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Ha-Lapid הלפיד


N.º 056, Lyar 5693 (Mai 1933)







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               HA-LAPID               5
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As perseguições e violências que o povo
judeu tem sofrido, com heroíca abnegação,
desde que perdeu a sua nacionalidade, é
um dos maiores dramas que a história re-
gista em páginas onde a dor e o martírio
estão impressos. pondo-lhe aqui e ali laivos
de sangue, gemidos de vítimas, desesperos
de almas torturadas e aspirações desfeitas
de corações flagelados pela desgraça que
esvoaçava das cinzas dos cadáveres enguli-
dos pelas fogueiras sinistras da Santa In-
quisição, para supremo prazer do cruel fa-
natismo da época e preversos instintos de
exallados intolerantes realengos e fradescos.

Acusado de deicida, o povo de israel
sofre, há cerca de dois mil anos, o opróbio
de haver condenado à morte, pregando num
madeira em fórma de cruz, um homem que
se dizia um enviado de Deus, anteriormente
anunciado pelas profectas em seus horósco-
pos, e a quem pelas suas virtudes incom-
paraveis, saber e humildade, a consciência
universal classificou de inocente, fazendo,
por isso mesmo, pesar sôbre um povo in-
teiro o estigma duma maldição estupida,
como se o própria Jesus e sua família não
fôssem da mesma ascendencia dêsse pôvo
que, depois do proscrito da sua pátria, se
espargiu pelo mundo e sem que o rolar dos
séculos degenére as suas essenciais caracte-
risticas étnicas, a sua índole activa e labo-
riosa, os seus costumes e as suas tradições,
tam puras no seu atavismo transmissor,
aparte uma infima minoria que se deixou
submeter às coacções impostas pelos reis
fanáticos do século XVI e XVII e que se foi
adaptando as circunstâncias materiais e re-
ligiosas mais instantes e grosseiras, traindo
assim a sun raça, por medo uus-o que
até certo ponto se compreende -- e por con-
veniência outros-o que se não justifica
por nenhum principio nobremente humano.

Entretanto o mundo foi rolando na senda
fatal da civilização: reis e imperadores de
direito "divinos" viram ruir os seus tronos
para darem o lugar aos govêrnos do povo.


 
Com êstes surgiu a fatal transformação
das leis e dos costumes, o que modificou
completamente a mentalidade e a idiosin-
cracia das multidões.

Estabelecida a liberdade de consciência,
depressa cessaram as perseguições religio-
sas, cujas vitimas eram judeus, mouros e
protestantes, de preferência, porque eram
ricos, principalmente os primeiros, e as
suas riquezas aguçavam a cubiça dos te-
souros reais exaustos por dispêndios fabu-
losos em obras de inútil piedade. Quer
diz r'- a guerra aberta contra a "heresia" do
judaismo não tinha verdadeiramente o fim
de "depurar" as almas pelo fôgo, mas sim
um meio de extorção, para não dizer uma
guerra de pilhagem e bandoleirismo medie-
val, que era o de facto!

Estas considerações vem a propósito
das recentes manifestações anti-semitas que
os "nazís" ou sejam os fascistas alemães,
desencadearam em tôda a Conderação Ger-
mânica, prendendo, enxovalhando e até
assassinando milhares de judeus seus com-
patriotas, com uma fúria tal que nós temos
a convicção de que a Alemanha operou um
movimento de récuo, dando-nos, por conse-
guinte, a impressão da sua decadência mo-
ral, já agora tão evidente com os actos de
barbarismos ali postos em prática por hor-
das de desvairados, que gozam de benevo-
lência e protecção oficiais.

Taís perseguições provocaram em todo
o mundo um movimento de justificada re-
pulsa, mesmo até entre os católicos da
América e da França, êstes pela pena do
arcebispo de Paris, cardial Verdier, que não
exitou em escrever ao grande rabino da co-
munidade judaica francesa, protestando con-
tra as violências exercidas sôbre os judeus
alemães.

Hitler, o inspirador da campanha do
anti-semitismo alemão, sofreu a sua primei-
ra derrota moral, pois, medindo o perigo
da revolta da consciência universal e as
conseqüências desastrosas que isso acarre-
taria à economia do Reich, deu ordens
para a suspensão da campanha.

Antes assim. Mas apesar dessas ordens,
a má vontade contra o povo judeu ainda se
manifesta com ruidosa loucura. Muitos his-
raelitas, para estarem a coberto de quais-
quer eventualidades desagradáveis, procu-
ram azilo no estrangeiro que, solicito, lhes
oferece hospitalidade, pois, sôbre ser um


 
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