N.° 11 PORTO - YIAR 5688 (Maio de 1928 II ANO ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos e para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | aponta-vos o ca- busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | minho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) Órgão da Comunidade Israelita do Porto ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECTOR E EDITOR: -A. C. os BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA Empresa DIARlO DO PORTO, Lda Avenida da Boavista, 854-PORTO || Rua.de S. Bento da Victoria, 10 (Toda a correspondencia deve ser dirigida ao director) || ---------------- P O R T O ---------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Judeus Norte - Africanos Em Tunis, o nosso oorreligionario e ilustre mem- bro honorario da comunidade Israelita do Porto, o Dr. Nahum Sloush, Professor da Sorbonne, no dia 7 de Abril findo falou aos judeus da Africa do Norte, das suas origens e suas evoluções. O erudito conferente traçou um largo quadro do judaismo norte-africano, o qual descendente directo da Palestina remonta a Cartago punica. Tiro e Si- don, para desenvolverem as numerosas feitorias es- palhadas pelas costas mediterraneas, recrutaram en- as tribus de Israel o material humano necessario. Foi assim que, desde a Mauritania até às Indias, os judeus tornaram-se depressa dominante não só como numero, mas tambem em todos os ramos da activi- humana: economica, social e intelectual. Os testemunhos disto abundam: Um sabio do Talmud cita Cartago entre as comunidades judaicas da Diaspora tradicionalista (III° seculo); os padres dão fé disso egualmente, especialmente Santo Agos- tinho. Enfim multiplas inscrições liturgicas, certas necropoles descobertas pelo Dr. Sloush em Jerusa- lem e em Tiberiades, veem corroborar a tese, adopta- da, de resto, pela maior parte dos sabios. A actividade judaica é particularmente grande no ramo da navegação: as frotas judaicas sulcaram o mar azul, suscitando riquezas, estabelecendo novas feitorias, transformando-as numa multidão de peque- nas republicas. A navegação: judaica. persistiu mes- mo quando triunfou o Cristianismo (do IV ao IX se- culo). O judaismo norte-africano conheceu tres perio- dos de prosperidade e de calma, cortados por perio- dos de decadencia, em consequencia de perseguições violentas. As cidades onde se centralizaram esta ele- vação intelectual e esta prosperidade economica fo- ram por ordem cronologica, Cartago, Kairuan e Tunis. Os judeus desempenharam um papel importante na Africa do Norte. Roma favoreceu este desenvolvi- mento pois que houve até colonias autonomas: Bi- zert, quando dainvasão arabe, era comandada por um judeu. A decadencia começon com os bi- santinos. Repelidos do litural, emigraram para o Sul. Tornaram-se os organisadores e civillsadores do berberes. Aqui, faltam os documentos, Os berbe- res não escrevem. Os escritos judeus sem duvida desapareceram. Mas temos os testemunhps dos judeus de outras comunidades, que relataram estes factos com bastantes detalhes. Surgiram lendas: na luta feroz pela independencia dos berberes levanta-se a comovente figura da Kahena, a heroína judaica. Entre o seculo VIII e o XI, existia na cidade de Kairuan uma grande pleiade de sabios judeus. Mas em 1056, Kairuan foi destruída. Em 1059, Tunis tor- na-se um centro judaico florescente, graças ao espi- rito tolerante dos arabes; os estudos talmudicos e so- bretudo os cabalisticos são ali muito prosperos. Mas a invasão dos Almohades, destruindo a cidade de Tunis, parou este desenvolvimento. Os judeus são novamente repelidos pelos berberes até ao Sahará. Os historiadores arabes relatam a existencia, nesta epoca, de colonias israelitas até Tombuctu. A actual população israelita é na sua maioria, descendente de estes emigrantes regressados, assim como claramente o indicam os nomes que usam. No seculo XIX, a entrada dos francesss foi para o judaismo local como uma feliz repetição da ocupa- ção romana. Os judeus que em todos os tempos des- empenharam o papel de intermediarios entre as dife- rentes raças não tardararn a tornar-se preciosos au- xiliares da França tutelar. Não são os judeus, por temperamento, o povo mais amante do progresso? Em seguida o conferente, numa brilhante, ora- ção, freneticamente aplaudido, dirigiu-se á juventu- de judaica incitando-a a contribuir para a civilisação humana conservando a sua individualidade propria. o o o Sheh'itah (Degoladura). --- Chamamos a atenção dos dinim (preceitos) de degolar, que transcrevemos do Livro de Dinim do Rabbi Menasseh Ben Israel. Em todos os nucleos cripto-judaicos deve ser escolhido um israelita que estude atentamente estes preceitos e desempenhe o cargo de Shoh'et (Xóg'éte) (Degolador) a fim de aba- ter as aves necessarias á alimentação pura (caxer) dos crito judeus desse nucleo.
N.º 011, Yiar 5688 (Mai 1928)
> P01