HA-LAPÍD 3 ========================================== muito a sua tranquilidade e bem estar, não queria tomar parte na luta: era o morcêgo. Apesar de cuidadosamente evitar os lo- cais de combate, acontecia por vezes _ser apanhado por uma patrulha dos exercitos terrestres e tomado por espião. Então lacrimoso dizia que era do parti- do terrestre, que era aparentado com os ratos, e se voava o fazia com o seu manto de pele, o qual nunca poderia ser conside- rado como azas. Os da terra, apesar de desconfiados, dei- xavam-no ir em liberdade. Mal se via livre destes era apanhado por alguma patrulha dos voadores, que se preparavam imediatamente para o matarem á bicada ou ferroada; mas o morcêgo la- muriava que não fizessem tal, que ele era do partidodos voadores, que era um pas- saro feio, sem penas, mas que era passaro. Não tinha culpa de ter azas pouco bonitas; não se fizera a si proprio, Os combatentes aereos, embora meneando a cabeça em ar de duvida, deixavam-no em paz. E assim o bichinho ia gosando a sua vida, não isenta de sustos. Ora como tudo tem fim, tambem findou a guerra, e os combatentes dum e outro partido resolveram dar um colossal banque- te de confraternisação para festejarem a assinatura do tratado de paz. Decorreu cheio de animação o banquete, durante o qual cada um recordava episo- dios da campanha. Alguns dos aliados ter- restres falavam dum animal suspeito que fizeram prisioneiro, os voadores pediram os sinais desse bicho, e depois de trocarem varias explicações, chegaram á conclusão de que o tal animalejo procurava engana- -los a ambos os partidos. Resolveram pois os antigos inimigos e agora amigos, em plena concordancia de votos, que todas as vezes que qualquer deles se encontrasse com o tal bicharoco dar-lhe uma boa sóva. Como esta sentença fosse proclamada em alto e bom som o morcego, que estava escondido num buraco dumas ruínas proxi- mas, ouviu-a apavorado. Desde esse tempo, e por esse motivo, o morcego só sai da toca quando as trevas da noite o protegem. Ouvi, pois e por tudo, o meu conselho: nao desejeis ser morcegos. Ben-Rosh ----- O calendario Israelita I O ano israelita compõe-se de 12 meses lunares. O começo do mes coincide sempre com o aparecimento da Lua Nova. Olhan- do-se para a lua sabe-se em que altura do mês se está. Vendo-se a lua nova sabe-se que começou um mês, lua cheia meio do mês, etc. A Thorah e a maior parte dos livros bi- blicos não indicam os nomes dos meses que agora usamos. Geralmente são indicados por 1.° mes, 2.° mês, etc., começando pelo primeiro mes da primavera; apesar disto al- guns mêses teem nomes especiais nestes livros biblicos: Abib (Dent. XVI, 1 e se- guintes), Ziv (1 Reis II, 1), Bul (1 Reis II, 38) Ethanim (1 Reis VIII, 2). Durante o capti- veiro de Babilonia os israelitas adoptaram os nomes dos meses usados na Caldeia e que desde essa epoca ficaram em uso entre nós: Nissan, Yiar, Sivan, Tamuz, Ab, Elul, Tishri, War Heslwan, Kislev, Tebett, She- bath e Adar. Para os assuntos civis ou ju- diciarios, começa-se o ano em Tishri. II Do tempo do Segundo Templo, era o Sanhedrin, e, depois da Destruição, era o Patriarca israelita, que decretavam em ses- são publica, a Neomenia ou Lua Nova. Era necessario para essa ceremonia que duas testemunhas declarassem ter visto a foicínha delgada da nova lua. Como a duração da revolução sindica da lua é de 29 dias e meio (em numeros re- dondos) um mes de 30 dias (plêno) era se- guido, em regra geral, dum mês de 29 dias (defectivo). A Neomenia ou Lua Nova era proclama- da com solenidade e anunciada não só na Judéa mas tambem em Babilonia. Transmi- tia-se esta noticia por meio de fogos repeti- dos de estação em estação, o que era de facil execução numa terra tão montanhosa como a Palestina. Quando chegava o dia duvidôso, isto é, o 30.° dia do mes (que tanto podia ser o ul- timo dó mês corrente como primeiro do mês seguinte), as comunidades mais proxi-
N.º 014, Tiskri 5689 (Set 1928)
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