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Ha-Lapid הלפיד


N.º 056, Lyar 5693 (Mai 1933)







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 2             HA-LAPID
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nário, o oficial superior, o grande indus-
trial e o grande agrário consideravam como
uma honra o ser introduzidos nos meios
intelectuais. financeiros e industriais Judeus,
o ser admitidos na sua intimidade E a
aristocracia cultivada conservava relações
seguidas com os Judeus. Pode dizer-se que
em geral a Alemanha nacionalista, já não
era praticamente inimiga dos Judeus; po-
der-se há quási afirmar o contrário.

Em todos os casos as brutalidades e as
perseguições anti-judaicas pareciam fora do
costume ordinário e de mau gôsto.

Depois da guerra, o ódio contra os Ju-
deus estava completamente banidu Fala-
va-se mesmo dar aos Judeus a possibili-
dade de entrar no partido nacional. E no
"Herreuklub", o famoso e exclusivo "Her-
reuklub", encontravam-se hospedes bem
acolhidos, de iminentes Judeus da bôa so-
ciedade, do mundo das finanças, do comér-
cio, das ciências, das letras, das artes. O
ódio contra os Judeus, nas suas formas
grosseiras e crueis, não ressuscitou senão
pelo partido nacional-socialista o que não
surpreende os que conhecem o programa
de furiosa violência e o brutal e selvagem
método de propaganda dos Nazis Com-
preende-se então como foi possivel enfure-
cer o povo alemão, de ordinário tão mes
tre dêle. de o impregnar de idêas sanguí-
nárías. Método duro, implacável que não
se preocupa com a verdade. O vocabulá-
rio político não é mais que uma colecção
de mentiras ás quais se ajuntam cantos de
ódios, apelos á violência, mesmo ao homi-
cidio. Sem descanço se ataca o Judaísmo;
sem descanço se fazem cair sobre êle tôdas
as responsabilidades. As secções de assalto
e os camisas castanhas lançam os seus ru-
des cantos, dos quais um dos estribilhos é,
por exemplo: "Nós homos os Judeus em
papas". (Nós esborrachamos os Judeus).

O grito de guerra habitual é, como se
sabe: "Alemanha desperta! Judeu arrebenta"
(juda verrecke!) e quando o "Judeu arre-
benta" é abandonado durante algum tempo,
é em breve retomado com o dôbro de vio-
lência. O grito "hep-hep" introduz se nos
cantos e clamores da rua. E' soltando este
grito que os Nazis perseguem os Judeus,
os assaltam e os sovam.

Não há como ler a literatura nacional-
socialista para compreender como se pode
transformar as massas em rebanhos de ani-



mais selvagens, mudar espiritos cultivados
em cérebros bárbaros.

Nos seus "Dez mandamentos do nacio-
nal-socialismo", Goebbels escrevia: -Tu di-
zes que o Judeu é um homem, eu respon-
do-te que a pulga é um animal, mas um
animal desagradável, e da mesma maneira
que se deve esmagar a pulga, se deve es-
magar o Judeu"

Semeado num, terreno tão infame, não
é surpreendente que o ódio contra os Ju-
deus produzisse semelhantes frutos. Foram
em primeiro lugar os novos que se torna-
ram anti-semitas, os empregados dos Judeus,
os fornecedores dos Judeus, todos os que
aproveitavam os Judeus, mas que deseja-
vam vingar-se dêles, porque lhes eram in-
feriores no ponto de vista social, econó-
mico e intelectual. Depois foram os cam-
poneses, os pequenos proprietários rurais,
quási todos estupidamente individados, e a
quem haviam dito. que só a "Républica
dos Judeus, era responsável por todo o
mal Em breve se juntaram a êles os que
perderam as posições. os despojados do
antigo império e da antiga armada, os ofi-
ciais baixados do lugar, os militares inferio-
res Depois vem a "nova geração" a que
agora tem 14 a 25 anos, os jovens que, no
fim da guerra não eram ainda senão crean-
ças.

Por todos estes homens que não atingi-
ram ainda a sua maturidade, mas que estão
já avidos de acção, o ódio contra os Judeus
foi fácilmente admitido, porque tudo que
tem o nome de ódio, violência, é rapida-
mente aceite pela nova geração alemã.

Eis a base sobre a qual assentará o
ódio contra os Judeus.

Daí lançar se-há e estenderá os seus ra-
mos para as camadas superiores. Muitos
jovens rasoáveis se deixaram arrastar com
mêdo que lhe censurassem o anti-naciona-
lismo Nacionalismo e ódio contra os Ju-
deus tornaram-se uma e a mesma fórmula

Compreende-se agora a violência em-
pregada pelo Terceiro Reich contra os
israelitas. Tôdas as outras promessas de
Hitler e dos seus tenentes não poderam
até agora ser mantidas e não poderão sê-lo
daqui para diante. A presa a lançar á malti-
lha foi e é o Judaísmo. Os Nazis fazem
montaria aos sábios, aos médicos, aos
advogados, aos actores aos escritores, aos
pintores e aos músicos; êles perseguem e


 
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