Ha-Lapid הלפיד

N.° 45                            PORTO - Tebeth de 5692 (11-Dez.-8-Jan. 1932)                         ANO VI
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Tudo se ilumina                     _______  ___  _______ |=|____  _______                    ...alumia-vos e
para aquele que                    |____   ||_  ||  ___  ||____  ||_____  |                   aponta-vos o ca-
busca a luz.                            | |   |_| \_\  | |    / /   _   | |                   minho.
                                        | |       _____| |   / /   | |  | |
       BEN-ROSH                         |_|      |_______|  /_/    |_|  |_|                          BEN-ROSH

                                                  (HA-LAPID)

                                      Órgão da Comunidade Israelita do Porto

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DIRECTOR E EDITOR: -A. C. os BARROS BASTO (BEN-ROSH)   || COMPOSTO E IMPRESSO NA Empresa DIARIO DO PORTO, Lda
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     Teologia Popular israelita

                 VI

Por A. BEN-ROSH

A Aliança Eterna de Santificação

Ha cerca de quarenta seculos vivia na cidade da
UR, na terra dos Caldeus, um homem de nome
Abram. da linhagem de Sem, filho de Noah, o justo
por intermedia do qual Deus Bendito fez a velha
aliança com a Humanidade.

Os pais de Abraham e toda a sua parentela, na
sua ignorancia, adoravam idolos, atribuindo-lhes qua-
lidades e atributos que pertencem só ao Deus de
Verdade.

Abram tambem era idolatra até que um dia fazendo
trabalhar na sua mente a razão e a inteligencia, esses
dois preciosos dons que Deus colocou dentro de nós
para nos determinar o caminho que nos conduza. ao
bem e á vida e nos afaste da morte e do mal, chegou
á conclusão de que aquelas imagens, que adoravam
os seus, eram obras vãs que tinham olhos e não
viam, tinham ouvidos e não ouviam, tinham boca e
não falavam, que eram obra dos homens e nada po-
diam valer aos seus creadores porque eram apenas
mentirosas ilusões. O seu proprio pai, segundo a tra-
dição nos transmitiu, tambem alguns desses fabricars
para seu uso.

Abraham, abandonando o culto dos deuses de
madeira, de pedra e de metal, adorou a estrela
d'alva, a lua, o sol, mas pouco tempo depois se con-
venceu de os astros tambem não eram divindades,
mas creaturas sugeitas a leis determinadas por uma
potencia sublime que creou e dirige a vida de todos
ns seres, quer fossem rochedas, ou astros quer fossem
homens, plantas ou animais. A essa potencia, que
ele compreendeu ser infinita. a esse ser sublime, ori-
gem de toda vida centro magnificente donde irra-
diam todas as acções que os homens dividem por
inumeros deuses deu Abram o nome de Elohim. Con-
victo da inutilidade do culto dos idolos e das obras
da creação, Abram procurou afastar desse culto os
que o rodeavam.

No Bereshith Rabba, grande comentario folclo-
rico de geneses, conserva-se a tradição popular dum
episodio dessas tentativas feitas por Abram para res-
gatar o seu proximo da ignorancia do verdadeiro
Deus.

"--Terah; pai de Abram, fabricava e vendia
idolos.
Um dia saiu de casa e deixou o filho a tomar conta
dela. Então veio um homem comprar um idolo e
Abram perguntou-lhe:

-Quantos anos tens?

-De cincoenta a sessenta anos, lhe respondeu o
outro.

-Infeliz que és, replicou Abram, tu és filho de
sessenta anos e queres prostrar-te perante o filho
dum dia!

O homem teve vergonha e foi-se embora.

Outro dia veio uma mulher, trazendo na mão um
prato de farinha, e disse a Abram:

- Pega nisto e aproxima-o em sacrifício perante
estes deuses.

Abram levantou-se, pegou num pau, partiu to-
dos os idolos e depois colocou o pau na mão do
maior.

Quando veio o pae, e viu estes estragos, per-
guntou:

--Quem fez isto?
Respondeu Abram:

-Veio uma mulher, trazendo um prato de fari-
nha, e disse-me: pega isto a aproxima-o em sacrifício
perante estes deuses. Aproximei a farinha da face de-
les, e um disse-me que a queria comer antes dos ou-
tros. Então o maior, ouvindo isto, pegou num pau e
partiu-os a todos.

E Terah' disse a Abram:-"Tu zombas de mim",
e entregou-o a Nemrod.