HA-LAPID 3 ======================================= Com um entusiasmo, uma abnegação que só o misticismo pode suscitar, levando, por vezes, a vida mais miseravel, contentando- -se, para habitação, para vestir, e para ali- mentação, com o estritamento indispensavel, atacaram este terreno que, durante tão lon- gos seculos, foi deixado ao abandono. Cavam incultos, secam pantanos, revol- vem e semeam desertos, plantam estacas, traçam e calcetam estradas, drenam aguas e aproveitam-nas. Muitos são atingidos pela malaria ou acabrunhados pelo cansaço e pelas priva- ções. Que importa! Os tumulos destes prí- meiros pioneiros, destes martires, ensinarão ás gerações futuras que, elas, serão prospe- ras e felizes, a historia patetica e magnifica, dos principios do regresso de Israel a' terra dos antepassados. E eis os resultados de tanta coragem, de tanta alegria: doravante, por toda a ex- tensão cultivavel da Palestina, por toda a parte onde antes só existia poeira, espinhos, sebes de cactos, estendem-se. a perder de vista, frementes sob o sol, campos de trigo, de cevada, de aveia, florestas de eucaliptos, vinhas, palmares, olivais, bananais, e po- mares que, como tinham prometido os diri- gentes do executivo sionista, podem rivali- sar com os de Damasco e de Saidá. Os judeus, os pobres judeus da Polonia, da Hungria, da Romania, realisaram este milagre, de transformar em Eden, um pays onde, antes da sua chegada. só os camelos e carneiros encontravam-bem deficiente- mente-com que se alimentar». Declarações de Sir Herbert Samuel O antigo alto-comissario britanico na Palestina, declarou que estava convencido que a paz e a ordem seriam bem depressa restabelecidas na Palestina. Os arabes re- conheceram que sofreram uma derrota e isto o tornou mais prudentes. Segundo Sir H. Samuel os tumullos são devidos ao facto da massa da população arabe ter sido exci- tada pelos effendis (especie de morgados ou senhores feudais) que receiam perder a sua influencia sobre o povo arabe se ele che- gasse, graças á influencia dos imigrados judeus, a tornar-se mais instruído. O executivo arabe explorou a questão do Muro das Lamentações, de maneira a colocar a luta contra a imigração judaica no campo religioso, esperando assim obter o apoio financeiro dos mossulmanos do Egipto e da India. == A cerimonia religiosa da vespera de Rosh Hashanah (Ano Novo) decorreu sem incidentes deante do Muro das Lamenta- ções. O Governador de Jerusalem e o chefe da Policia palestíniana assistiam á cerimo- nia. Escoltado por uma guarda de honra de gendarmes britanícos o Rabbi-mór, acompa- nhado de outros rabinos, recitou as orações junto do Muro, e, com as lagrimas nos olhos, o veneravel ancião, com mais de 80 anos de idade, concluiu a sua invocação a Deus com estas palavras: Que a Paz seja neste logar, nesta cidade e no mundo in- teiro. o o o Israel e Ismael Os tristes acontecimentos da Palestina nos levam á consideração scientifica dos di- reitos sobre a Palestina e das relações his- toricas entre os descendentes de Abraham. Remontemos primeiramente á origem bi- blica: No 1.° livro de Moisés, cap. 17, versi- culo 18 lêmos: «E Abraham orou a Deus: que Ismael viva» E Deus lhe respondeu: «certamente; mas Sarah tua mulher, te dará um filho, e tu o chamarás Isac, e farei uma aliança eterna com ele. e com os seus descendentes. (vers. 19). «Atenderei tambem a tua oração quanto a Ismael: Eu o abençoarei, torna-lo-hei fe- cundo: ele gerará 12 príncipes; dele tarei um grande povo (vers. 20), mas a minha aliança será com Isac, que Sarah, tua mu- lher, dará á luz (vers. 21) "Depois Deus, disse: E' por lsac que se reconhecerá o teu nome; mas tambem de Ismael farei um grande povo. porque a tua semente está nele" (cap. 21, vers. 13). E Deus disse a Abraham: E' a ti e aos teus descendentes que dou todo o paiz de Kanaan em possessão eterna; mas eu serei o seu Deus. (cap. 17, vers. 8).
N.º 023, Tishri 5690 (Set 1929)
> P03