HA-LAPID 3 ======================================== Qualidades judaicas ----- O jornal parisiense "Univers lsraelite" -publica um artigo do sr. Luís Weil, agrega- do da Universidade, com o titulo «Refle- xões dum pedagogo - Os judeus sempre 'teem algnmas qualidades ?› Desse artigo extratamos algumas consi- -derações : ‹Nas escolas os rapazes e raparigas de origem judaica, comparados com os seus condiscipulos, são geralmente bons alunos. Até os professores anti-semitas são obriga- dos a reconhece-lo. Seja qual fôr o genero do estabelecimento. seja qual fôr o genero de ensino, o israelita raramente se classifi- ca entre os ultimos e é muitas vezes um dos primeiros da sua divisão. Em concur- sos, a proporção dos israelitas admitidos, e até brilhantemente admitidos, é bastante grande. O israelita, creança ou adolescente, tem ordinariamente o gosto pelo estudo. Os seus paes, de condição remediada, ou modesta, inculcaram-lhe o respeito pelo saber e o amor pelo trabalho. Ha iletrados entre os judeus? Pessoal- mente, nunca encontrei nenhum. Ha-os que não leem a lingua do paiz, mas leem o he- breu e escrevem-no: aprenderam alguma coisa. Longas e longinquas gerações culti- varam livros, praticaram textos, discutiram leis, exerceram profissões em que é precisa a instrução. Duma maneira geral os israeli- täs são estudiosos. Bem cedo eles compreendem que não basta fazer bem para ter exito, mas que é preciso fazer melhor, porque a luta pela vi- da é rude, e eles querem progredir. Bem cedo, esforçam-se por encontrar o rumo de actividade onde terão exito; 'a sua vocação manifesta-se, de ordinario, no tempo preci- so e preparam-se com convicção para a carreira escolhida. São perseverantes e am- biciosos. Além disso, não os detêm os preconcei- tos de casta. Não encontram entre os seus paes e mestre estes indolentes persuadidos de que o trabalho constitue uma inferiori- dade. A ociosidade aristocratica, o desprezo pelo trabalho, o tom protector para com os artistas é quasi desconhecido no seu am- biente. Descendentes de pessoas que; em varios graus, penaram, resistiram, sofreram. teem a consciencia de terem de continuar as tradições de esforços. Perseverantes e ambiciosos, sabem ter vontade. Não são embaraçados tambem por pre- venções contra certas profissões: nenhum considera o comercio como inferior á medi- cina ou a colonisação como menos reluzen- te que os empregos do funcionalismo. De- sejosos de crearem a sua situação e de ti- rarem 0 maximo do seu proprio esforço, não teem por ideal cruzar os braços e vêr os outros trabalhar. E' raro que o israelita pare no seu caminho. Quer isto dizer que sejam incapazes do desinteresse? Mas então como se explica que haja tantos judeus que se dedicam ás letras, ás sciencias e ás artes? Porque nas suas fileiras ha tantos filosofos e matemati- cos, linguistas e eruditos, tantos musicos e amadores de musica, tantos pintores, cole- cionadores, antiquarios, mecenas, escrito- res, joalheiros, desenhadores e costureiros? O exito é uma coisa, o amor pelas coisas belas é outra diferente. E nenhuma incompatibilidade entre as duas. Ter prazer com os sons e as côres, com as linhas eos estofos, com as ideias, com as invenções e com as gêmas não im- pede a aptidão pelos negocios nem o segui- mento dum resultado tangivel. Se a aptidão pelas coisas artísticas está tão espalhada entre os israelitas ,é porque, na sua maior parte, são dotados dumasen- sibilidade muito, viva. O estudante israelita é facilmente como- vido pelo elogio ou pela censura. Manifesta a sua alegria quando obtem uma recompen- sa ou quando a sua composição mereceu uma nota honrosa. Durante a juventude é algumas vezes buliçoso; em edade mais madura é, quasi sempre, activo. Encontram-no sempre entre os alunos doceis e atenciosos, e. raras são as excepções de encontra-lo, no numero dos feitios rebeldes, indomaveis ou sorne- zes. Em caso de falta basta dirigirem-se ao seu coração para o reconduzir, ao bom ca- minho. Quando se trate' de dar aos pobres, participar em obras caritativas, ou testemu- nhar a sua solidariedade pode-se estar cer- to de contar com ele. Todas as creanças teem uma noção,
N.º 013, Elul 5688 (Ago 1928)
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