6 HA-LAPID ============================================= gesto de solidariedade humana, o povo ju- deu conta muitos valores que irão benefi- ciar as nações que generosamente os aco- lhem. Portugal, que deve uma parte das suas glórias passadas a esta raça, podia muito bem, por gratidão, isto para não evocar ou- tros motivos igualmente justífícados, atrair os judeus que fogem da Alemanha, conce- dendo-lhes facilidades de instalação na vida nacional. A "Gazeta" é um simples semanário, senão trataria do assunto com mais profun- deza e demonstraria as vantagens que dis- so adviriam para a débil economia nacio- nal. Mas, tal facto, não nos impedirá de voltar ao assunto, se o acharmos oportuno. De "Gazeta de Arouca". o o o O papel foi inventado pelos chinêses no primeiro seculo era vulgar. Da China, o papel penetrou na Asia Central e na Persia por uma estrada de caravanas, e atingiu Samarcanca, onde ha- via abundantes culturas de linho e canhamo que favoreceram a sua fabricação. Por intermedio dos arabes, ele se espa- lhou, desde o seculo VII, em todo o mundo mediterraneo. O dominio do Mediterranea pelos cor- sarios arabes separa o Oriente do Ocidente. Os navios vaidentais já se não arriscam a transportar para a Europa o papirus egíp- cio, assim como as especiarias. Além disso, o papirus era fragil e o seu uso parecia re- duzir-se à fabricação de torcidas de velas. O pergaminho custoso não teria pois tido concorrente na Europa, e no momento da descoberta da imprensa, o seu preço teria sido um obstaculo à sua difusao, se os arabes de Haspanha não o tivessem trazido com eles, para o Oeste da bacia mediterra- nea, esta maravilhosa invenção Investigações em arquivos e felizes des- cobertas permitem demonstrar que não foi na Italia, no seculo XII, como os eruditos o julgavam até agora, que o papel na Eu- ropa ali foi primeiramente fabricado. O papel foi conhecido na Hespania, desde o século VIII, como o testemunha um manuscrito hebreu descoberto por M. Pelliot e estudado por Filipe Berger, foi fabricado em Espanha a partir do século XI pelos judeus. Os moinhos em que os judeus fabricavam um papel de trapos, isto é, composto de fragmentos de linho e de esparto macerado em cal, depois moí- dos sob mós, e que se assemelhava a cer- tas qualidades de papeis modernos, encon- travam-se em Xavita, próximo de Valência. As determinações dos califas árabes, que tinham protegido a indústria dos ju- deus fabricantes do papel, fôram conserva- das em vigor pelos reis cristãos depois da conquista do reino de Aragão. Um decreto de Jaime I concedia aos judeus de Xativa o direito de fabricar pa- pel mediante um imposto de três dinheiros reais por rama. E isto in perpetuum. Até ao seculo XIV são citados os moi- nhos judeus de papel. Algum leitor a quem interesse este as- sunto deve ler o trabalho de André Blum "Les origines du papier" Edition du Tria- non - que foi publicado recentemente em Paris e do qual extraimos estas nótulas. o o o Uma mensauem do ilustre sabio Alberto Einstein Os actos da força bruta e da opressão contra todas as pessoas de espirito livre e contra os judeus, estes actos que tiveram lugar e que ainda têm lugar na Alemanha, felizmente despertaram a consciencia de todos os países que ficam fieis ao huma- nismo e às liberdades politicas. A Liga Internacional contra o antisemi- tismo adquiriu o grande mérito de defender a justiça realisando a união dos povos que não são contaminados pelo "virus" Nós podemos esperar que a reação será suficiente para perservar a Europa duma regressão à barbaria. Possam todos os amigos da nossa civi- lisação tão gravemente ameaçada, concen- trar todos os esforços afim de eliminar esta doença psíquica do monde. Eu estou com vosco.
N.º 056, Lyar 5693 (Mai 1933)
> P06