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N.º 093, Yiar-Sivan 5699 (Abr-Mai 1939)







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RABI JACOB MEIR

No dia 27 de Maio, chamou Deus à sua
divina presença o reverendo Rabi Jacob
Meir, Rabi-mor da Palestina (rito portu-
gues) desde 1921, na idade de 83 anos.

Era nm grande sábio e um justo.

O Sr. M. D. Gaon, no seu livro Os ju-
deus da Oriente na Palestina, dá-nos as
seguintes notas biográficas do ilustre extinto:

"Rabi Jacob Meir nasceu em Jerusalém
a 7 Adar 5615 (13 de Fevereiro de 1856),
filho de Caleb Mercado Meir, pessoa abas-
tada e beneficente. Recebeu novo uma só-
lida instrução, conforme o uso desse tempo.
Casou em 5632 (1872 da era vulgar) com
D. Raquel Ishaki, de Salónica, tendo deste
consórcio um filho que morreu de tenra idade
e uma filha, que desposou o filho do seu
mestre Rafael Azriel.

Em 5637, abandonando a carreira rabi-
nica, instalou-se em Jafa (Palestina) e dedi-
cou-se ao comércio bancário, mas pouco
tempo depois, a pedido do Rabi Barukh
Pinto e do argentário Azariah de Botton,
volta para Jerusalém e retoma os seus
estudos Talmúdicos na Yeshivah (Seminá-
rio) particular de Botton.

Depois de 5 anos de estudos consecutivos,
parte em missão religiosa para Bukara, em
5642 (1882 e. v.) e para a rica do Norte,
em 5645 1885 e. v.).

Em 5648 (1888 e. v.) consegue agrupar
os judeus de Jafa (Asquenazim e sefardim)
numa só comunidade e ele próprio é nomeado
membro do Beth-Din (Tribunal Rabínico) de
Jerusalém.

Consegue igualmente que os judeus de
Yemen façam parte da comunidade sefar-
dita de Jerusalém. Fundou, com o Rabi
Haim Hirshon, a Associação Safah Berurah
(linguagem clara), que tinha por fim a difu-
são da língua hebraica e à qual aderiram o
célebre Eliezer Ben-Jehudah e Haim Calmi.

Nesta época o governador de Jerusalém
resolveu expulsar os judeus persas, que
mandara aprisionar, mas Rabi Jacob Meir
fez tanto e tão bem que conseguiu que fosse
revogada a expulsão. Contribuiu poderosa-
mente para a construção de novos bairros
em Jerusalém. Foi assim que Rehovoth
foi construída, em 5653 (1893 e. v.), Ezrat
Israel, em 5655 (1895 e. v.) e Yemin Moxé,
em 5658 (1898 e. v.).



Na idade de 45 anos aprendeu o fran-
cês, que foi de grande utilidade na sua car-
reira.

Em 5660 foi enviado em missão à Ar-
gélia para restabelecer ali o prestígio do
rabinato palestinense, gravemente compro-
metido por caluniadores e conseguiu-o.

Interveio igualmente num conflito que
surgiu em Hebron entre o Rabi Elias Mani
e o Rabi Rahamim Franco, por causa do
cargo de Rabi-mor daquela cidade. De
colaboração com o Rabi Salomão Eliachar e
Rabi Salomão Susin, conseguiu sanar o
conflito.

Resolveu outros conflitos não menos im-
portantes, tendo sempre em mira o interesse
geral do judaísmo.

Graças a um fundo que obteve da família
Barukof de Bukhara. fez construir em 5666
(1906 e. v.) a CASA DOS ÓRFÃOS e foi
nomeado a 20 de Elul (Lua de Agosto) do
mesmo ano Rabi-mor de Jerusalém, mas
mais tarde, em conseqüência dum conflito
desagradável que rebentou motivado por esta
eleição, preferiu pedir a demissão desse
cargo. Depois, em 5667 (1907 e. v.), foi
eleito Rabi-mor de Salónica por unanimi-
dade dos eleitores. Mas, também ali os
seus adversários vigiavam e intrigavam-
Acusaram-no ao governo turco de ser sio-
nista, jovem turco, europeizado, filho de
judeus gregos, etc., e nesse mesmo ano, em
Elul, foi mandado comparecer no ministério
turco em Constantinopla, onde o chefe do
governo lhe disse o seguinte:

-"O senhor deve saber que, segundo as
informações que recebi, é indigno de ocupar
o posto de Rabi-mor. Sem o relatório de
Rachid Pachá, que faz o elogio das vossas
qualidades, eu vos mandaria atar os pés e
as mãos e lançar-vos ao Bósforo. Em todo
o caso, o senhor não será Rabi-mor."

O seu regresso a Jerusalém encheu de
alegria os seus adversários, mas a comuni-
dade de Salónica fez tanto e tão bem que a
sua eleição foi finalmente rectificada e, a
caminho do seu cargo, foi recebido no pa-
lácio de Yildiz, onde o Sultão Abdul-Hamid
o condecorou com a Ordem de Medjidié.

A recepção, que a comunidade de Saló-
níca lhe fez, foi cordial e grandiosa. Esta


 
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