6 HA-LAPID =========================================== marana, mas que ainda não frequentou essa casa de orações, impedida por esse temor atavico característico entre muitos cripto- -judeus. Parece ser vista como porte-bo- nheur a referida hupah por alguns israeli- tas lisboetas pois é esta a terceira vez que ela é utilisada na capital a pedido dos in- teressados. Desejamos pois que ela dê muitas ven- turas á nova familia constituída, mantendo assim dignamente a sua lenda de acção benefica. -O novo distinto correligionario, Dr. Moisés Bensabat Amzalak, Dignissimo pre- sidente desta Comunidade, foi eleito vice- -reitor da Universidade Tecnica de Lisboa. o o o Elementos para a Historia dos Judeus Portugueses de Hamburgo por ALFONSO CASSUTO (Continuação) Outro foragido de distinção foi o Dr. Samuel da Silva da cidade do Porto, que em 1623 publicou um "Tratado da imortalidade da alma" em que procura impugnar as ideias de Uriel da Costa que por esse tempo vivia igualmente em Hamburgo. Outra obra relativa a Uriel da Costa surgiu cerca de 1618, devida á pena de um escritor anonimo, obra em que se descrevem as ceremonias que se devem praticar com respeito a excumunhões e que se entitu- lava "Tratado de Herem". O genro do Dr. Samuel da Silva foi o celebre medico e Rabino Dr. Benjamin Dionys Mussaphia, que viveu até 1640 em Hamburgo, e foi expulso pelo Senado em virtude de ter publicado um livro contra a religião christã, transportando-se então para Glu- ckstadr e cerca de 1650 para Amsterdam onde fale- ceu. Os seus descendentes tiveram o monopolio da cunhagem do dinheiro e foram agentes financeiros dos duques de Gottorp na Schleswig-Holstein e dos reis da Dinamarca. João da Rocha Pinto ou Zecharia Coem da cida- de do Porto, foi cerca de 1640, um dos judeus mais importantes de Hamburgo, devido á sua enorme for- tuna: e, faleceu em 1648 nesta cidade. * * * O "Livro de notas" da comunidade "Bet Israel" mais antigo e conservado até hoje na familia do an- tor desta noticia, começa no primeiro dia de Rosh- -Ashana de 1652 e dele extrahimos as seguintes linhas por nos parecerem de algum interesse: "Livro de no- tas do K. K. (Kahal Kadosh Santa Comunidade) Bet Ysrael comesado em Hamburgo Anno 5413. Em nome de el Dio Bendito! Livro da união geral da nação comesado nesta cidade de Hamburgo em primeiro de Tisry 5413. Fundada neste k. k. de Bet Israel que el Dio Aumente per a sua Santa Gloria Eseruisso". De pois o livro dá a noticia da eleição de 7 Senhores Par- nassim que durante dois anos deviam exercer o seu cargo podendo ser reeleitos ou substituidos ao cabo desse prazo. Os membros da comunidade, diz ainda o referido livro, deviam absoluta obediencia aos Parnassim que podiam ordenar um arresto nas suas propriedades particulares e tambem expulsa-los, como estrangeiros do territorio Hamburgues. O Mahamad tinha igual- mente autoridade sobre os judeus de origem polaca e alemã estabelecidos em Hamburgo, que eram inscri- tos perante o Senado na categoria de servidores dos portugueses. Só com este pretexto podiam eles viver na cidade. Contudo o Mahamad, a fim de facilitar o traba- lho proprio, nomeava de entre os judeus polacos, trez dos mais antigos, como seus Inspectores, cargos que mais tarde se converteram em Parnassim dos proprios jddeus polacos. A comunidade portuguesa, fundada em 1652, to- mou a seu cargo as instituições então existentes, isto é: a escola, que se denominava "Talmud Torá" e a "Hebra Bicur Holim", que se encarregava de tratar dos doentes e de enterramentos. Por esse tempo fundaram-se algumas associações de benificencia, que socorriam os pobres e ministra- vam instrução aos filhos dos indigentes. O Rabinato era composto pelos Hahamim: David Cohen de Lara, Mose Israel Brandão e Jehuda Krrmi. De entre os trez distinguiu-se David Cohen de Lara pelos seus numerosos trabalhos filologicos; foi a seu pedido que o governo de Groningen na Holanda per- mitiu o estabelecimento dos judeus portugueses nesta cidade. A sua alta cultura atraiu um grande numero de sabios cristãos que com ele correspondiam: um dos seus correspondentes, Téophil Spizelliuz da Hollanda, afirma ter ele sido um dos maiores hebraistas do tempo. Edras Edzardi, celebre pastor de uma igreja evangelica de Hamburgo, foi seu aluno. Cohen de Lara faleceu em 1674 em Hamburgo e Joseph Fran- ces procedente de Ferrara, segundo parece, e grande poeta entre os judeus de Hamburgo, classificado por Barrios, que foi então o maior poeta português de Amsteedam, como o Camões de Hamburgo pronun- ciou o Elogio Apologico de De Lara por ocasião do seu falecimento. O Haham I-hac Jessurun, talvez oriundo de Ve- neza, foi nomeado em 1656 Haham Geral de Ham- burgo e por sua morte, em 1663 Mose Israel Brandão foi nomeado seu sucessor. Como grande Rabino e sabio viveu nesse tempo o Haham Samuel Abaz ou Diaz George que em 1670 publicou uma traduçao em português, em estilo ele ante, do livro de Bahja ibn Pakuda: Hobot Alebabot (Deveres de coração). A familia Abaz recebeu em 1614 do imperador Mathias de Hàbsburgo um titulo de nobreza. Um ou- tro sabio foi Mosé Gideon Abudiente, nascido pro- vavelmente em Lisboa cerca de 1602, erudito grama- tico hebraico e tambem grande poeta, era genro de Paulo de Pina. Este ultimo nasceu em Lisboa cerca de 1570; em 1604 vivia ele em Amsterdam, onde foi membro muito proeminente da comunidade portu- guesa e escreveu uma comedia religiosa entitulada: "Dialogo de los Montes" (Diologo entre os sete mon-
N.º 041, Ab 5691 (Jul 1931)
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