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N.º 142, Tamuz-Elul 5708 (Jun-Ago 1948)







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 6           HA-LAPID
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           EMIL LUDWIG

    POR LYGIA TOLEDANO EZAGUY

Para mim, Emil Ludwig não morreu.
Quem deixa o mundo, conseguindo antes
da sua partida, oferecer à terra, aquele fruto
de semente espiritual que germinou, espa-
lhando pelo coração e cérebro do homem,
a luz que ilumina e jamais se apagar,-é
imortal!

Emil Ludwig será no Céu, agora, uma
das estrelas mais cintilantes, bela, perdurá-
vel, a embelezar o Infinito.

Emil Ludwig-Israelita pela raça, a
quem foi concedida autorização para tro-
car o apelido hebraico de Cohn pelo de
Ludwig, desaparecera, sim, mas não dos
olhos da nossa alma. Os seus leitores
devem-lhe muito, porque ele não foi ape-
nas, o novelista ou o poeta. Não!

Ele foi o grande observador, o profundo
analista, o extraordinário psicólogo; o céle-
bre homem de letras, excepcional nas suas
expressões e nos seus coloridos.

O seu verdadeiro triunfo, obteve-o, ele,
como biógrafo. Revelador das realidades
humanas, não esqueceu-Bismark, Gui-
lherme II, Estaline, Venizelos, Masarik,
Ratheneau, Briand, Lloyd George, etc..

Mas, Emil Ludwig, como tantos outros
gênios da Literatura israelita, não foi pou-
pado pelos nazis.

Ao receber as perigosas e provocadoras
manifestações de ódio desses anti-semitas.
hoje detestados por quase todo o mundo...,
refugiara-se, naturalizando-se suíço.

As suas obras literárias, publicadas na
Alemanha-pátria onde nascera, foram reti-
radas das numerosas livrarias para a boca
das fogueiras, e essas famintas destruido-
ras, ávidas e sedentas de tornar em cinza
negrida e nua, os pensamentos vivos pela
Arte, e perfeitos, pela consciência, obede-
ceram, assim, aos seus carrascos.

Mas não, Contra o imorredouro nin-
guém pode. E nem com o deslizar dos
séculos se apaga o que atinge o auge do
que é belo e eterno pela essência!

Hoie em Portugal, país católico, mas
nosso amigo, recebemos a confirmação
das minhas palavras: Aqui como todas as



partes do mundo, a morte de Emil Ludwig
é como a continuidade da sua vida. Não
há Diário algum que deixe de homena-
geá-lo.

A matéria desfaz-se? Que importa, se
o seu espirito vai permanecer intacto?

Ao folhearmos os seus livros não con-
cordamos que o seu complexo seja a sin-
tese de um espirito que jamais optara pela
ficção...

Quando Emil Ludwig deixou a sua
pátria, não esqueceu novas biografias:
"HITLER e MUSSOLINI", publicadas em
francês, "Aliança" e, "ROOSEVELT".

Todos esses trabalhos mantêm-se, por-
que o mundo busca sempre o seu contacto,
através de todas as gerações.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Um homem que soube perscrutar a
verdade do Mundo, conhecendo o que ele
tem de mau, odiento e impuro, deve aca-
bar, com o rodar dos anos, por se tornar
um pessimista, um hipersensivel.

Emil Ludwig, isolado e triste, colocara,
mais tarde, entre ele e a vida exterior, uma
barreira, e o seu coração cansara, porque
trabalhara muito para o mundo, excedendo
as suas energias.

Lutara, trabalhara, sem cessar, repar-
tindo por todos, o bem que ilumina o
cérebro e aperfeiçoa a alma.

Para a consagrada memória de Emil
Ludwig o nosso preito de homenagem
pelo seu altíssimo valor literário que o
coloca como o escritor actual de maior
reputação universal.

              Nota da Redacção-O nome
     Cohn (como usam dizer certos israe-
     litas, dos meios germânicos) é o nome
     bíblico Kohen (leitura exacta Kó-é-ne)
     que significa Sacerdote. Só podem le-
     galmente, segundo as leis judaicas, usar
     este nome os descendentes de Aarão,
     irmão de Moisés, nosso Mestre. Em
     todas as sinagogas do mundo eles têm
     honras especiais nas orações.


 
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