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N.º 094, Tamuz-Ab 5699 (Jul-Ago 1939)







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N.° 94                          PORTO - Lua de Julho e Agosto - 5699 (1939 e.v.)                     ANO XIII
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Tudo se ilumina                     _______  ___  _______ |=|____  _______                     ...alumia-vos,
para aquele que                    |____   ||_  ||  ___  ||____  ||_____  |                   e aponta-vos  o 
busca a luz.                            | |   |_| \_\  | |    / /   _   | |                   caminho.
                                        | |       _____| |   / /   | |  | |
       BEN-ROSH                         |_|      |_______|  /_/    |_|  |_|                          BEN-ROSH

                                                  (HA-LAPID)
                                                   O  FACHO

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DIRECTOR E EDITOR: -A. C. DE BARROS BASTO (BEN-ROSH)   ||   COMPOSTO E IMPRESSO NA IMPRENSA MODERNA, L.DA
      Redacção na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim         ||                 Rua da Fábrica, 80
           Rua Guerra Junqueiro, 340 - Porto           || ------------------- P O R T O -------------------
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Deus chamou a si um dos seus mais 
fiéis servidores, o Rabi-mor Israel Levy

O nosso eminente e venerado pastor
extinguiu-se docemente com esta serenidade
de alma, que é própria das altas virtudes
morais e religiosas, de que tôda a sua
existência foi o reflexo.

Filho da terra alsaciana, onde as cren-
ças são profundas e as tradições enraizadas,
o Rabi-mor lsrael Levy tinha conservado
tôdas as nobres convicções e tinha adqui-
rido todo o ardor duma natureza de escolha.

A Jornada divina que êle passou sôbre
a terra foi partilhada entre o estudo e o
ensino, entre a defesa da justiça e da tole-
rância e o exercício da caridade.

Ainda aluno, sôbre os próprios bancos
da escola, êle se revelou entre todos e se
mostrou digno dos mestres distintos que
professavam então no Seminário israelita
de Paris.

Ao estudo consagrou-se com tanta pai-
xão que a sua inteligência superior abran-
geu e elucídou tôdas as questões. Pela
sua palavra como pelos seus escritos ele
fêz notar a sua profunda erudição.

A Revista de Estudos Judaicos (Revue
das Etudes juives) é-lhe devedora em
grande parte da sua fama pela publicação,
que éle se deu para fazer, de trabalhos
dum alto alcance científico do nosso emi-
nente e saüdoso Rabi-mor, um dos quais é a
edição e estudo do Eclesiástico ou a Sabe-
doria de Jesus Ben-Sirah.

Na Escola Rabínica de Paris, onde foi
professor de história e literatura judaicas
até 1919, fêz cursos que ficaram célebres e



lhe granjearam um prestígio de que sem-
pre esteve cercado.

A sua autoridade e a sua fama irradia-
ram para além das fronteiras de França.
Também era consultado por comunidades
estrangeiras como sábio escutado e se-
guido como chefe espiritual e religioso.

Durante os anos de paz, como através
as provas da guerra, o seu coração foi
profundamente martirizado não só pelos
sofrimentos da humanidade como pela
crueldade das perseguições. Êle dominou
os seus mais íntimos sentimentos para só
tomar conhecimento do seu dever, desem-
penhando o seu santo ministério travando
o bom combate contra a injustiça e a ini-
qüidade, vindo em socorro de todos os
oprimidos, sem distinção de culto nem de
origem. esforçando-se por aliviar todas as
misérias.

Severo consigo mesmo, êle só tinha
indulgêncía para os outros e inclinava-se
com piedade sôbre as fraquezas humanas.

Pela sua bondade. pelas suas altas vir-
tudes, êle soube conquistar todos os que
dêle se aproximavam; pela amplitude do
seu saber, soube conquistar tôdas as inteli-
géncias.

A sua palavra era doce e persuasiva.
A eloqüêncía dimauava dos seus lábios
para reanimar a fé, vivificar o sentimento
religioso. fazer germinar nos corações a
doçura e a bondade, a justiça e a caridade.
Pela nobreza dos seus sentimentos, pelo
seu espirito de tolerância, éle impôs o res-


 
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