N.° 7 PORTO - KISELV 5688 (Dezembro de 1927) ANO II ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos e para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | aponta-vos o ca- busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | minho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) Órgão da Comunidade Israelita do Porto ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECTOR E EDITOR: -A. C. os BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA Empresa DIARIO DO PORTO, Lda Avenida da Boavista, 854-PORTO || Rua.de S. Bento da Victoria, 10 (Toda a correspondencia deve ser dirigida ao director) || ---------------- P O R T O ---------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- H'AZZANOTH Nas cidades, vilas e aldeias de Portu- gal onde habitam cripto-judeus, existem mulheres que de cór, recitam orações israelitas, quando se reunem em peque- nas assembleias, ocultas aos olhares pro- fanos, como se rondassem a casa ou o monte os esbirros da inquisíção. Essas orações, onde ha trechos de ritual judai- co aínda hoje usado, constituindo um agrupamento de preces, salmos e ben- çãos, um tanto desordenado, fizeram conservar durante quatro seculos a fé no Deus de Israel naquelas congrega- ções desgarradas do velho Judaísmo e vivendo no meio fanático e hostil dos sectarios duma religião, filha da sua. Foram estas H'azzanoth (oficiantes) as sacerdotisas que alimentaram, duran- te os horrídos tempos do Santo Oficio, o fogo sagrado da fé israelita, que aque- ceu e alimentou a alma dos cripto-judeus portugueses, isolados do convivio, da ajuda, da protecção e amparo das comu- nidades dos paizes estrangeiros. Os ritos da nossa religião determinaram que a mulher hebraica seja a prepara- dora e veladora das luzes sagradas da familia. E bem sábia determinação foi essa. Durante esse tempo de trevas e hor- rores, em que o fanatismo campeava nesta terra lusitana queimando e tortu- rando os descendentes de Abraham, procurando extermina-los, se levanta- ram, como em todos de crise, umas mães em Israel, ecompenetradas da sua missão de cuidar das luzes da sua fami- lia, não trataram só das luzes materiais, mas entenderam e bem que era neces- sario que o seu lar fosse iluminado pela chama da fé, que Moisés, nosso Mestre legislara; e cumprindo 0 seu santo de- ver, consagraram-se a serem as guardas fieis das tradições augustas do seu povo. e como não podiam ter arcas santas, nem livros de orações, nem sinagogas, da sua memoria fizeram arca dos seus conhecimentos sagrados, do seu cora- ção o livro de psalrnos e canticos, e do seu lar a casa de piedosa assembleia. Foi sublime a sua dedicação. E mui- tas dessas sacerdotisas de Israel ascen- deram até ao trôno do Altíssimo e Unico, depois de impavidas e serenas ha- verem recebido a coroa do martírio nas fogueiras da feroz Inquisição. A essas mulheres, que souberam ser mães em israel, alimentando os seus fi-
N.º 007, Kislev 5688 (Dez 1927)
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