4 HA-LAPID
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O CREDO DOS MARANOS
TRASMONTANOS
Creio em um Deus omnipotente, creador
dos ceus e da terra e de tudo quanto numa
e noutra parte se encerra.
Creio em vós senhor, na vossa santa e
bemdita Lei;
Creio em vós, senhor único Deus verda-
deiro;
Creio, Senhor, que pela vossa e bemdita
mão deste a Moysés, no monte Sinai a
vossa santa e bemdita Lei para que o teu
povo a observasse;
Creio que o vosso povo do mar verme-
lho o salvaste e os inimigos afogaste;
Creio em vós, Senhor, único Deus ver-
dadeiro, que sois o rei divino e o rei da
glória, porque só vós sois o rei dos reis,
Deus dos deuses, Senhor dos senhores, pai
dos pais.
Portanto, eu, Senhor, espero na vossa
divina misericórdia que me haveis, Senhor,
salvar e livrar de todos os perigos, traba-
lhos, de maus encontros;
Espero, Senhor, que me haveís de livrar
dos ferros de el-rei, do poder da justiça de
portas alheias, do mau visinho à porta, de
más linguas, dos olhos da inveja e do que
nos não podermos livrar, nem soubermos
nos livre e guarde o grande Deus de Israel.
Livra-nos, Senhor, de prisões, como li-
vraste o vosso santoprofeta Daniel do lago
dos leões;
Livra-nos, Senhor, de ódios e invejas
como a David, quando o livraste das mãos
de Saul;
Livra-nos, Senhor. da fogo como livras-
te os tres mancebos Ananias, Azariase
Missael;
Livra-nos, Senhor, do falsos testemunhos
como livraste a casta Suzana do falso crime
de adultério;
Salva e livra todo o Povo de Israel;
Livra-nos, Senhor, do poder de todos os
nossos inimigos. que nos desejam fazer mal;
Perdoa-nos, Senhor, os nossos êrros, as
nossas maldades, as nossas culpas, os nos-
sos pecados, as nossas iniquidades e todos
os nossos maus pensamentos;
Livra-nos. Senhor, do inimigo tentador,
como tu és Deus imenso, imutável, sempre-
terno e és pai de misericórdia para com o
teu povo de Israel, Deus Adonai.
Amen, Senhor, amen.
(Recolhido em Bragança em 1927)
o o o
PARA OS PEQUENINOS
Um bom exemplo
Havia um homem muito rico e de bom
coração que tinha um escravo.
Um dia mandou-o chamar à sua presença
e disse-lhe:
-"Escuta... Eu quero fazer-te feliz e,
para isso concedo-te desde já a liberdade.
Dar-te-ei também um carregamento de mer-
cadorias. Irás pelomundo vende-las e serão
teus os lucros."
Dito e feito.
Dois dias depois já um barco sulcava as
águas do oceano. Era o escravo que come-
çava a sua viagem.
Porém uma grande tristeza se havia de
seguir à alegria que sentira vendo-se um
homem rico e livre.
Durava ainda pouco a sua viagem quando
um terrivel temporal se desencadeou fazendo
naufragar o barco e lançando assim à merce
das águas a preciosa carga.
Só êle conseguiu, a nado, chegar a uma
ilha que se avistava ao longe.
Imagine-se a sua tristeza ao ver desfeitos
todos os seus sonhos. Nada tinha agora
para alimenta-los.
Assim meditando na sua triste sorte foi
atravessando a ilha e chegou finalmente a
uma linda cidade.
Mal nela entrou uma multidão correu ao
seu encontro gritando: - Benvindo. Ben-
vindo seja. Viva, viva, viva El-Rei. "E
fizeram-no logo subir para uma formosa
carruagem que o transporton a um magnifico
palácio, onde se viu rodeado por centenas
de escravos. Substituiram-lhe os trajes,
ainda molhados, por vestes reais e prepa-
ram-lhe tôda a espécie de honras como a um
soberano.
Ele estava de tal maneira assombrada
que lhe parecia sonhar. Aquilo tudo era um
pasadelo, pensava ele.
N.º 072, Tishri 5696 (Set 1935)
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