N.º 051, Kislev 5693 (Dez 1932) > P06
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página

Ha-Lapid הלפיד


N.º 051, Kislev 5693 (Dez 1932)







fechar




 6                HA-LAPID
=================================================

O ministro de Deus quere-nos fazer compreen-
der que Israel depois de ter perdido o seu reino e a
sua autoridade não mais será reconhecido. Tõdos
duvidarão da sua grandeza passada. Sem pátria, es-
passo por tôda a terra, desprezado de tôdas as na-
ções, quem poderá dizer que a sua geração foi tão
ilustre, que foi o povo escolhido de Deus, que foi êle
que Deus teve em vista na criação do mundo interro-
gai o vosso pai, e ele vos dirá, enterrogai os vossos
avós e êles vos instruirão. Quando o Mui Alto fez a
divisão dos povos. quando separou os filhos dos ho-
mens, marcou os limites de cada povo pelo amor dos
filhos de Israel; que prodigiosa metamorfose! pode
reconhecer-se êste povo sob uma ligura rastijante e
tão pouco semelhante ao seu antigo explendor. Nada
na mais certo do que a terra dos judeus significar a
terra de Israel. David no-lo faz ver duma maneira tão
clara que é impossivel duvidar disso; eu creio ver os
bens do Senhor na terra dos vivos .. eu irei deante
do Senhor na term dos vivos etc.

Ezequiel chama a jesusalém a terra dos vivos,
ela é assim chamada porque quando Israel os possuía
aí levava uma vida espiritual. Sacrificios contínuos
que oferecia a Deus produziam efeitos que se enviam
com o seu creador. O mesmo povo não mais pode
oferecer a Deus os seus holocaustos porque não os
quer receber senão na cidade santa que por este privi-
légio particular deve designar-se por terra dos vivos.

Eu tenho-o ferido por causa do meu povo. Eu
tenho já feito ver que para aplicar estas palavras ao
Messias tomava-se o singular pelo plural como está
no texto sagrado; com efeito para traduzir exacta-
mente necessário seria dizer eu os tenho ferido e não
eu o tenho ferido. Todos os autores cristãos que sa-
bem o hebreu confessam que a sua versão é inexacta
a éste respeito, deviam pois ter dado uma razão es-
sencial da alteração que fizeram a-fim-de que ninguém
ignorasse a verdadeira lição do texto e as razões que
tiveram para se afastar duma matéria em que se não
pode torcer muito a fidelidade, pois que a mais leve
mudança basta para dar lugar a opiniões opostas e
por consequência a questões, a cismas, a ódios e a
dissenções sempre funestas nos estados em que elas
se levantam. Os interpretes de que falo dizem bem
que não é o unico ponto da escritura em que isto é
permitido: como por exemplo nesta passagem, fize-
ram um idolo e humilharam-se deante dêle. Esta
particula, dizem êstes interpretes, está no plural e os
judeus como nós o explicam no singular; assim
neste versiculo deve ser tomada no mesmo sentido, e
por esta bela razão julgam ter provado suficiente-
mente que é do Messias que o Profeta fala. Este sub-
ter fugio é muito mal estabelecido; em primeiro lugar
é necessário ler também o ponto que êles citam; êles
fizeram um idolo e humilharam-se deante déles. Ainda
que pareça que está contra as regras da gramática em
que o adjeclivo deve sempre concordar com o subs-
tantivo, ha todavia muitos pontos no texto sagrado
em que se encontram estas espécies de faltas grama-
ticais, como por exemplo nêste; e todo o povo de
Israel se reuniram. Em lugar de dizer se reuniu, e
tôda o povo disseram, o teu povo são todos santos
em lugar de dizer é tudo santo. Mas isto sucede ape-
nas quando o número não é singular. Um povo com-
põe-se duma multidão de individuos; e neste caso o
texto sagrado confunde o singular com o plural.
Quando se diz idolo quere-se referir a tôdas as espé-
cies de idolos. Os cristãos sabem bem que o Senhor
os proíbe todos.

 

Mas concedamos aos Doutores cristãos que deve
traduzir-se eu o tenho ferido e não eu os tenho fe-
rido, que consequência podem êles tirar deste par-
tido? Até ao sexto versiculo são as nações que falam
não são introduzidas no resto do capitulo. O Profeta
lamenta unicamente as misérias do povo e anuncia
coisas que as nações não poderiam crér nem conce-
ber; como se vê nos versículos décimo, um decimo e
duodécimo do mesmo capitulo. Isaías depois de ter
profetisado as desgraças do povo de Israel dá a razão
do castigo_ rigoroso que éste experimenta e faz ver
que é mui justamente que Deus aflige o seu povo
escolhido. Diz que é porque êste povo se revoltou
contra Deus e que foi ingrato.

José diz que no tempo do segundo templo o povo
de Israel cometia crimes tão grandes que era impos-
sivel que êles ficassem impunes. Moisés pedisse éste
tratamento no seu cantico: o nosso Profeta o confir-
ma. "Abandonaram o Senhor, blasfemaram contra o
Senhor de Israel. A-inda que eu vos fira, vós juntais
pecados sobre pecados, tôda a cabeça está enfraque-
cida e torto o coração está abatido: desde a planta do
pé até á cabeça é apenas ferida, contusão, uma chaga
inflamada a que se não tem podido dar remédio.

Eis a maneira como êste povo ingrato deve ser
castigado. O Profeta serve-se das mesmas expressões
neste capítulo de que se serviu no quinquagéssimo
terceiro e é o que prova evidentemente que é de Israel
que êle fala; como ninguem ignora que o Senhor
chama a Israel o seu povo, mesmo no tempo em que
está irritado contra êle, é inutil citar as passagens
que provam esta verdade.

             VERSICULO NONO

Ele dará os maus para sua sepultura e os
ricos na sua morte

O povo de Israel perseguido sem cessar pelas na-
ções, oprimido de males e de miserias levava uma
vida tão miserável que se assemelhava a um verda-
deiro morto. E' isto que faz dizer ao profeta que se-
ria sepultado entre as nações, ue não gosaria mais
desta vida espiritual desde que osse expulso da terra
dos vivos. Ezequiel diz que a casa de Israel deve con-
tar-se como morta e enterrada quando está fóra da
sua patria, e com. o rico na sua morte.

O sentido literal dêste versículo é evidentemente
que o povo de Israel sem reino, sem governo e ba-
nido da terra santa. seria privado da vida espiritual
que o Senhor lhe comunicava na sua pátria, que se-
na sepultado como se estivesse morto entre os maus
e que ao mesmo tempo os ricos lhe fariam sofrer pela
sua tirania a morte até ao tempo da redenção.

Porque éle não cometeu iniquidades e porque
não saiu embuste da sua bôca.

Dir-se á a principio que estas palavras estão em
contradição com as do versiculo antecedente. E' bem
certo que Israel sofreu a cruel ferida do seu cativeiro,
para punição dos pecados enormes que cometeu, como
pode pois o Profeta dizer que não cometeu iniqui-
dade, que não saiu embuste da sua bôca? Ele não o
condenou tão cedo por criminoso como o absolveu
por inocente. Não ha portanto contradição alguma
nestas palavras, nada é mais fácil do que conciliá-las.
Israel culpado perante Deus, deve ser punido, pa-
gou ao seu benfeitor com a mais negra ingratidão.
Com relação ás nações, êle está inocente, não lhe fez
jamais mal algum e não pode ter sido castigado se
não com injustiça, ele não as enganou jamais. Com


 
Ha-Lapid_ano07-n051_06-Kislev_5693_Dez_1932.png [183 KB]
Primeira Página Página Anterior Diminuir imagem Imagem a 100% Aumentar imagem Próxima Página Última Página