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Ha-Lapid הלפיד


N.º 036, Shebat 5691 (Jan-Fev 1931)







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 6              HA-LAPID
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O proselitismo entre
os Judeus

Em Paris o Rabbi Nathan Levy fez uma
conferencia sobre este tema, o qual em re-
sumo disse o seguinte:

-"Tereis jà lido ou ouvido dizer: "O
judaismo não taz proselitismo, -porque ele
professa que todos os justos, qualquer que
seja a sua confissão, teem parte no mundo
futuro". Ha uma pequena parte de verdade
nesta afirmação que faz honra ao judaismo,
testemunho do seu espirito de grande libe~
ralismo. Mas poder-se-hia comtudo fazer-lhe
uma censura: a de se mostrar egoísta, indi-
ferente para com os outros homens, porque,
possuindo uma doutrina de verdade não fez
ou não faz o preciso para espalhar esta dou-
trina á volta de si.

Ora, esta censura não é merecida, Israe
não faltou ao dever de fazer conhecer a
verdade, de atrair a si as nações, de fazer
proselitismo.

Abraham recebe a promessa que todos
os povos da terra serão abençoados na sua
posteridade-promessa que significa que as
verdades religiosas, os preceitos da mora-
lidade d'Israel, se tornarão o patrimonio da
Humanidade "uma fonte de bençãos para
todas as nações".

Não é certo que a palavra gher que en-
contramos muitas vezes mencionada na Es-
critura, designa, como o querem os nossos
doutores, o prosélito; mas mesmo que ela
não tenha senão a significação de estran-
geiro, como este estrangeiro é recomendado,
á protecção de todos, que é preciso ama-lo,
que êle tem todos os direitos do indigena
e que ele pode até tomar parte no sacrifi-
cio pascal, fazer-se circumcidar, ele entra
porisso mesmo no corpo da nação, ele tor-
na-se israelita; é um prosélito.

Póde-se citar uma multidão de prosélitos
desta espécie que vieram, nos tempos bi-
blicos, incorporar-se em Israel.

Mas é sobretudo na época dos grandes
profetas, pouco antes do exilio de Babilo-
nia, e á volta desse exilio, que Israel presta
provas da sua missão verdadeira, a de ser-
vir de luz ás nações, de fazer conhecer o
Deus unico até ás extremidades da terra.
Os prosélitos tornaram-se numerosos.

Mais tarde, quando o judaismo deu as
provas brilhantes da sua vitalidade, depois


das vitorias dos Macabeus. o proselitismo
judeu tomou um desenvolvimento até a1i
desconhecido. Ele floresceu sobretudo na
Dispersão, onde os judeus, encontrando-se
em face do paganismo, não hesitaram mais
em demonstrar a vaidade dele e glorifica-
ram, pelo contrario, a sua religião.

Os escritores alexandrinos, Filon entre
outros, esforçaram-se por demonstrar que
toda a sabedoria dos gregos está contida
nos livros sagrados dos judeus e deram ru-
des golpes no paganísmo. Uma multidão de
prosélitos foi atraída para o judaismo. Pela
época da ruína do segundo Templo, não
havia cidade da Asia, onde, ao lado de ju-
deus d'origem, não houvesse ali uma massa
de prosélitos, mais ou menos convertidos
ao judaismo e que são designados pelos
nomes de prosélitos da porta, homens pie-
dosos, homens justos, adoradores do Ceu,
adoradores do Altíssimo. A familia real de
Adiabene é convertida nessa época e mos-
tra se muito fiel ao judaismo.

Este movimento de propaganda é para-
lisado, ou quasi parado, pela queda de Je-
rusalem e pelo esmagamento do povo judeu.

Uma nova religião, o cristianismo pau-
lista aproveita esta ocasião inesperada, re-
colhe em boa parte, os frutos do proséli-
tismo judeu; ele encontra entre os semipro-
sélitos, os seus primeiros adeptos. Assim
não é de espantar, se a partir desie mo-
mento, tendencias bastante diversas se ma-
nifestam entre os rabinos, quanto á doutri-
na referente ao prosélitismo. Uns querem
que uma mão acolhedora seja estendida ao
prosélito; outros mostram-se mais descon-
fiados com ele, não o aceitam senão depois
de um exame muito serio dos motivos que
o trazem para o judaismo e impõem-lhe a
aceitação de todas as práticas religiosas.
Apesar das dificuldades acumuladas no ca-
minho do prosélito, o judaismo encontrará
ainda, mesmo na propria Roma, numerosos
aderentes.

O prosélitismo judeu, já condenado como
um crime pela lei romana, no 2. seculo,
será tornado impossivel depois do triunfo
definitivo do cristianismo que, por todos os
meios, se esforçará por impedir todo o
comercio, todo o contacto amigavel entre os
sectarios das duas religiões e não ficará sa-
tisfeito senão quando reduzir os judeus ao
estado de parias, inofensivos, portanto, daí
por diante.


 
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