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Ha-Lapid הלפיד


N.º 023, Tishri 5690 (Set 1929)







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            HA-LAPID                 3
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Com um entusiasmo, uma abnegação que só
o misticismo pode suscitar, levando, por
vezes, a vida mais miseravel, contentando-
-se, para habitação, para vestir, e para ali-
mentação, com o estritamento indispensavel,
atacaram este terreno que, durante tão lon-
gos seculos, foi deixado ao abandono.

Cavam incultos, secam pantanos, revol-
vem e semeam desertos, plantam estacas,
traçam e calcetam estradas, drenam aguas e
aproveitam-nas.

Muitos são atingidos pela malaria ou
acabrunhados pelo cansaço e pelas priva-
ções. Que importa! Os tumulos destes prí-
meiros pioneiros, destes martires, ensinarão
ás gerações futuras que, elas, serão prospe-
ras e felizes, a historia patetica e magnifica,
dos principios do regresso de Israel a' terra
dos antepassados.

E eis os resultados de tanta coragem,
de tanta alegria: doravante, por toda a ex-
tensão cultivavel da Palestina, por toda a
parte onde antes só existia poeira, espinhos,
sebes de cactos, estendem-se. a perder de
vista, frementes sob o sol, campos de trigo,
de cevada, de aveia, florestas de eucaliptos,
vinhas, palmares, olivais, bananais, e po-
mares que, como tinham prometido os diri-
gentes do executivo sionista, podem rivali-
sar com os de Damasco e de Saidá.

Os judeus, os pobres judeus da Polonia,
da Hungria, da Romania, realisaram este
milagre, de transformar em Eden, um pays
onde, antes da sua chegada. só os camelos
e carneiros encontravam-bem deficiente-
mente-com que se alimentar».

Declarações de Sir Herbert Samuel

O antigo alto-comissario britanico na
Palestina, declarou que estava convencido
que a paz e a ordem seriam bem depressa
restabelecidas na Palestina. Os arabes re-
conheceram que sofreram uma derrota e
isto o tornou mais prudentes. Segundo Sir
H. Samuel os tumullos são devidos ao facto
da massa da população arabe ter sido exci-
tada pelos effendis (especie de morgados ou
senhores feudais) que receiam perder a sua
influencia sobre o povo arabe se ele che-
gasse, graças á influencia dos imigrados
judeus, a tornar-se mais instruído.

O executivo arabe explorou a questão
do Muro das Lamentações, de maneira a

 

colocar a luta contra a imigração judaica no
campo religioso, esperando assim obter o
apoio financeiro dos mossulmanos do Egipto
e da India.

                ==

A cerimonia religiosa da vespera de
Rosh Hashanah (Ano Novo) decorreu sem
incidentes deante do Muro das Lamenta-
ções. O Governador de Jerusalem e o chefe
da Policia palestíniana assistiam á cerimo-
nia.

Escoltado por uma guarda de honra de
gendarmes britanícos o Rabbi-mór, acompa-
nhado de outros rabinos, recitou as orações
junto do Muro, e, com as lagrimas nos
olhos, o veneravel ancião, com mais de 80
anos de idade, concluiu a sua invocação a
Deus com estas palavras: Que a Paz seja
neste logar, nesta cidade e no mundo in-
teiro.

               o o o

          Israel e Ismael

Os tristes acontecimentos da Palestina
nos levam á consideração scientifica dos di-
reitos sobre a Palestina e das relações his-
toricas entre os descendentes de Abraham.

Remontemos primeiramente á origem bi-
blica:

No 1.° livro de Moisés, cap. 17, versi-
culo 18 lêmos: «E Abraham orou a Deus:
que Ismael viva»

E Deus lhe respondeu: «certamente; mas
Sarah tua mulher, te dará um filho, e tu o
chamarás Isac, e farei uma aliança eterna
com ele. e com os seus descendentes.
(vers. 19).

«Atenderei tambem a tua oração quanto
a Ismael: Eu o abençoarei, torna-lo-hei fe-
cundo: ele gerará 12 príncipes; dele tarei
um grande povo (vers. 20), mas a minha
aliança será com Isac, que Sarah, tua mu-
lher, dará á luz (vers. 21)

"Depois Deus, disse: E' por lsac que se
reconhecerá o teu nome; mas tambem de
Ismael farei um grande povo. porque a tua
semente está nele" (cap. 21, vers. 13).

E Deus disse a Abraham: E' a ti e aos
teus descendentes que dou todo o paiz de
Kanaan em possessão eterna; mas eu serei
o seu Deus. (cap. 17, vers. 8).


 
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