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Ha-Lapid הלפיד


N.º 031, Tamuz 5690 (Jun-Jul 1930)







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 2                 HA-LAPÍD
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quem me encontro, forçou a responder aos teólogos
católicos que estavam em sua casa, e que assegura-
vam que me sería impossivel refutar um argumento
que eles me queriam propór.

Eu defendi-me por algum tempo alegando a
minha pouca capacidade: fiz-lhe vêr que ao disputar
sôbre a religião não se terminam nunca sem ofender
os ouvidos os ouvintes, que não tenham muitas ve-
zes outro conhecimento da Religião que profenam,
que não seja a de seus pais.

Mas nada me pode dispensar de entrar em luta,
e eis o argumento que estes douctores me deram para
resolver.

E' incontestavel que o Senhor revelou aos seus
Profetas tudo o que era necessário ao povo de Israel
para o confirmar na fé e na observação da sua divina
lei, para o avisar dos castigos com que o puniria se
não seguisse os seus preceitos, para o animar na
esperança da redempção depois do seu captiveiro e
para o instruir sobre os grandes acontecimentos que
éle devia afim de que não possa duvidar de todos os
bens que ele deve gosar observando os seus divinos
mandamentos ou todas as desgraças que lhe sucede-
rão se os despresou e seguiu outro caminho. Esta
verdade é egualmente conhecida e aprovada pelos
Judeus e Cristãos. Uns e outros confessam que isto
seria contra a ordem da divina Providência de ter
feito prevenir o povo escolhido pelos Profetas das
coisas de menor importancia e de lhe ter ocultado as
que ofendem mais a sua Magestade divina, e que são
de mais perigosa consequência para este povo.

Isto suposto como indubitavel, deduz-se por uma
consequência infalível que se a religião cristã é falsa
e inventada por a malícia dos homens, não tem havi-
do doutrina ou superstição mais injuriosa á vontade
de Deus nem cuja admissão possa ter as consequên-
cias mais funestas e mais perigosas para todo o uni-
verso. Era pois absolutamente necessário que Deus a
fizesse conhecer como tal por intermédio dos seus
Profetas, a fim de que o seu povo estando instruído,
não cometesse tão enorme crime. Ora não será capaz
de se encontrar um só lugar no texto sagrado nem
nos escritos proféticos que possa provar que Deus
avisou os israelitas da (falsidade da religiao Cristã.
portanto ela é verdadeira e deve sêr recebida por todo
o mundo. O Senhor não a tendo reprovado e tendo
feito convencer os israelitas pelos seus Profetas que
éles a deviam seguir.

Este argumento envolvido de várias razões plau-
siveis para convencer todos aqueles que se não que-
rem dar ao trabalho de as profundar, foi-' proposto
como insoluvel e dele julgaram convencer-me sem
réplica. Ouso no entanto assegurar que outros mais
solidos e mais poderosos me tem apresentado já que
não produziram éste efeito.

Sér-me-há muito fácil responder retorquindo-lhe
assim ao argumento: Se Deus por uma graça especial
se dignou fazer saber ao seu povo a maneira como se
devia governar, se ele o não desdenhau faze-lo ins-
truir sôbre coisas menos importantes como quereria
Ele esconder-lhe aquela que ele devia absolutamente
saber; a mais necessária para a sua salvação e aquela
que o teria liberto de todas as desgraças e de todas as
misérias de que ele sofre desde o captiveiro. Não é
por intermédio de oráculos obscuros, que se prestam
a todas as explicações que se lhe quizer dar, que este
povo escolhido de Deus deve sér instruido sobre uma
verdade tão importante. Nada é tam claro e tão inte-
ligivel como os preceitos que Deus deu a Moisés sô-



bre o Monte Sinai; e se os israelitas se não devessem
sugeitar a eles senão por um espsco de tempo limita-
do, se éles devessem vir um dia a seguir novos, eles
deveriam sem dificuldade ser preferidos pela boca
sagrada do divino legislador com a mesma clareza
que se dignou ter quando lhes deu tudo que se rala-
cionava com a regra notavel da sua conduta. Ora
sabe-se que não se encontra nem na Lei nem nos
profetas uma única palavra que marque esta mudan-
ça. O texto sagrado repete constantemente que esta
lei e estes preceitos são eternos. Portanto os Israelitas
tem razão em querer que todas as mudanças introdu-
zidas pelos homens são invenções preversas que eles
podem ter concebido por estarem destituidos da graça
do Senhor, e para tentar arrastar o seu povo a um
crime de lesa Magestade divina.

Posto que o que acabo de dizer é bastante para
destruir éste argumento e para fazer sentir a sua fra-
gilidade aqueles que tem umas noções de lógicas e
que sabem seguir um raciocínio em todas as sua;
consequências, quer imediatas quer mesmo afastadas
é preciso no entanto tratar de melhor convencer estes
Doutores, é preciso, repito, abrir-lhes os olhos e fa-
zer-lhes vêr que os israelitas seguem sempre o cami-
que lhes foi prescrito para salvação.

Em primeiro lugar a religião Cristã opõe-se direc-
tamente a unidade de Deus, ela fragmenta a sua
substância em três pessoas, ela faz Deus pai dum fi-
lho de Deus que participa igualmente com éle de toda
a sua Glória e este pai e este filho dão lugar a uma
terceira pessôa que procede do mutuo amôr que une
os dois. Esta doutrina não repugna somente ao bom
senso, ela é também contraditória com o texto sa-
grado:

"Escuta israel; o Senhor teu Deus é uno; esta
unidade é inconpativel com o tríplice Deus que os
Cristãos adoram. Poder-se há sem impiedade introdu-
zir a Divindade infinita nos termos limitados da hu-
manidade? Poder-se-ha pensar sem cometer um sacri-
em encerrar no seio duma mulher aquele que nem os
céus podem conter? Poder-se-ha fazer morrer o
auctor da vida sem cair nos erros dos pagãos? Será
permitido prestar fé a um dogma tam afastado da ra-
zão, da verosimelhança e do respeito que se deve ao
verdadeiro Deus? Poder-se-ha dizer, este homem é
Deus; Deus sofreu e morreu para libertar o género
humano. Certamente nada se pode inventar mais
afastado do senso comum, mesmo entre as nações bár-
baras, mais oposto á imortalidade de Deus, mais in-
digno e mais ultrajante para o seu infinito poder.

Para melhor estabelecer esta perniciosa doutrina,
destruem-se, anulam-se os preceitos da lei divina pro-
nunciados por a boca sagrada do Senhor sôbre o
monte Sinai para servir eternamente de regra aos Is-
raelitas com a proibição absoluta de adorar Deuses
que seus pais não conheceram. Segundo a confissão
de todas as pessoas imparciais o texto sagrado não
faz nenhuma menção a esta trindade que os cristãos
introduziram no mundo, explicando as profecias
num sentido contrário aquele em que os santos ho-
mens inspirados de Deus as anunciaram ao seu povo.
Se eles tivessem dito que ele devia renunciar à lei e
aos preceitos reiterados com tanta energia no Devie-
ronomio, éles teriam sido lapidados como impostores
Poderam éies proibir a circuncisão estabelecida para
sempre pela próprio Deus que, ordenando-a ao pa-
triarca Abraham, dizendo-lhe que seria um sinal de
aliança entre Ele e o seu povo. Numa palavra: a nova
lei introduzida depois da vinda de Jesus Cristo supri-


 
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