Ha-Lapid הלפיד

             HA-LAPID               3
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outros gritaram:-Deus jà te não escuta,
Deus já te não ouve; é a ti que Ele re-
cusa o que pedimos! Tu juraste que ele
podia tudo para nós e tu não podes mais

nada sobre Ele. . . . . . . . .

Mas todos os que provaram disso mor-
reram.

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    Uma vitima da real ingratidão

        (Continuado do n.° 29)

      (Por D. Manuel ll ex-rei de Portugal-trad do American
    Hebrew de New-York-E.U.A.)

Gaspar Correa conta-nos mais: "o judeu
ensinou a certos pilotos que o rei lhe man-
dára como eles deviam medir como astrolabío
a altitude de sol ao meio dia, fazendo os cal-
culos no quadro do "regimento" e em tudo
os instruiu diligentemente. O rei imediata-
mente os mandou navegar uns certos mares,
para o que o judeu lhes deu grandes mapas.
ao que chamaram bussola, com linhas em
diversas côres, indicando os ventos que
sopram em volta da Estrela do Norte (Po-
lar). . . com mais indicações bem dispostas
que os pilotos esperimentaram e compreen-
deram e com as correntes das aguas. Foi
assim que eles se tornaram de mais a mais
esperíentes e assim aprenderam a arte que
chamam "arte de pilotagem" que se foi apre-
feiçoando até chegar ao presente aprefeiçoa-
mento. Que Deus seja eternamente louvado
por ter permitido ao judeu de falar tão acer-
tadamente. Tudo foi suscitado pelo grande
astrólogo judeu chamado Zacuto".

Realmente o "grande astrólogo", com a
ajuda de seu discípulo Vizinho contribuiu
largamente para o progresso nautico de Por-
tugal, pois que a sua influencia, devida á sua
sabedoria não póde de maneira alguma ser
negada. A sciencia de Zacuto não foi sómen-
te aproveitada pelos portuguezes, mas tam-
bem pelos que estavam ao serviço dos espa-
nhois, começando com Columbo que possuia
uma copia do "Almanach Perpetuum".

Tudo nos leva á conclusão de que o Rei
D. Manuel costumava consultar Zacuto como
astrólogo e que foi devido a esta sua sciencia
que o judeu tanta influencia exerceu no rei;
assim o demonstra o extrato que transcreve-
mos das "Lendas da India".

Corforme Gaspar Correa, o monarca ainda
debaixo d'esta influencia mandou Vasco da
Gama dirigir a armada e quando lemos que
D. Manuel perguntou a Vasco da Gama se
"ele tinha um irmão", vemos que ele não
esquecia a profecia do astrólogo que lhe dis-
sera: "dois irmãos Vossos subditos, discobri-
rão a India". Correa consta-nos mais o se-
guinte e o que nos parece importante: "Antes
de deixar Lisboa, Vasco da Gama conferen-
ciou no mosteiro a sós com Zacuto, o qual
lhe deu muitos conselhos e instruções para
ele seguir durante a viagem". Referindo-se
ás respostas do sabio judeu a perguntas fei-
tas pelo rei, Correa dá-nos valiosos detalhes
sobre a obra scientifica de Zacuto, como por
exemplo:

"O Cabo da Boa Esperança entra ao
lado sul pelo mar fóra e assim quando o sol
está longe do equador e para o lado do norte,
o lado sul fica na sombra e no frio, vem os
temporaes, as tempestades os dias escuros e
Curtos. Mas quando o sol volta para o lado
sul, o mar em redor do Cabo, torna-se calmo
e tranquilo vemos dias mais longos e quen-
tes. Até agora os navios tem chegado ao
Cabo quando o sol está longe, lá para o nor-
te e teem portanto encontrado sempre tern-
pestades, escuridão e dias curtos... Quando
os pilotos se tornarem mais experientes, eles
saberão encurtar o caminho até agora percor-
rido e saberão calcular a distancia causada
pelo movimento do sol entre o sol e o equa-
dor, distancia que é a unica causa do bom e
do mau tempo".

Depois de ter dado ao Rei estas explica-
ções, Zacuto menciona o seu "Regimento":
"E foi, Majestade, depois da ter estuda-
do instantemente o decurso percorrido pelo
sol, que eu o expuz numa especie de "regi-
mento", de maneira que os navegadores
virem o sol ao meio dia, ou a Estrela Polar
à noite, eles saberão calcular a declinação
do sol e saberão portanto cual o caminho