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N.º 091, Adar 5699 (Fev 1939)







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 2               HA-LAPID
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forças físicas, as perniciosas aberrações do
paganismo racista; condenou em termos
decisivos o "inadmissível" antí-semitismo,
absolutamente incompatível com a fé cristã
e gerador dos maiores excessos e das mais
deshumanas violências.

Não conseguiu o venerável Pontífice evi-
tar ou fazer cessar a perseguição que caiu
tão cruelmente sôbre o judaísmo de certos
países, perseguição que, através o judaísmo,
atinge dolorosamente o próprio cristianismo,
e, por aí, tôda a civilização espiritual de
que a Bíblia hebraica é uma das nascentes
essenciais; mas deixou palavras e escritos
inolvidáveís e um grande exemplo que não
serão perdidos. Atendendo a que trazem
todos os seus frutos a reivindicação soberana
dos sagrados direitos da consciencia que
encontrou em Pio XI o mais eloqüente dos
intérpretes, prestamos diante da sua nobre
figura a nossa comovida homenagem, e guar-
daremos para sempre a lembrança dum
homem que, a-pesar-das divergências de
dogmas que nos separam das confissões
cristãs, podemos chamar um grande servidor
de Deus, animado duma caridade que se esten-
deu a todos os oprimidos, e um apóstolo
intrépido da liberdade, da justiça e da paz."

As condolências da Aliança Israelita

Eis o texto da mensagem que a Aliança
Israelita dirigiu a Mgr. Valério Valeri, núncio
apostólica em Paris, por ocasião do faleci-
mento do Papa:

"A Aliança Israelita, profundamente como-
vida com o desaparecimento do grande Papa
que acaba de se extinguir, associa-se ao luto
que feriu tôda a cristandade e todos os que
professam o amor da humanidade, da paz,
da justiça e a dedicação aos direitos da
consciencia.

Jamais ela esquecerá a caridade e a cora-
gem com que Pio XI defendeu todos os per-
seguidos, qualquer que fosse a sua raça, ou
a sua confissão, em nome dos princípios
eternos dos quais foi o mais nobre represen-
tante sóbre a terra.

Criada para a protecção e o levantamento
do judaísmo oprimido, a Aliança faltaria ao
seu dever se não se dedicasse a perpetuar
no coração dos seus correligionários a memó-
ria desta admirável figura que será acompa-
nhada para além-túmulo pela sua gratidão
inalterável e a sua infinita veneração."

 

UM APÊLO DE LORD BALDWlN
EM FAVOR DOS REFUGIADOS

Em 8 de Dezembro, Lord Baldwin, emi-
nente homem de estado ingles, no decorrer
duma reünião a que assistiam as mais altas
autoridades morais e religiosas de Inglaterra,
lançou em favor das vítimas das persegui-
ções anti-semitas um apelo radiodifundido,
transmitido por todos os postos de Inglaterra
e dos Estados-Unidos. A emoção levantada
nestes países foi considerável, porque Lord
Baldwin, compreendendo a miséria de tanto
desgraçado, soltou o vibrante grito de apelo
que esperavam todos os homens de corações
revoltados pela renovação das bárbaras per-
seguições na Alemanha.

"Milhares de homens, de mulheres e de
crianças, despojados dos seus bens, arran-
cados do seu lar, procuram entre nós um
asilo, um refúgio do vento e um abrigo da
tempestade, disse ele no seu discurso. Já
não sou um Ministro da Coroa. Não vos
falo hoje como um politico ou como um
membro de partido. Sou um inglés mediano
que está revoltado e desolado pela situação
destes homens desprezados e perseguidos e
dos seus filhos inocentes. Podem não ser
nossos compatriotas mas são homens como
nos.

"Milhares de sêres de todos os graus da
riqueza, da posição social, da cultura e da
educação foram igualados na miséria. Não
tentarei descrever-vos o que pode significar
o ser desprezado, infamado e isolado como
um leproso.

A honra da nossa pátria é desafiada e
cabe-nos a nós responder a esta provo-
cação.

"Quem poderá hoje, neste fim de ano,
reünir os seus sem pensar nos que, perdido
o seu país, perdida a sua família, perdida a
sua casa, arrancados ao que os homens e as
mulheres amam acima de tudo?

Quem poderá hoje separar da sua vida
estas famílias dispersas, despedaçadas?

Como poderiamos nós próprios desejar
ser felizes com este fardo no fundo dos nossos
corações?

Como poderíamos nós próprios pretender
ter descarregada a consciencia se não fizer-
mos tudo que nos fôr possível para aliviar
um tal sofrimento que o destino nos pou-
pou?"


 
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