8 HA-LAPID ========================================= A rainha D. Maria ficou tão mal tratada do parto do infante D. António, que nunca mais esteve bem a com que lhe acrescenta- vam de dia a dia gravissimas dores faleceu em Lisboa nos paços da Ribeira aos 7 de Março do ano do Senhor, 1517." D. Maria foi sepultada no Mosteiro Degobregas da Madre de Deus, donde seu filho D. João III mandou depois trasladar seus ossos para o Mosteiro de Belém, que El-Rei D. Manuel fez de novo para seu jazigo e de todos os seus filhos. Narbindel e Aonia Nos capítulos 8.°, 9.°, 10.° e 11.° da Me- nina e Maça, Bernardim conta a morte e enterro da rainha D. Maria. a quem chama Belisa (anagrama de Isabel) sua irmã, pri~ meira mulher de D. Manuel, que morreu de parto. No capitulo 9.° diz que Narbindel (ana- grama de 1. d'Abrabanel) vai aos Paços da Ribeira dar os pesames e encontra pela, primeira vez D. Beatriz, designada na no- vela por Aonia (anagrama de Joana), que é o nome da sua namorada alentejana (Joana Tavares). Bernardím entra na câmara ardente, "E entrando, e vendo a senhora Aonia, que em grande extremo era formosa, sol- tos os seus longos cabelos que toda a cobriam, e parte deles molhados em lágri- mas, que o seu rosto por alguma parte descobriam, foi logo trespassado do amor dela, sem haver quem, por parte doutrem, fizesse defesa: e como o amor viesse jun- tamente com a piedade, parecia que vinha ela só; mas, quando se descobriu, eram já conhecidas tantas razões por parte da se- nhora Aonia, que não tão sómente lhe es- queceu a outra (Joana Tavares), mas não lhe lembrou mais senão para lhe pesar do tempo que gastara em seu serviço." "Desta maneira, foi ele preso do amor da senhora Aonia; e, depois, veio a morrer por ela." "Este foi um dos dois amigos de que é a nossa história." (Os dois amigos são Bernardím e Sá de Miranda). (Continua). --------------------------------------- Visado pela Comissão de Censura CASAMENTOS NO PORTO No dia 14 de Março de 1948, pelas 13 horas na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim, à rua Guerra Jun- queiro, 340 -Porto se realizou o casamento da me- nina Maria Teresa Ferreira Coelho, natural do Porto, de origem marana, com o sr. Félix Henriques Gar- cea, natural de Bordeus (França). Foram padrinhos os pais do noivo. Foi cele- brante o Moreh marano sr. Joseph Pereira Gabriel. No dia 17 de Março na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim, pelas 14 horas se realizou o enlace nupcial da menina Renia Finlkelsztein, de 22 anos, natural de Varsóvia, gentil filhinha do conhecido negociante e industrial do Porto. sr. Srul Finkelsztein com o sr. Paltiel Cymerman, de 25 anos, natural da Polónia, industrial de Lisboa. Foi celebrante o Rev.° Rabbi Mendel Diezendruck, digno chefe espiritual da Comunidade de Lisboa, que encantou a numerosa assistência com a sua exce- lente voz de baritono. Tocou órgão o conhecido professor de música sr. Cipriano Gil. Os noivos e convidados trajavam cerimoniosamente. A Sinagoga estava repleta. Vieram de Lisboa expressamente para assistirem a este acto varias notabilidades judaicas, entre as quais oa srs. dr. Elias Baruel, vice-presidente da Comunidade israelita de Lisboa e presidente da secção de Assistência aos Refugiados, Abraham Abner Levy, Parnas (Provedor) da Sinagoga Shaaré Tikvah (Portas da Esperança) e dr. Semtob Sequerra, presidente da Associação da juventude Israelita He-H'aber (o companheiro). Foram padrinhos : por parte da noiva seus pais e por parte do noivo o sr. Chaskiel Sznayder e sua esposa D. Genia. O Rev.° Diezendruck fez um darush (sermão) alusivo ao acto. A Sinagoga estava lindamente ornamentada com muitas plantas e flores. Tapeçarias vinham até à rua, tudo disposto com arte. Depois da cerimónia houve na residência do sr. Finkelsztein um magnífico lanche de casamento, no qual usaram da palavra o Rev.° Rabbi Diezen- druck, o Professor Capitão Barros Basto e vários amigos dos noivos. Houve depois um esmerado jantar com comida estritamente Kasher (ortodoxa). * Aos noivos deseja Ha-Lapíd : Mazal Tob - Besiman Tob (Boa Estrela-Bom Signo)
N.º 141, Nissan-Sivan 5708 (Mar-Mai 1948)
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