2 HA-LAPID ========================================== Sinagoga do Porto APÊLO Vai em breves dias ser colocada a pri- meira pedra do edificio desta Sinagoga, a qual será a séde da obra do Resgate dos maranussim (cripto-judeus). Nenhum israelita. digno desse nome, se pôde des- interessar desta obra de redenção. Pobres ou ricos todos os israelitas por- tuguêses devem contribuir com o seu es- forço financeiro para que o mais rapida- mente possivel êste magestoso templo se erga como padrão augusto do Renasci- mento das Comunidades Judaicas do paiz do ocidente do velho mundo. Todos os donativos podem ser envia- dos ao Director deste jornal, ao ende- reço indicado na cabeça deste periodico. Desde já se declara, para evitar má compreensão, que o nosso Director não tem qualquer comissão nesses donativos ou trabalhos de construção, sendo todas as quantias integralmente depositadas na Caixa Geral dos Depositos, sob a rubrica da Comunidade Israelita do Porto, para serem aplicadas nesta obra piedosa. Todos os donativos serão publicados no «Ha-Lapid» e depois ficarão perpetua- dos num livro-memorial desta construção. o o o Obra do Resgate O nosso Director, Snr. Capitão Barros Basto foi levar a mensagem do Resgate a varias terras do distrito de Castelo Branco (Beira-Baixa). No dia 3 de Maio visitou em Castelo Branco alguns cripto-judeus a quem deu varias explicações sôbre judaismo e dis- tribuiu varios livros. jornais e estampas judaicas. No dia 4. acompanhado pelo Snr. Francisco Henriques Gabinete, o nosso Director visitou varias familias cripto-ju- daícas da cidade da Covilhã, com as quais falou largamente sobre o judaismo e Obra do Resgate. Nesse dia á noite, em casa da Ex.ma Snr.a D. Amelia Fernandes, bon- dosa e caritativa senhora cripto-judía, fiel observante dos ritos judaicos que lhe ensinaram seus pais, se reuniram muitos cripto-judeus e cripto-judias. O mensa- geiro do Resgate fez a oração de Arbith, parte em hebraico e parte em portugues, sendo acompanhado pelos amen amen dos assistentes, em cujos olhos se viam brilhar lagrimas de comoção. Terminada a oração o Capitão Barros Basto numa linguagem simples, mas cheia de fé, con- vidou os assistentes a manifestarem publi- camente a sua religião e para isso deviam organisar-se em Comunidade Israelita. A assistencia concordou em que se fundas- se a Comunidade da Covilhã. Abriu-se então a sessão presidida pelo nosso Di- rector, secretariado pelo Snr. Francisco H. Gabinete. O Presidente começou por saudar a assembleia em nome da Comunidade Is- raelita do Porto, manifestando a sua grande satisfação em ver que a assisten- cia desejava a fundação duma Comuni- dade legal judaica, de acordo com as leis da Republica Portuguesa. Em seguida o Snr. Presidente submeteu á assembleia as seguintes propostas que foram aprovadas por unanimidade: 1.° -- Que desde este dia 5 de Maio de 1929 (25 de Nissan de 5689) se considere fundada a Comunidade Israelita da Covilhã; 2.°-que os seus estatutos sejam iguais aos da Comunidade do Porto; 3.° - que se proceda o mais ra- pidamente possivel á legalisação desta Comunidade junto das autoridades; 4.°- que se procure casa para séde da nova Comunidade. Procedeu-se então á eleição do Maha- mad (Junta Directora) da Comunidade e do Presidente da Assembleia Geral, sendo eleitos por aclamação os seguintes: Presidente-Francisco H. Gabinete Secretario -A. Fernandes Tesoureiro-D. Adelaide Nunes Monteiro Vogais -D. Maria Amelia Fernandes e D. Guilhermina Nunes Mon- teiro. Presidente da Assembleia Geral-Enge- nheiro Samuel Swartz.
N.º 019, Nissan 5689 (Abr-Mai 1929)
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