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Ha-Lapid הלפיד


N.º 048, Tamuz 5692 (Jul 1932)







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 4                  HA-LAPID
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má situação dos seus negociosos um dos seus
amigos paga por êle, a divida nem por isso deixa de
ser paga e satisfeita, e a aquele que a recebeu não po-
deria dizer que teve a menor indulgencia com ele
não é senão ao amigo a quem ele deve ser grato. E'
a mesma coisa quando Deus quer que o pecador ex-
pie com rigor as faltas que cometeu mas de um ou-
tro: a sua misericordia não poderia agir, o que re-
pugna á verdade e ao bom senso. O texto sagrado
declara-o em termos formais: a misericordia de Deus
é manifestada em todas as suas obras.

Ainda qun se queira sustentar que para entrar
na graça de Deus é preciso satisfazer totalmente a
sua justiça, os cristãos não poderiam provar que en-
traram aí pela morte do Messias que adoram, era um
homem justo segundo os principios da sua religião,
santo e inocente êle não tinha nenhuma parte nos pe-
cados de Adão. Pode-se imaginar nada muis injusto
que fazer morrer a inocencia para expiar o crime dos
impios? O Senhor fará perecer o justo para safvar o
culpado? Ele assegura-nos positivamente o contrário
porque diz que cada um morrerá pelo seu pecado.

A justiça distributiva consiste em dar a cada
um o que lhe pertence, e quando a misericordia divi-
na modera o castigo do pecador, é com uma tal rec-
tidão que esta moderaçao chama-se justiça divina.
Mas nao existiria rectidao se o inocente pagasse pelo
culpado. Os filhos dos Amalecistas não morreriam
pelos pecados dos seus pais, mas por uma préscien-
cia divina que os sabia tão maus como êles.

Sucedeu o mesmo no tempo de diluvio em que o
Senhor permitiu que alguns homens que não tinham
cometido crimes morressem, prevendo que era preci-
so purificar o mundo de todas as más acções que te-
riam cometido se tivessem vivido e que por conse-
quencia esta punição precoce era necessária. Quando
David por ordem de Deus fez morrêr os ricos de
Saul, e porque êles tinham sido cumplices da morte
dos Gamboanitas. E' por esta punição que o seu
santo nome deve ser purificado em que punindo a
prevaricação do antigo fermento de Saul o de sua fa-
milia que a escritura chama a casa de sangue. Deus
quiz exterminar esta familia, mas nunca fez morrer
um homem para possuir o pecado que tinha come-
tido.

O Senhor julgou a sua morte necessária, porque
sabia que a sua vida teria sido um abismo de peca-
dos e de crimes. E' impossivel que um homem come-
ta uma acção má e que um outro seja por isso puni-
do. Os juizes estabelecidos no mundo inventaram a
opressão, a tortura e varias outras maneiras de ator-
mentar os maus para os condenar com mais exacti-
dão, e afim de que a sua sentença não seja dada se-
não depois de ter examinado o seu crime com toda a
circunspecção imaginavel, a maneira como o crime foi
cometido, e aqnele que o cometeu. E' de Deus que
teem o seu poder e é na sua divina lei que teem tira-
do as que observam na terra, e desde que Deus não
pode fazer com que o pecado de um seja a acção do
outro e não poderia querer exercer a sua justiça no
inocente e salvar o culpado, de onde se conclui evi-
dentemente que o Messias dos cristãos sendo o sim-
bolo da inocencia, não podia ser punido dum pecado
cometido tantos séculos antes da sua vinda; e não se
poderiam acusar os judeus de o ter feito morrer, pois
que segundo a doutrina cristã, êle não veio ao mun-
do senao para isso. Os israelitas executaram pois por
esta morte o decreto da justiça divina e os cristãos
devem-lhes a sua salvação. Com aquela ingratidão pa-

 

gam êles a mais importante obrigação replicar-se-á
sem duvida, que o genero humano experimente ainda
hoje a maldiçao de Deus pronunciou contra Adão
a sua posteridade. porque só ele e sua mulher tinham
cometido o pecado, e que assim Deus puniu todos os
homens do pecado que os dois primeiros cometeram.
Como eu pretendo responder num outro lugar mais
amplamente a esta objecção, eu direi aqui em poucas
palavras que é verdadeiro que Adão foi castigado
pelo seu pecado, mas que esta punição foi propor-
cionada à natureza humana. O Senhor tinha dado ao
primeiro homem grandes previlégios para a sua vida,
se soubesse conter-se no respeito e na obediencia que
devia ao seu creador, mas tendo transgredido as suas
ordens, êle, sua mulher e a sua posteridade foram
privados disso porque não os mantinham senao com
a graça do Senhor e não da sua justiça. isto não e
pois uma consequencia que, porque os homens não
gosassem mais desta graça concedida a Adão antes
do seu pecado, êtes sejam ainda castigados por estes
pecado. Ha uma enormissima diferença entre ser mor-
tificado pela cólera e pela justiça de Deus, e não es-
tar mais na posseda sua graça que retirou ao genero
humano, porqua éste tornou-se indigno disso. Os ho-
mens ficaram dotados de todas as perfeições cuja na-
tureza humana é suscetivel ainda que excluido de este
admiravel previlegio. Não é uma punição de Deus
para com eles pelo pecado de Adão; não gosam mais
e é verdade da mesma graça que o Senhor lhes tinha
concedido, mas o inocente nao é punido pelo culpado,
o que seja contrario á perfeita rectidao de Deus que
é inseparavet de todas as suas obras.

Dir-se-á sem duvida que o Messias morreu para
os homens voluntariamente, e que por consequencia
não foi Deus que condenou um inocente à morte foi
por um acto voluntario que a sofreu, é o desejo de
resgatar os homens pelo preço da sua vida para obter
do Senhor o perdão dos seus pecados. Se um homem
justo queria morrer para salvar um criminoso conde-
nado pela justiça, a sua proposição seria recebida?

Poder-se-a chamar-me a um tribunal onde se tenha
subscrito a um merecimento semelhante? Tudo se le-
vantaria contra uma sentença que soltasse o crimino-
so para fazer morrer um inocente. Seria transtomar a
ordem da natureza, autorisar o crime e encher toda a
terra de horror, se se condenassem os justos e se se
deixassem impunes os criminosos. Não saberei com-
preender como os cristãos ousam afirmar que o Pai
Eterno rei juiz de todos os juizes e o perfeito modelo
da justiça enviou seu filho que ele fez homem pelo
orgão do Espirito Santo, na unica intenção de o fazer
morrer para a salvação do genero humano, o que de-
monstraria infalivelniente que o Pai Eterno e o Espi-
rito Santo não teriam somente consentido e subscrito
numa morte injusta, mas que êles o teriam ordenado,
que teriam mesmo antes do nascimento de Jesus
Cristo, regulado todas as acções da sua vida ou para
que elas fossem criminosas afim de se tornar a sua
condenação justa, ou para o fazer morrer sem o ter
merecido. O que o Evangelho nos ensina não concor-
com este raciocinio. jesus Cristo no jardim das oli-
veiras suplica ao Pai Eterno para o dispensar, se é
posssivel, de beber o calice da amargura, mas que se
não é possivel, a sua vontade seja feita. Sam Paulo
diz que foi obedecendo até à morte que ele sofreu na
cruz. Visto que era o simbolo da inocencia, esta pu-
nição não poderia ser imputada aos juizes que o con-
denaram, eles foram quando muito os executores da
vontade do Pai Eterno que tinha resolvido desde toda


 
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