HA-LAPÍD 3 ================================================= de, não fazem nenhuma impressão sobre os verdadei- ros israelitas. As divinas palavras que os advertem dos perigos que correm, fazem-lhes considerar a feli- cidade presente como a foram os Cristãos, como a nu- vem passageira que se dissipará no tempo feliz da redempçao. Longe de se deixar reduzir pelas dignidades, os cargos e os grandes bens que lhes prometem se qui- zerem abandonar a lei de Deus, sofrem com circuns- tância todos os opróbios e todos os tormentos que lhes fazem sofrer. Eles estão permadidos e com razão de que as misérias com que as esmagam sao preferiveis aos prazeres, á abundancia e á fortuna, que formas- sem os seus inimigos. Contentes de seguir com exactidão os preceitos divinos, a lei sagrada e perpétua que o Senhor lhes deu, não se deixam reduzir por bem pouco reais e que não podem comparar-se com os que Divino legis- lador lhes promete. Eles veem que esta nova lei inventada pela perversidade dos homens não deve subsistir: esperam com tanta impaciência como segu- rança o fim dos seus males, o que os Profetas lhes anunciaram da parte a parte do Senhor, e não duvi- dam da felicidade perfeita que lhes foi prometida e que não será sugeita a nenhuma mudança. Toda a grandesa do Cristianismo se dissipará, e todos os que o abraçaram serão obrigados a confessar o seu erro, e a cantar a unidade de Deus para obter misericordia, Eles poderão instantemente ser instruidos na santa e imutavel lei de Moisés que observarão rigorosamente para merecer o perdão dos seus pecados. CAPITULO V "Onde se faz ver o Israel que não é necessário que Deus venha ao mundo para expiar o pecado de Adão". A sentença que Deus pronunciou contra Adão e contra a mulher desde que êles confessaram o seu pecado encontra-se no texto com todas as circunstân- cias que são necessarias para o tornar definitiva. O juiz soberano impõe a êstes infelizes criminosos todos os castigos que mereceram. Eles estão todos especifi- cados nesta sentença divina e o primeiro homem so- freu-os para expiação do seu crime, para justificar a sentença do seu criador e para merecer a sua mese- ricórdía. Só uma negra e propositada maldade pode fazer reviver éste processo 60O anos depois de ter sido julgado, processo cuja revisão é quimérica porque se é obrigado a apelar a Deus sobre uma sentença auten- tica que Ele próprio promulgou para toda a eterni- dade, Nós vemos na escritura até que grau da geração se estende a cólera de Deus quando pune os homens dos crimes atrozes que cometerem, e não ha um único delito, de qualquer naturesa que seja, que in- flizes castigos a uma geração que não participou dê- les. Não se poderia dizer sem impiedade que o Se- nhor pronunciou uma sentença imperfeita, que Ele foi obrigado a transformar-se e descer á terra para se retratar e fazer saber aos homens que todos eles sofriam pelo pecado de Adão, e que não sendo defini- tiva, a primeira sentença que éle tinha pronunciada para punir o primeiro homem pelo seu erime. Ele tinha sido absolutamente obrigado a fazer-se notar mortal e de se fazer pregar na cruz para expurgar inteiramente o genero humano do pecado de Adão. Estas ficções tem tam pouco verosimelhança e repugnam tanto ao bom senso, que é surpreendente que os cristãos não entreguem razões menos absur- das para convencer os Israelitas de que Deus veiu ao mundo para morrer, e expiar pela sua morte o pecado de Adão e salvar o género humano. Não é preciso mais que reflectir a vida de Jesus Cristo para nos convencermos que ele náo morreu para expiar êsse pecado, mas sim como justa punição dos que ele cometia todos os dias contra a Lei de Deus e contra os seus Divinos preceitos. Se ele tivesse querido persuadir os Israelitas que, vendo-os mer- gulhados no crime, abismados no pecado, a sua pie- dade o fazia agir para o reconduzir para o caminho da salvação, ele teria destruído mais eficazmente as más inclinações dos judeus que viviam no seu tempo, Creando uma vida modelar, fazendo jejuns e orações que tivessem chamado a clemencia do Senhor para o seu povo. Uma observância rigorosa da lei devia fazer reconhecer a rectidão e a pureza das suas intenções; por éstes meios eficazes ninguém teria nunca atacado os seus costumes nem protestado contra a inocência dêles. Não se teria ousado prsceder contra o homem virtuoso que prepara uma doutrina ortadoxa e uma moral regular. O Sanhedim te-lo-hia apoiado e dar-lhe-hia lou- vores merecidos por uma acção tam santa. Mas a his- tória da vida é bem diferente. Desde que éle se deu a conhecer ao mundo, deu provas evidentes e escan- dalosas do seu pouco respeito pela Lei da Deus; e não foi senão depois de se ter certificado pelo exame mais exacto e imparcial que a sua doutrina e a sua moral eram opostas ás Leis de Deus, que o condenaram à morte. Não se pode discordar que Jesus Cristo, homem e crucificado, seja maldito; é uma sentença de S. Paulo: é maldito o homem que pende da Cruz. Ora como se poderá crer que Deus tenha querido subme- ter-se á maldição dos homens e que os tenha absolu- tamente obrigado a faze-lo morrer com tanta ignomi- nia, para salva-los, e expiar um pecado comietido há tantos seculos. Poderá a lei criar uma quimera tam mal] fundada, mesmo no mais crédulo dos espiritos? Mas, dir-se-há esta doutrina tam pouco verosimil, es- ta doutrina tam ortodoxa e aceite no mundo e tem partidários muito poderosos e distintos em quasi todo o universo. Eu não digo o contrário. mas que eles confessem por sua vez com a mesma sinceridade que não é por convicção nem conhecimento de causa mas sim uni- camente por vaidade e por interesse que vivem na ignorância e no erro. A dependencia em que viviam os judeus quando começou a introduzir-se a religião cristã, os impediu de destroi-la pela raiz. Se eles não estivessem sob o jugo romano e se tivessem a mesma força que tinham sob o reino de David e Salomão, este idolatria teria acabado logo a seguir ao seu começo. Mas sendo limitado o seu poder, sob o domínio dos seus senhores e tendo-se junto muitos libertinos aos impostores, insinuaram os seus erros e estenderam-nos e multipli- caram nos até ao ponto em que hoje os vemos. O pecado de Adão nem por isso desapareceu do mundo e os homens continuam tam mergulhados no vício como estavam antes da vinda de Jesus Cristo. Deus, sempre atento á salvação do seu povo, sempre pronto a dar-lhe provas da sua bondade e da sua mesericordia, tendo previsto que se fariam os maiores esforços para arrastar os israelitas para esta perniciosa doutrina ??????.
N.º 033, Tishri 5691 (Set-Oct 1930)
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