HA-LAPID 3 ============================================ por um humilde serviço até ás mais altas missões, não é, como se poderia julgar um lêma de palestra que convem so para os grande; legisladores, monarcas ou governan- tes. Tambem não é reservado para os chefes espirituais cuja missão é pregar e guiar mo- ralmente os seus semelhantes e que, em to- das as confissões nascidas e alimentadas da Biblia, receberam o nome de pastor da mes- ma forma que os seus fieis de ovelhas, por uma metafora que vem os profetas e, singularmente, do belo capitulo 34 de Eze- quiel sobre os pastores de Israel. Se o nosso apologo vos parece edificante, caros leitores, é que cada um o sente bem, todo o que tem um papel de Vigilancia, de acção moral, um cargo de alma a exercer numa colectividade qualquer, quer seja no exercito, no ensino, na industria, na oficina, no atelier, no canteiro ou simplesmente num grupo de adueiros (boyscouts), todo aquele que, em qualquer grau, é chefe, de rebanho deverá o melhor do seus prestígio, do seu ascendente e do seu sucesso à conscienia, à abnegação com as quais tiver assumido as tarefas infimas e ingratas dos seus começos e bem assim à bondade e ao amor que tiver testemunhado aos fracos e aos sofredores. Mas voltemos a Moisés que mereceu fi- car o prototipo do bom pastor espiritual e cuja glória, para Israel, não foi eclípsada por nenhuma outra. Ele desapareceu, apoz uma vida de dedi- cação pelo seu povo, vida exemplar, mas tão) perfeita, porque ninguem é infalível. Ele desapareceu e os outros profetas tambem; nas eles e seus herdeiros, os depositarios da Torah e das suas lições imortais, onde eles ensinaram o Deus de justiça e de bon- dade e comunicado a sua vontade soberana de justiça e de bondade fizeram de tal forma que nunca mais o povo que eles prepararam, apezar de disperso pelo mundo, não poude ser comparado a um rebanho que não tem pastor porque Israel possue para si, como ele o deseja para todos os homens, o Pastor ralco do mundo inteiro, Moisés que nós era- mos todos ovelhas do seu rebanho e que o caminho é directo e sem desvios duma alma esclarecida pela sua lei até ao Pastor celeste. "Qual é o povo bastante grande para ter divindades proximas dele como o Senhor o está para comnosco cada vez que o invoca- mos?" Se outros insistem com Israel para que reconheça um mediador divino sem o qual não se poderia chegar ao Pae misericor- dioso, nós honremos a sua convicção e a sua sinceridade, mas a resposta de Israel será sempre a mesma a semelhante convite. E' a que anteriormente tinha dado o rei-poeta, pastor falivel de Israel e que nós repetimos com confiança e inteira serenidade-Adonai e' o meu pastor, não lhe faltarei em nada. Trad. do francês. o o o Madame Lily Jean-Javal e os maranos Foi no ultimo domingo. Uma discreta ovação saudou a aparição na tribuna do Che- má de madame Lily jean-Java] que se es- treiava como conferente. Para a estreia... Madame Lily Jean-Javal regressa de Por- tugal. Os nossos leitores, lembram-se sem duvida, das cartas tão interessantes que ela nos enviou lá de baixo. No Porto, em Bragança, a autora de Noe- mi e de Inquieta viu Maranos, Ela está ain- da comovida por isso. E esta emoção soube comunica-la aos auditores do Chemá. Madame Lily Jean-Java] começou por contar a historia dos judeus de Espanha, no tempo em que Torquemada avermelhava o seu habito de frade ao clarão das fogueiras. Nunca historia mais tragica foi evocada com tanta emoção. Expulsos de Espanha, um grande numero destes judeus emigraram pa- ra Portugal, onde foram por muito tempo to- lerados antes de sofrer a conversão forçada. Mas os convertidos praticavam o judaismo clandestinamente. Eles deixaram em Portugal remeniscen- cias e descendentes. Madame Lily Jean-Ja- val foi a descoberta destes judeus que atraiam a sua alma de artista e de crente. Quantos maranos ha em Portugal? Ninguem o sabe ao certo, nem mesmo o capitão Barros Basto. Deste incomparavel animador, a distinta conferente traçou um retrato muito sedutor, muito vivo. Ela contou a sua vida, uma vida digna de ser romantisada. Ela disse os elans mis- ticos da sua alma de adolescente, a obra ma- ravilhosa empreendida pelo homem que é
N.º 028, Adar 5690 (Fev-Mar 1930)
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