2 HA-LAPID ================================================= Das aves limpas e imundas Vinte e quatro especies dedwaves, se proibem no Levítico, capitulo XI, por imun- das. Pelo que todo aquele que é prático nelas, e conhece perfeitamente quais sejam pode comer de todas as que não forem de aquelas tais espécies. Porém todo aquele que nao tiver este perfeito conhecimento, a ave que fôr de rapina, terá logo por imunda. E se duvidar nalguma se é ave de rapina, ou não, se- gurando-a numa corda, põe os dois dedos dos pés para uma parte, e os outros dois para outra; ou que arrebata no ar, e come é cousa certa ser ave de rapina. E se sabe de certo, que não é ave de rapina, então tem outros três finais para se conhecer ser limpa: e são, ter um dedo demasiado de- traz dos outros; ter papo e que a moela se descostra com a mão. Mas suposto que estes são os sinais, nenhuma ave se come, sem uma infalível tradição, de que a tal ave é limpa. Dinim de Degolar CAPITULO IV Diz a Sagrada Escritura no Deut cap. XII 21. E degolarás das tuas vacas e das tuas ovelhas que deu o Senhor a tí como te encomendei, e comerá nas tuas cidades, de onde se mostra, haver encomendado a for- ma de degolar. E se buscarmos em toda a lei, não acharemos logar, donde o Deus bendito envcomende a Moisés, o logar ou forma do degolar. Pelo que (como bem ad- vertiu Rabenu Moises) é força referir este mandamento á Lei Mental, e confessar que naqueles 40 dias que Moises esteve no monte, lhe ensinou todas as circunstancias desta materia, entre as demais coisas que ali aprendeu, e depois por tradição recebeu o povo de Israel. Estas pois reduzidas a compendioso estilo são as seguintes: 2) A degoladura para ser válida, consiste em três coisas, a saber: no instrumento, no lo- gar da degoladura, e sitio em que se faz. 3) No instrumento convem observar duas coisas, a saber: Primeira, que seja a faca tão aguda e perfeita, que não tenha no cor- te alguma mossa; por que se acaso alguem degolar com faca que tenha alguma mossa por pequena que seja a tal degoladura será invalida, e a carpe degolada trefá (impura). E assim para evitar isto, é obrigação olhar curiosamente a faca passando muito deva- gar a unha, e a carne do dedo pelo corte e lado dela até ao numero de 12 vezes. A se- gunda circunstancia do instrumento é, que tenha a faca de comprimento pelo menos a quantidade de dois pescoços da ave, ou animal que se degola: E para tirar de du- duvidas, costuma-se fazer para degolar aves, de um dedo de largo, e quatro ou seis de longo, e sem ponta; a a fim de não cair em escondedura, de que logo trataremos. 3) O lugar da degoladura, é justamente no meio do pescoço, cortando todo o cano da respiração e o gasnate da comida, e näo degolando pontualmente no meio, deve-se advertir, que no cano da respiração para ser válida a degoladura, ha-de ser desde o anel grande que está conjunto á cabeça até ao papo: e no gasnate, desde aquela parte que quando a cortam se encolhe, que é um dedo abaixo da cabeça até o mesmo papo: E sendo que se fez acaso a degoladura fóra destes logares, a carne é proibida. E ainda se dissemos, que convém cortar os dois anos por inteiro, se acaso degoinndo alçou alguem a mão e achou haver degolado só a maior parte de algum deles, é válida a de- goladura na ave; o que não será, se acaso achar degolado o metade de cada um deles. 4) Ha tambem umas veias junto a estes dois canos, as quais ou no mesmo tempo em que se degola, ou imediatamente de- pois, se devem cortar, a fim de que saia todo o sangue: e se acaso alguem o não fez, não se pode cozinhar em panela aquela ave inteira, com cabeça e tudo: o que de- pois de haver degolado, se deve olhar com curiosidade. 5) O sitio em que se deve degolar, é so- bre pó solto, como dizer, areia muito miu- da, cinza, terra de onde se pode semear, ou pó de serradores: exceptuando areia grossa, farelos, terra molhada, chão feito de tabua ou pedras. Tambem se pode degolar num vaso que tenha pó. E navegando pelo deserto ou mar, faltando estas coisas, se recolherá o sangue num pano, e chegando á parte donde o pode lavar, recolherá o dito sangue, e o cubrirá sem dizer benção.
N.º 011, Yiar 5688 (Mai 1928)
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