2 HA-LAPID ====================================== Muitos dos primeiros eruditos autores daquele tempo referem-se a Abraham Zacuto e ao seu "Almanach Perpetuum". Além do nosso comentário bibliogra- fico devem dizer algumas palavras acerca do impressor destas famosas obras e a possivel razão porque o livro foi publicado por Abraham ben Samuel Dortas (ou de Orias) em Leiria, ou de este teve uma imprensa desde 1492 a 1496. Embora a tipografia de Dortas não fosse muito produtiva, as suas obras são comparaveis ás mais perfeitas da Penin- sula. Três tipos de letra quadrada e outro de letra rabinica foram usados nos livros hebraicos impressos em Leiria. O "Almanach de Abraham Zacuto" ou "Taboas Astronomicas" foram im- pressos nesta oficina. A tipografia hebraica em Portugal no seculo XV inclue o "Pentateuco" por Moises Ben Nahman e "Comentario so- bre a Ordem das Orações" por David Abudarham. (Continua). o o o Celebração dos Casa- mentos (RITUAL) A Thorah (Lei de Moisés) no seu livro 1.° (Genesis), capitulo 2.° versículo dezoito diz: -"E Adonai disse: Não é bom que o homem fique só. Eu quero dar-lhe uma companheira, uma colaboradôra." Cumprindo esta determinação divina todo e homem se deve casar. A cerimonia do casamento entre os israelitas do rito portugues realisa-se da seguinte forma: Resa-se a oração de Minh'ah (oferenda) sendo o oficiante assistido na Thebah (tribuna) pelo noivo que põe os thefilin e o Talet, (manto religioso), recebendo des- ta forma a invertidura de patriarca, isto é, o chefe civil e religioso da familia que se vao constituir. Terminada a oração de Minh'ah o ofi- ciante (Hazan) dirige-se á sala proxima onde está a noiva, assistida das duas ma- drinhas; chama á parte a noiva e pergun- ta-lhe em voz baixa se é por sua livre vontade que se vae casar. Obtida resposta afirmativa volta para a sala onde se efectua a cerimonia onde está armado um docel. O oficiante lê então a Ketubah (escrip- tura Nupcíal) que será assinada pelo noivo e duas testemunhas. Entao entra nessa sala a noiva, coberta com o veu, pelo braço de seu pae ou uma pessoa de respeitabilidade na falta do pae e acompanhada das madrinhas dirige-se para debaixo do docel, onde já deve estar o noivo, assistido pelos padrinhos. A' entrada da noiva a assembleia entôa o cantico de bendição (Barug'Abá). O ofíciante (Hazan) coloca-se tambem sob o docel. Este docel representa a tenda da nova familia e chama-se H'upah, Então o oficiante pega um copo de prata cheio de vinho e diz: -"Bendito sejas tu, Adonai, rei do Universo que creaste o fruto da vinha. Bendito sejas tu, Adonai, nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificaste com os teus mandamentos e nos ordenaste a castidade, que nos prohibiste as noivas de outrem e nos permitiste que nos unís- semos pelos laços do casamento. Bendito sejas tu, Adonai, que santificas Israel pelo docel nupcial e pelo casamen- to." O oficiante bebe um pouco do vinho e dá a beber aos noivos; em seguida o novo pega numa aliança douro (adquirida pelo seu trabalho) e mete-a no dedo indi- cador da mão direita da noiva, dizendo, perante as duas testemunhas: -"Por este anel tu ficas unida a mim pelos laços do casamento segundo as leis de Moisés e de Israel. (Hari at mecudexet li, batavaât Zó, Kedat Moxéh veisrael.) Em seguida o oficiante pega numa taça de vidro com vinho e diz as sete benções: -~Bendito sejas tu, Adonai, nosso Deus, Rei do Universo que creaste o fruto da vinha.
N.º 027, Xebat 5690 (Jan-Fev 1930)
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