entre si os cuidados de admi- nistração e manutenção da ordem, velando pelo cum- primento da constituição; gastando o resto do seu tempo entre a escola e os trabalhos do campo e do jardim, da marcenaria e da cosinha e ainda com a publicação dum periodico tri-mensal escrito em hebreu. Jerusalem ufana-se da sua Universidade hebraica, Caiffa da sua Escola Tecnica e toda a Palestina se povoa de escolas de agricultura e de labotatorios qui- micos. Tel Aviv é uma cidade moderna, cujas casas, de balcões floridos, lhe dão um ar alegre que justifica perfeitamente o nome de "Colina da Primavera". Ilu- minada a electricidade, com ruas e boulevards atra- vessados por autos e carros electricos, Tel Aviv vive numa permanente agitação, e os seus 40.000 habitan- tes, possuidos da febre da edificação, em cada dia que passa alargam a periferia da cidade. 68 escolas, frequentadas por 9.400 creanças, com 376 professores, ministram a instrução, que é gratuita. Por toda a parte, na Palestina, os halutzim, os pioneiros de Israel, teem deixado impressas as mar- cas do seu esforço. E é ao seu carinho e ao seu amor que se deve, mais do que a ninguem, a ressurreição daquela terra, tão rica de tradições e tão cara aos israelitas. Não raro é encontrar-se entre os construto- res de estradas, partindo pedra, ou entre os lavrado- res, cavando o humus, rapazes e raparigas que fre- quentaram as universidades europeias! Como o velho Job, a quem os bens são restituidos em duplicado, a Palestina levanta-se das suas ruínas, sobre que assaz chorou, e os místicos de israel podem exclamar com o salmista: "Bemaventurado e' o povo cujo Deus é o Senhor» Jernstedt de Almeida. o o o Obra do Resgate Nova Mensagem-No dia 25 de Fevereiro saiu do Porto o nosso director levando a mensagem do resgate a varias terras do distrito da Guarda (Beira-Baixa). Nesse dia chegou a Vila Nova de Fozcôa onde falou com varios descendentes de ju- deus já assimilados, mas soube que existiam la mais. Deixou varios livros. impressos e lito- grafias, de Moshe Rabbem e Misrah, e deixou lá um cripto-judeu encarregado de fomentar o regresso desses descendentes de judeus ao judaismo oficial.
N.º 017, Adar 5689 (Fev-Mar 1929)
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