N.° 91 PORTO - Lua de Fevereiro - 5699 (1939 e.v.) ANO XIII ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos, para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | e aponta-vos o busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | caminho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) O FACHO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECTOR E EDITOR: -A. C. DE BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA IMPRENSA MODERNA, L.DA Redacção na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim || Rua da Fábrica, 80 Rua Guerra Junqueiro, 340 - Porto || ------------------- P O R T O ------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- HOMENAGEM AO PAPA PIO XI "Eu nunca vi, espectáculo humano mais notável nem mais tocante do que em torno do grande Papa que acaba de desaparecer, nem esta unanimidade de pesar e de res- peito. Católicos e protestantes, cristãos e judeus, crentes e descrentes, todos os ho- mens de boa-vontade, que são ainda tão numerosos sobre o planeta, manifestaram a sua veneração e o seu reconhecimento. E' que Pio XI, numa época em que as misé- rias provenientes da Grande Guerra tinham engendrado doutrinas de provocação, de desespero e de ódio, soube lembrar a todos os povos da terra que só a Fé, a Esperança e a Caridade podem construir e sustentar civilizações duráveis. Em frente aos loucos armados, ele, morrendo desarmado, proclamou o poder do espírito e, deste longo combate do Anjo e do Dragão, saíu vitorioso. Como os grandes papas da Idade-Média fez da colina do Vaticano o centro espiritual do mundo e a sua própria morte, até ao seio da qual o acompanharam a sua justiça e a sua piedade, acaba de ser para os homens de todas as confissões, ao mesmo tempo um exemplo de coragem e uma nobre ocasião de experimentar a sua secreta comunicação de sentimentos e de ideas." ANDRÉ MAUROIS (da Academia Francesa). Homenagem do Rev. Julien Weill, Rabi-mor de Paris Na sexta-feira à noite, 10 de Fevereiro, no decorrer da oração, no templo da Vitória, o Rabi-mor Sr. Julien Weill, pronunciou uma alocação, de que extraímos uma pas- sagem: "Embora a solenidade sabática convide a afastar pensamentos fúnebres, creio cumprir o meu dever e responder aos sentimentos de todos vós, meus irmãos, saüdando com uma homenagem comovida o grande ancião, que acaba de se extinguir, o chefe supremo da cristandade, SS. Pio XI. Ele era rodeado da afectuosa veneração, não só de milhões de católicos, dos quais era ilustre pastor, mas de todos os que viam nele o modelo das mais nobres virtudes hu- manas. Êle possuía o respeito e a profunda gratidão de todo o Israel, em favor do qual elevou a voz com uma autoridade incomparável. No decorrer da sua história, inimigo de tantas perseguições. Israel beneficiou muitas vezes da benevolencia iluminada e da pro- tecção eficaz dos papas que o defenderam contra acusações vergonhosas e o preserva- ram das agressões do fanatismo. Mas o venerado Pontífice, pelo qual o mundo traz hoje luto, tem direito a um re- conhecimento particular, da parte do judaismo nesta época de torturas inauditas para tantos dos nossos correligionários tão odiosamente tratados para além das fronteiras. Pio XI não trabalhou sómente para o progresso da justiça social, da paz e da fra- ternidade entre todos os povos, não defendeu sómente em geral, os direitos imprescrití- veís da personalidade humana e todos os valores espirituais cuja nascente é a Bíblia e sobretudo o Decálogo que nós relemos na secção sabática deste dia, denunciou, com um ardor e uma energia que parecem aumen- tar no próprio tempo em que cediam as suas
N.º 091, Adar 5699 (Fev 1939)
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