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Ha-Lapid הלפיד


N.º 014, Tiskri 5689 (Set 1928)







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 2             HA-LAPÍD
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Não imiteis os murcêgos

Num jornal israelita francês encontrei
as seguintes palavras, que gostosamente
traduzo:

«Não sejamos destes israelitas vergo-
nhosos que, em certos meios e em certas
circunstancias, querem dissimular a sua
origem, abolir a sua fé, para suscitar a neu-
tralidade ou a simpatia, muitas vezes des-
prezante, dos nossos detractores. Nós te-
mos o direito de levantar a cabeça. de re-
vindicar como um titulo honorifico o nome
de Judeu que encarna seculos de sofrimen-
tos e de lutas gloriosas.

A obrigação consiste em amar e em de-
fender o judaismo, pela pena, pela palavra
e sobretudo pela autoridade do exemplo.

A obrigação, que temos, e é a mais im-
periosa de todas é: instruir os nossos filhos,
inicia-los nas nossas leis religiosas e mo-
rais, esclarece-los sobre o alto valor das
nossas doutrinas, e de lhes lembrar sem
cessar que a doutrina da «humilde pedra
desdenhada pelo arquitecto, desdenhada
pelos ignorantes ou pelos malevolos, arras-
taria a queda do seu proprio edificio, do
hosso culto e a impossibilidade de manter
a pedra d'angulo na base do edificio hu-
mano."

São oportunas estas palavras especial-
mente para certos cripto-judeus, que nos
segredam serem da grande e nobre nação
dos filhos de Israel, mas quando se encon-
tram na presença de catolicos e de judeus,
dizem-se livres pensadores, que todas as
religiões valem o mesmo e que por isso
nenhuma querem seguir.

A quem pretendem iludir com esta sa-
lutar hipocrisia, que causa nôjo aos crentes
de um e outro campo religioso?

Nós que temos opiniões religiosas bem
definidas inspiramos simpatia aos nossos
adversarios, entre os quais, apesar da (me-
rença de credos, temos sinceras amisades,
Um adversario nobre e leal tem direito
sempre ao respeito do seu antagonista.

Todo aquele que, para não perturbado
na sua digestão, se entrega a uma doblez
de caracter, só merece dos combatentes das
varias crenças o desprezo.

São descendentes dos judeus portugue-
ses mas não querem seguir as nobres e
augustas tradições dos seus antepassados,
sentindo correr-lhes nas veias um sangue
descorado, que fiquem fóra do judaismo,
mas duma maneira clara e iniludivel. sejam
ateus, protestantes ou catolicos.

Mais que nma vez o vento tem arreba-
tado ao secular cedro hebraico algumas fo-
lhas sêcas, que apodrecendo vão ainda
adubar ontras plantas. Só as folhas secas
se desprendem, mas as que tem seiva se-
guram-se bem aos ramos do tronco ances-
tral.

Querer ser filha de cêdro e de pinheiro
ao mesmo tempo é impossivel, só podem
ser absorvidos por uma planta depois de
haverem morrido na outra.

Ha israelitas em Portugal que ocupam
varios cargos em varias camadas sociais e
que bem e publicamente manifestam as
suas crenças, quer sejam militares ou mari-
nheiros, proprietarios ou professores, fun-
cionarios civis ou empregados no comercio
e industria, burguezes, oficiais, doutores,
agricultores, industriais, comerciantes, gran-
des e pequenos, de alta ou pequena socie-
dade, e todos vivem nas suas comunidades
á clara luz do sol de liberdade religiosa
desta boa terra portuguesa. E vivem em
boa paz e harmonia com os seus lusos
compatriotas de qualquer confissão, sem
precisarem de se ocultarem ou simularem
outras ideias.

No heraldico brazão da tribu de judah
existe como simbolo o leão, animal altivo,
generoso e nobre como deve ser todo o
servidor de Adonai, o Deus Altíssimo e
Unico.

O leão não teme mostrar-se e não dese-
ja imitar o procedimento do morcego que
só aparece na escuridão. Nunca em Israel
o morcêgo foi simbolo heraldico e para que
não sejais morcegos no vosso proceder, vou
contar-vos porque só vive nas trevas.

Houve uma vez uma guerra entre os
animais. Dum lado batiam-se os mamíferos,
tendo por aliados todas as restantes bestas
que, andam, correm e rastejam sobre a
terra; do lado oposto defendiam-se as aves
aliadas a todos os seres voadores.

Os dois exercitos batiam-se corajosa-
mente em continuas escaramuças.

Havia porem um animal que, amando


 
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