N.º 031, Tamuz 5690 (Jun-Jul 1930) > P03
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página

Ha-Lapid הלפיד


N.º 031, Tamuz 5690 (Jun-Jul 1930)







fechar




                 HA-LAPID                       3
==================================================

me todas as ordens legais, todos os preceitos, todas
as cerimonias e todo o culto de Deus tam claramente
expostos no Pentatenco. Porquê estas mudanças? Quem
as poderá ter autorisado? Haverá imperfeições em
Deus? Fixou-nos Ele um templo para seguir a lei sa-
grada e advirtiu nos Ele de seguir uma nova depois
do praso expiado? E' preciso no entanto que seja as-
sim para persuadir os israelitas a abandonar a sua
religião e adoptar uma nova: é preciso fazer-lhes vêr
a evidência que tal é a vontade do Senhor, e mostrar-
lhes as passagens do texto sagrado que os obriga a
esta mudança, se eles quizerem salvar-se.

Condenam-se com razão os pagãos que se fabri-
cavam Deuses de tudo o que se apresentava diante
dêles ou á sua imaginação. Não se encontrará esta
mesma pluralidade no Cristianismo, nas três pessoas
que participam eguaimente da Divindade? E' inutil
pretender que os três não são senao um; seria preciso
cair no erro do paganismo para adoptar um raciocí-
nio tam absurdo. A verdade é que os mais habeis
teólogos do Cristianismo teriam muita dificuldade em
provar a verdade duma doutrina tam oposta ao bom
senso.

E' inutil o argumento de que ela nasceu na Terra
Santa, que se publicou em Jerusalem e no Templo;
que isso é o bastante para a tornar santa e divina.
Eles jà não se recordam que quando apareceu o seu
egi-lador, os israelitas estavam sob o jugo dos ro-
manos e que a respeito desta triste situação, o sanhe-
drim, este senado tão céiedre, composto dos maiores
homens da nação Judaica, logo que descobriu estes
dogmas tam opostos á lei de Deus condenou e fez
morrer o auctor que os queria introduzir.

Eu confesso que foram os israelitas que quizeram
introduzi-los e que foram os primeiros a professá-los
depois de ter inventado, e que havia mesmo entre
éles sábios e bem instruídos na lei de Deus. Mas é in-
contestavel que o não fizeram senão pela libertinagem;

e que eles se dirigiram a tudo quanto havia de mais
ignorante entre o povo para os reduzir. Os costumes
corruptos dos Judeus que viviam nesse tempo contri-
buiram mais a formar esta funesta torrente que come-
çou por invadir a Judea, que os pretendidos milagres
de Jesus Cristo e dos seus apóstolos.

Dir-se-há que porque Lutero e Calvino, que eram
ambos muito sábios e Ministros da religião católica,
inventaram uma nova, os cristãos devem abandonar
a dêles para segui-los?

Quasi todo o império se uniu sob os estandartes
do primeiro; a França seguiu facilmente o segundo,
portanto esta religiao é divina.

Não é por conhecimento de causa que se muda
de religião; a maior parte daqueles que abandonam
aquela em que foram educados não saberão dar ne-
nhuma boa razão da sua mudança: Eles nunca ti-
veram outros princípios senão fazer como os seus
pais e seus avós; e o grande segredo do qual se servi-
ram para convencer nos começos do Cristianismo os
que seguiram um dogma tao oposto à lei de Deus,
consistiu nas dignidades, nas grandésass, nos bens e
nos empregos que se distribuíram aos libertinos que
não podiam viver na regularidade que é prescrita aos
filhos de israel; é o que os prende ainda aos seus er-
ros. O despreso, os tormentos, a escravatura, e perda
de bens são o prémio que se destina aos que sabendo
que não se saivarão se não voltarem ao culto do ver-
dadeiro Deus, qnerem expôr-se a tudo para salvar-se;
e encontram-se poucos que tenham bastante constan-
cia para sofrer tantos males. Eis aqui a base funda-
mental sôbre que se funda uma doutrina que Deus
proibe no texto sagrado. Ele bem previu que ela in-
festaria o mundo, e não será senão no tempo da ver-
dadeira redempção que ela será totalmente destruída,
     Continua).
                           OROBIO DE CASTRO
                    Judeu bragançano do seculo XVII

----------------------------------------------------

O QUE DIZEM DE NÓS

Transcrevemos do "Bulletin de Che-
ma Israel", n.° 49, de Paris, o seguinte:

Extrait de 1a Confèrence de Mme Lily
           Jean Javal

Le Capitaine Carlos de Barros Basto

Arthur Carlos de Barros Basto est ne'
d'une famille marane, em 1887, à Amarante,
petit vilie montagnarde du nord du Portu-
ga .

Au temps de la monarchie, ou n'employait
jamais le registre civil en province. Tous les
maranes et les protestants portugais, nés
avant la République (qui date de 1910) ont

reçu le baptême catholique. Ainsi furent
baptisés les parents du capitaine. Son grand-
-pére, qui était contrôleur des financas (con-
tador) et en apparence, libre penseur, gardait
au fond de l'âme la foi juive. Cet aieui
exerça sur lui une influence profonde. Il ré-
pétait à son petít-fils: "Nous sommes juífs",
et ouvrait sous ses yeux la Bible.

Arthur de Barros Basto se souvient en-
core de sa terreur enfantine lorsque des pro-
cessions de pénitents blancs en cagoules,
portant des torches, défiaient sous ses fenê-
tres, terreur héréditaire, disait-il. Il se rap-
pelle aussi qu'entraut á Yéglise aux une vieille
servente, il se détourna du crucifix eu dé-
clarant: "Non, ce n'est pas Dieu".

Em 1897, lorsque ie grand-père se sentit


 
Ha-Lapid_ano04-n031_03-Tamuz_5690_Jun-Jul_1930.png [149 KB]
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página