6 HA-LAPÍD =========================================== Acusados de espiões, quando na sinagoga, se entregavam á oração, uma turba de solda- dos surpreendeu-os e levou-os sob prisão. Julgando tratar-se duma nova perseguição da inquísição, esboçaram resistir, ou conseguir a fuga, mas sucumbiram ao numero de sol- dados que os aguardavam fóra do templo. O governador civil da cidade procedeu, então, a uma rigorosa busca. que não surtiu efeito. Mas. á cautela, conservou sob custodia o rabí Haleny, o filho deste e o habil judeu Jacob Tirado. Conduzidos ao tribunal os seus depoimentos foram unisonos, os juizes, porém não se convenciam. Jacob Tirado falando, em latim, fez uma judiciosa defesa de todos, pondo em evidencia a circunstancia do alto valor do comercio israelita e das suas relações com o mundo, e do valor representativo destes dois factores no progresso da Holanda. Com condições. foram postos em liberdade e foi-lhes concedi- do o direito de reunião na sinagoga e a liber- dade de culto» Narrou, depois o conferencista que fôra assistir a uma pratica religiosa na Sinagoga e que nela foram pronunciadas as orações em hebraico, excepto a final, feita em louvor dos reis da Holanda e dos seus magistrados, pronunciada em perfeito e' corrente por- tuguês. Falou do progresso e das prerogativas dos judeus portugueses no seu país que tem cada vez mais amplos, protegidos e respeitados os seus direitos; e enumerou os vultos de maior renome da judíaria portuguesa na Holanda. Contou a aliança estabelecida entre um hebreu português e o principe de Orange na luta contra a Inglaterra e da condição posta por aquele que nada receberia de dinheiro emprestado se o principe perdesse a guerra. Aconselhou os portugueses que forem a Amsterdam a visitarem a sinagoga, que não passa dum monumento português. Depois, falou da lingua portuguesa, que- afirmou-era ainda oficial entre os hebreus ha sessenta anos e da sua preponderancia ainda hoje nas colonias holandesas da India notando que, ali, até 1808, foi a nossa lingua usada nas cerimomas religiosas dos indios, chegando o habito a forçar o uso duma Biblia escrita em portugues. epois de dizer que o passado é a melhor escola para o conhecimento dos destinos duma nação, que a Holanda muito deve aos judeus portugueses, salientou o uso ainda hoje corrente nos pedidos dirigidos pelo¡ hebreus aos Bancos, do fecho em portugues --Deus aumente esta comunidade-e usando dele terminou, dizendo: -Que Deus aumente este Paiz de en- cantos invulgares e que cada português pas- seando na sua terra possa dizer:--E's a dito- sa Patria minha amada!» PORTO Conferencia-No dia 15 de Abril, aníver- sario da massacre de cripto-judeus em Lis- boa, na sala da Escola Elben-Mussad, desta Comunidade, realisou-se uma conferencia in~ titulada «A Matança dos crípto-judeus em 1506, sendo orador o Dr. Leo d'Almeida. Sinagoga-Começaram as escavações para os alicerces do edificio da Sinagoga. Donativos-O Snr. Fortunato Abisdidr, da Ilha de S. Miguel (Açores) deu 160 escudos para a construção da sinagoga no Porto. 0 Snr. Joaquim Sebag ofereceu á Comu- nidade do Porto um Sepher Thorah (Livro da Lei de Moisés) destinado á uma das novas Comunidades a organisar. Este sepher é tra- zido para Lisboa pelo Snr. Salom Delmar Junior que o depositará na Sinagoga Ets Haim dessa cidade, onde aguardará a oportu-- nidade de seguir ao seu destino. CHAVES Este nucleo cripto-judaico foi visitado pelo nosso correligíonario e distinto Enge- nheiro de minas, Snr. Samuel Swartz. o o o Jornaes e Revistas Recebemos os seguintes Jornaes e Revistas: "Morgenblatt" de Zagreb (Yugo Es- lavia). «The Menorah Journal», de New York (The New Palestine).
N.º 019, Nissan 5689 (Abr-Mai 1929)
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