4 HA-LAPID ======================================= como no ano ordinario, Heshvan e Kislev podem variar. Nós temos seis tipos de anos ao todo: 1.° ano ordinario regular de 354 dias: (H. 29; K. 30 dias). 2.° ano ordinario defectivo de 353 dias: (H. 29; K. 29 dias). 3.° ano ordinario pleno de 355 dias: (H. 30; K. 30 dias). 4.° ano intercalar regular de 384 dias: (H. 29; K. 30 dias). 5.° ano intercalar defectivo de 383 dias: (H. 29; K. 29 dias). 6.° ano intercalar pleno de 385 dias: (H. 30; K. 30 dias). O tipo dum ano é determinado por três caracteres: a) ordinario ou intercalar (12 ou 13 mê- ses. b) regular defectivo ou pleno (duração de Heshvan e de Kislev). c) dia da semana na qual cae o 1.° dia de Rosh Hashanah. (Ordinariamente acres- centa-se ainda á marcação do ano o dia de semana em que cae o 1.° dia de Pessah'; mas este dia é já determinado pelas outras três indicações). Por estes 3 dados conhecidos, pode-se calcular, nas suas linhas gerais, o calendario dum ano qualquer. O calendario de Hillel recebeu geral aprovação; o Sanhedrin de então pediu so- mente que se continuasse a celebrar, como antes, nas comunidades extra-palestinianas, o segundo dia de Rosh Hashanah como o faziam já em certos casos no tempo de Mishanah. Rabbi josé, contemporaneo de Hillel II, dirigiu à comunidade de Alexandria uma carta contendo estas palavras: Apesar de se ter determinado exactamente a data das festas, não modifiqueis o uso dos vossos antepassados (observar o 2.° dia de festa) (Yerushalmi, Erubin III). "Não abandoneis o uso de vossos pais" recomendaram tam- bem os doutores aos judeus babilonicos (Betsah 4 b). Este conselho foi escrupu- losamente seguido, e, hoje ainda, todas as comunidades judaicas de fóra da Palestina cslebram o segundo dia de festa. JOSEPH BLOCH. --------------------- Um casamento hebraico O sol, no Zenit, dardejava sobre Lisboa ardentes raios, envolvendo-se numa atmosfe- ra abrazadora. Fugindo á calma, atravessei rapidamete a alea de plantas decorativas e fui refugiar- me no interior da sinagoga, cujo ambiente nos enlaçava numa fresquidão, que o aroma das flores perfumava. No meio do recinto elevava se sobre quatro colunas de metal dourado um alvo docel de setim bela e ricamente franjado. Do alto da thebah (tribuna) até ao divan colo- cado sob o docel ornado de candidas came- lias, em curvas artísticas desciam panos de veludo verde com argenteas lhamas e cerca- duras. Ao longo do Ekhal (arca) sobre a folha- gem côr de esperança destacavam-se rubras e sanguineas cameiias, e este conjunto de cores, tão belo, tão harmonioso e tão vivi- ficante, fôra por Deus formado para servir de simbolo do ressurgimento do velho Por- tugal navegador e aventureiro. jorros de luz solar, coloridos pelos vi- dros das janelas ogivais e o clarão das lampadas electricas, coando-se através artis- ticos globos, incidindo sobre tapeçarias, or. namentos e trajos do Kahal davam ao recin- to um tom tantastico e encantador. Sobe á Thebah o Hazzan para dirigir a oração de Minh'ah e para o seu lado vai um jovem vestido de gala, que previamente lançara sobre os ombros 0 manto nacional (Taleth) e coroaára-se com um Tephilin contendo a formula da unidade divina e en- rolâra o outro no braço á altura do cora- ção. Este jovem é um noivo, um homem que vai ser, segundo os usos da sua nação, o chefe religioso da nova familia que se vai constituir, e como patriarca, como autorida- de suprema da nova familia, por aquele simbolismo toma o compromisso de dirigir os seus no amor das tradições da sua raça e no respeito pela fé dos seus maiores no Deus Unico e Altíssimo, á defesa do qual consagra o seu braço, a sua mente e o seu coração, Terminára a oração de Minh'ah. Levan- tam-se todos e o coro dirigido pelo jovem Bensusan entõa o canto de boas vindas (Barukh Abah).
N.º 015, Heshvan 5689 (Out 1928)
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