HA-LAPID 5 ========================================= Quando se começou a convencer da rea- lidade do que vivia, exclamou para os que estavam junto com que desde logo mais simpatisou: -"Explicai-me o que quer dizer isto, porque nada compreendo. O que si- gnificam estas honras prestadas a um homem que aqui aporta miseravelmelte? Por favor explicai-me tudo." -"Senhor e nosso rei:-responderam-lhe -Esta ilha a que aportaste é habitada por espíritos. Pediram eles a Deus que cada ano lhe enviasse um rei e Ele, que é suma- mente bom, concedeu-lhe êsse pedido; anual- mente faz aportar um homem que é logo ele- vado ao trôno tal qual vos hão feito. Porém o seu reinado não dura mais que um ano. Terminado éste, despojam-no das vestes reais, vestem-lhe outra vez as que ele trouxera quando aqui chegou e fazem-no transportar num barco para uma ilha deserta, onde miseravelmente vê terminar os seus dias, a não ser que tivesse sido prudente e se tivesse preparado para eles. Depois um novo rei é eleito. No ano seguinte sucede a mesma coisa e assim sucessivamente. O seu antecessor nunca se preocupou com coisa nenhuma. Esqueceu-se por com- pleto que o reinado era limitado. Mas sê tu mais prudente. O antigo escravo escutou tudo isto com a máxima atençao e depois exclamou: -"Decerto és o espirito da sabedoria. Rego-te que me dês os teus conselhos e me guies." - "Dar-te-ei unicamente os conselhos que dou a todos. A ilha para onde vais ser transportado no mesmo dia em que o teu reinado toque o fim, é, como se disse, deserta. Trata pois de mandar para lá homens que a cultivem e a povoem, de maneira a torna-la habitavel, enquanto és poderoso. Faz dela um novo reino até muito superior a éste no qual pos- sas ser depois o soberano e goses a paz du- rante um periodo indefenido. Mas vê bem que a tarefa é trabalhosa e o tempo de que dispoes para realiza-la é relativamente pouco." O antigo escravo assim fez. Trabalhou activamente. Enviou homens que revolveram a ilha tornando o seu solo fertilissimo, cons- truiram casas, jardins, etc, etc. Entretanto os dias do seu governo decor- reram rápidos. Finalmente foi despejado dos trajes reais, como aliás já esperava, metido num barco e transportado à ilha designada. Ele, porém nao se entristeceu; pelo con- trário, sentia-se feliz, o que muito admirava os seus subditos. Os habitantes da nova ilha, que sabiam quanto lhe deviam, receberam-no no meio das maiores aclamações, levando-o em triun- fo. Passou a ocupar um novo trôno, mui- tissimo mais poderoso do que aquêle de que fôra despejado. E desta vez não durava um só ano. Sentia-se portanto feliz. muito, muitíssimo feliz. "Aquele homem muito rico e muito cari- tativo é Deus. O escravo a quem da a li- berdade é a alma que concedeu ao homem. A ilha a que o escravo aperta é o mundo; choroso e sem vestes é entregue aos pais que são nos habitantes que o recebem com muita alegria e o sentam num trôno". Os subditos que lhe ensinam os costumes da ilha são "as suas acçoes". O curto ano do seu reinado é "a sua vida". A ilha para onde vai finalmente é o mundo futuro, que ele pode embelezar com bôas obras; se o não fizer acabará a vida triste e miseravel- mente." Eis aqui um exemplo que todos deveis seguir. Porto, 15 de Janeiro de 1935 David Norberto Augusto Marêno o o o Honrosa Distinção Pelo Governo da República foram agraciados com a Ordem de Benemerên- cia os nossos correligionários de Bragan- ça snrs. José Furtado Montanha, Digno director da Filial do Banco de Portugal naquela cidade, e Luiz Macias Teixeira, tenente médico, filho do Ex.mo Coman- dante Militar de Bragança, snr. Tenente coronel António José Teixeira, militar prestígioso e erudito publicista, membro da Comissão de Historia Militar. Aos ilustres titulares Ha-Lapid envia as suas modestas homenagens.
N.º 072, Tishri 5696 (Set 1935)
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