4 HA-LAPID =========================================== dor para a côrte de Austria. Tendo éste fidalgo ido apresentar as credenciais do es- tilo, o rei notou que o novo embaixador era muito novo. Tão estranho e absurdo lhe pareceu o caso que, dirigindo-se-lhe. disse: - Então, el rei de Portugal, não teria lá um embaixador mais barbado, do que vós ? "- Sim, - resdondeu o jóvem embaixador, se el-rei, meu amo, soubesse que V. Magestade avaliava o mérito e a inteligência pelas bar- bas, em vez de um fidalgo da maior fidal- guia, como eu tenho o orgulho de o ser, ter-vos-ia mandado um chibo - ... Logo a seguir, prestaram juramento sô- bre a Torah os dois Moreim apresentados, declarando e jurando que dedicariam e em- pregariam todos os seus esforços em prol desta tão grande obra, a do Resgate. Foi comovedor este acto. Todos os assistentes estavam de pé. As velas ardiam em seus castiçais. 5 Talmidim estavam em frente do Hehal aberto, cada um com um rolo da Torah. Em frente e virados para êles, vêm co- locar-se o Ex.mo Sr Capitão Barros Basto ladeado, na direita, pelo Moreh, Moisés de Brito Abrantes e, na esquerda, pelo Moreh, Samuel Brás Rodrigues. Procede-se ao solene juramento. Todos os assistentes se acham comovidos. Todos se aproximam, fazendo circulo, como que movidos por um pensamento comum e único: "Quero ver bem e ouvir melhor". Na Sinagoga há um silêncio religioso. Ouve-se o barulho que uma borboleta bran- ca faz em volta da lampada. Entao com voz pausada, nítida e solene, com a mão esquerda sôbre o coração e a direita estendida para a frente, para a Lei, os dois Moreim pronunciam, acompanhando, Sua Ex.a o seu solenissimo juramento. Toda a assistencia tem os olhos postos nêles. A' maneira que a formula do juramento é pronunciada iamos sentindo uma como que sensação que nos invadia e comovia. O juramento terminou. Os Moreim são abraçados pelo sr. Capi- tão Barros Basto. sinceramente comovído, via-se bem, no que foi secundado por toda a assistencia e por todos os meus colegas. Felicitam-nos calorosamente. Todos lhes dirigem palavras de incita- mento e apoio, apontando-lhes, como exem- plo, o sr. Capitão B. Basto. Enfim, foram tantos os abraços e apertos de mão, que eu, supunha e quási com ra- zão. que o chá, que já estava na mesa, nos arrefecesse Tal não sucedeu, porém, com grande alegria minha, porque, logo a seguir, nos dirigimos, sempre cavaquiando e chalaceando, para a sala, onde ele foi ser- vido. Tudo muito bem arranjado e disposto com muito gôsto, pelo que dou os meus parabens aos alunos que enfeitaram a sala. Ao chá fizeram ouvir alguns lindos cantos e uma poesia intitulada: "Martirio de estu- dante", por Jonathan Duarte Rebordão. Tudo foi muito aplaudido. Depois. como já tosse muito tarde fo- ram-se retirando alguns dos convidados, até que se retiraram todos, deixando neles bem impressa, como julgo, a vontade de se verem reunidos de novo para novas festas como esta. Porto, 14-10-933 Jonathan Duarte Rebordão o o o Justa Homenagem Em 1 de Novembro deste ano faz 25 anos que o nosso celebre correlegionário, J S, da Silva Rosa é bibliotecário do Semi- nárío "Ez Haim" (Arvore da Vida) na Co- munidade Portuguesa judaica de Amsterdam. Foi esta Comunidade fundada em cêrca de 1610 época em que já o ascendente do Sr. Silva Rosa, Tobias da Silva, era morador em Amsterdam. O ilustre bibliotecário é descendente de uma das mais antigas e nobres familias luso- judaicas daquela cidade. Conservou o amor pela pátria de seus avós o que prova bem no seu deseja ardente de visitar o nosso país e nos cursos da língua portuguesa já estabelecidos por ele na Comunidade de Amsterdam. E' enorme o mérito deste nosso amigo no território da história luso- judaica, para que o possamos descrever nestas poucas palavras. Limitar-nos-hemos a dizer que é autor, entre outros, dum livro sobre a Comunidade Portuguesa-Judaica de Amsterdam, publicado em 1925; outro sobre
N.º 059, Tishri 5694 (Set 1933)
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