4 HA-LAPÍD ========================================== mas esperavam os sinais e os repetiam, logo que os viam, para as comunidades mais afastadas. Desta maneira os judeus estabe- lecidos na regiao do Eufrates tinham conhe- cimento no mesmo dia da Neomenia (Lua Nova) fixada e podiam celebrar as festas na mesma data que a metrópole. (Mishnah, Rosh Hashanah, II, 2, 3 e 4; Talmud R- H. 22 e 23). Mais tarde quando os samaritanos pro- curaram enganar os israelitas perturbando- lhes o calendario por falsos sinaes, envia- vam-se mensageiros nos meses das festas e no mês de Ab para anunciar a Lua Nova, Nos paizes onde os mensageiros nao podiam. chegar a tempo tornou-se costume celebrar em vez de um, dois dias de festa (excepto Yom Kipur), costume este que se estendeu com o tempo a todas as comunidades situa- das fóra da Palestina. Referente a Rosh Hashanah. celebrava-se, mésmo em Jerusa- lem, dois dias, quando faltavam testemunhas que tivessem visto a nova Lua, a Neomenia podia ser proclamada no dia 30 do mês de Elul. (Rosh Hashanah, Wishnah e Talmude, idem; e Betsah 4,5). Os anos diferiam não só pelo numero de dias, mas tambem pelo numero dos mêses As festas são fixadas em certos dias dos meses, mas é preciso tambem que cada uma caia numa estação determinada: «Toma cui- dado no mês da germinação para celebrar a Pascoa lêmos no Dent. XVI, 1 e da Pascoa depende a fixação de Shabuoth (idem, vers. 9), que a festa da ceifa (Exodo 23, 16); e Sucoth. emfim, é a festa do outôno, cele- brada no declinar do ano, quando fizeres a colheita dos campos (idem). Ora, as esta- ções regulam-se pelo curso do Sol e não pelo da Lua; um ano lunar (isto é, de 12 meses lunares) é, pelo menos, 10 dias mais curto que o ano solar (que consta 365 ou 366 dias); as festas reguladas unicamente segundo o ano lunar deslocar-se-iam pouco a pouco das suas estações e circulariam atravez de todas as estações. Este inconve- niente é evitado pela intercalação dum mês inteiro depois de um numero definido de anos. Temos pois assim um ano luni-solar, isto é, calculado sobre a revolução da lua posta de acordo com o ano solar. Nos temdos antigos esta intercalaçâo fa- zia-se cada vez que a necessidade a impu- nha. As mesmas autoridades (Sanhedrin e patriarcado) que fixavam a Lua Nova tinham o direito de anunciar um ano intercalar, isto e', de 13 mêses. A intercalação dum mes suplementar era anunciada ás comunidades por cartas que o Nassy ou o patriarca lhes enviava. Uma formula muito interessante, deste genero, expedida aos exilados pelo patriar- ca Rabbi Simon ben Gamaliel (Lo seculo) nos foi conservada no Talmud (Sanhedrin, II b); eis os termos: Aos nossos irmãos exi- lados em Babilonia, na Media, (na Tonia, Grecia) e a todos os exilados de Israel, salvé! Nós vos fazemos saber que os pombos são ainda demasiado novos, as ovelhas de- masiado jovens, a germinação do trigo ain- da muito pouco adiantada; tambem nos apraz, a nós e aos nossos colegas, aumen- tar de 30 dias o ano corrente. Depois, o calculo astronomico para a fixação da Neomenia e do ano intercalar tornou-se predominante, sobretudo graças aos estudos do babilonio Mar Samuel (165- 257), que podia gabar-se de que os cami- uhos do ceu lhe eram tão familiares como as ruas de Mehardéah, a cidade onde ele ensinava. . . Samuel utilisou os seus conhe- cimentos astronomicos para estabelecer um calendario que permitiria aos judeus babi- lonicos fixar as festas sem esperar que a Palestina os informasse cada vez que apa- recia a Lua Nova. Mas Samuel não publicou este calenda- rio, provavelmente por atenção pelo pa- triarca e para não quebrar a unidade do judaismo, e continuou-se a consideraro calculo do calendario como uma sciencia secreta (Soá haibur) e uma prerogativa da Palestina (Huline 95 b; Rosh Hashanah, 20 a e b). (Continua.) Joseph Bloch. De "Univers Israelita" ------------------------------------- Visado pela Comissão de Censura
N.º 014, Tiskri 5689 (Set 1928)
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