N.º 017, Adar 5689 (Fev-Mar 1929) > P03
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Ha-Lapid הלפיד


N.º 017, Adar 5689 (Fev-Mar 1929)







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                HA-LAPÍD                       3
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o fatalísmo e o desamor do arabe deixaram que a
terra que o Senhor prometera a Moisés, e que, no di-
zer do Exodo, fora uma terrra boa e larga, uma terra
que manara leite e mel, se convertesse naquela vasta
ruina em que a foram encontrar os primeiros colonos
israelitas que por volta de 1882 ali se estabeleceram
novamere.

Lavrava a perseguição no antigo imperio masco-
vita quando os Hovévé Sion apontaram a Palestina
aos judeus russos, como cidade de refugio, e a grande
generosidade do Barão Edmundo de Rothschild se
deve a organisação e manutenção das primeiras
colonias.

A ideia da ressurreição do povo Hebreu surge,
porem, com Teodoro Herzl, profeta e apostolo magno
do sionismo. Até então procurara-se assimilar os ju-
deus de cada país, fazendo-os entrar na grande mas-
sa dos seus concidadãos, Herzl declarou insuficiente
um tal metodo, e procurou criar um estado Hebraico,
cujos cidadãos não tivessem mais na sua frente os
inumeraveis Numeros Clausus com que se teem de-
nontado nos paises de origem.

Havia muito que o maior desejo de Israel era en-
contrar um pais onde se pudessem acolher e viver em
paz os judeus perseguidos do Centro e Oriente da
Europa. Assim, a declaração Balfour, de 2 de Novem-
bro de 4917, criando o Lar Nacional Hebreu, ratifi-
cado em San Remo pelos Aliados, e confiado á admi-
nistração inglesa, em 1922, pela Sociedade das Nações,
foi acolhida com inexcedivel entusiasmo pelo mundo
hebreu. Era, enfim, a objectivação de uma ideia até
aí mal definida, mas latente em muitos corações.

Criado o Lar Nacional Hebreu, a ele se teem aco-
lhido israelitas idos de todas as partes do mundo, de
todas as idades e de todas as posições sociais. Uns
vão ali acabar os seus dias, outros vão contribuir com
o seu esforço para o resurgimento da antiga Kanaan
e para o resgate das futuras gerações hebraicas.

E o judeu dos nossos dias, que o odio dos Naza-
renos fechara nos ghettos do ocidente e obrigam á ex-
ploração das pequenas industrias, poste em contacto
com a terra dos seus antepassados, sofre tambem uma
transformação completa. Já não é a figura macilenta
e melancolica de judeu perseguido e despresado que
citara a compaixão do catolico principe de Ligne.
E' antes um tipo robusto de agricultor, que encontra
na sua frente as maiores dificuldades, tendo de lutar
com a terra, com o clima e com a má vontade do in-
dígena, mas que vence todos os estorvos e faz com
que dentro em pouco tempo, por toda a Palestina,
vicegem as florestas de eucaliptos e os bosques de la-
rangeiras e Olivais, cresçam os vinhedos e os trigais
e o verde das pastagens substitua a areia das dunas.
Há 35 anos Hodesa era um terreno pantanoso que
serviu de cemitério a um grande numero dos israeli-
tas que ali se estabeleceram. Hoje é uma pequena
cidade com cerca de 1300 habitantes, possuindo esco-
las e jardins para creanças, e que exporta anualmen-
te 1200 vagons de produtos agrícolas, que vão desde
o trigo e aveia, as laranjas e ás amendoas, até ao
azeite e ao carvão.

E a obra de ressurreição continua em Ein Harod,
onde se realisou o velho sonho do comunismo. Na
colonia ali organisada vivem em comum e em perfei-
ta fraternidade, operarios e intelectuais, inter-cam-
biando os seus esforços. Os primeiros trabalham a
terra e os segundos prestam-lhes a assistencia de que

necessitam, Uma caixa comum subsidio todas as des-
pesas, desde a alimentação, que é sóbria e vegeta, e a
indumentaria, que é das mais simples, ao insignifi-
cante maço de tabaco.

Em Kwar Jeladin, um professor russo, Pougatcheff.
fez dum orfanato de 110 creanças, orfãs dos judeus
progromisados na Ukrania, uma republica infantil,
cujos cidadão dividem entre si os cuidados de admi-
nistração e manutenção da ordem, velando pelo cum-
primento da constituição; gastando o resto do seu
tempo entre a escola e os trabalhos do campo e do
jardim, da marcenaria e da cosinha e ainda com a
publicação dum periodico tri-mensal escrito em
hebreu.

Jerusalem ufana-se da sua Universidade hebraica,
Caiffa da sua Escola Tecnica e toda a Palestina se
povoa de escolas de agricultura e de labotatorios qui-
micos.

Tel Aviv é uma cidade moderna, cujas casas, de
balcões floridos, lhe dão um ar alegre que justifica
perfeitamente o nome de "Colina da Primavera". Ilu-
minada a electricidade, com ruas e boulevards atra-
vessados por autos e carros electricos, Tel Aviv vive
numa permanente agitação, e os seus 40.000 habitan-
tes, possuidos da febre da edificação, em cada dia
que passa alargam a periferia da cidade. 68 escolas,
frequentadas por 9.400 creanças, com 376 professores,
ministram a instrução, que é gratuita.

Por toda a parte, na Palestina, os halutzim, os
pioneiros de Israel, teem deixado impressas as mar-
cas do seu esforço. E é ao seu carinho e ao seu amor
que se deve, mais do que a ninguem, a ressurreição
daquela terra, tão rica de tradições e tão cara aos
israelitas. Não raro é encontrar-se entre os construto-
res de estradas, partindo pedra, ou entre os lavrado-
res, cavando o humus, rapazes e raparigas que fre-
quentaram as universidades europeias!

Como o velho Job, a quem os bens são restituidos
em duplicado, a Palestina levanta-se das suas ruínas,
sobre que assaz chorou, e os místicos de israel
podem exclamar com o salmista: "Bemaventurado e'
o povo cujo Deus é o Senhor»

                              Jernstedt de Almeida.

                  o o o

Obra do Resgate

Nova Mensagem-No dia 25 de Fevereiro
saiu do Porto o nosso director levando a
mensagem do resgate a varias terras do
distrito da Guarda (Beira-Baixa).

Nesse dia chegou a Vila Nova de Fozcôa
onde falou com varios descendentes de ju-
deus já assimilados, mas soube que existiam
la mais.

Deixou varios livros. impressos e lito-
grafias, de Moshe Rabbem e Misrah, e
deixou lá um cripto-judeu encarregado de
fomentar o regresso desses descendentes de
judeus ao judaismo oficial.


 
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