N.° 56 PORTO - Iyar de 5693 (Maio de 1933 e. v.) ANO VII ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos e para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | aponta-vos o ca- busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | minho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) Órgão da Comunidade Israelita do Porto ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECTOR E EDITOR: -A. C. os BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA Empresa DIARIO DO PORTO, Lda REDACÇÃO-Rua Guerra Junqueiro, 340-Porto || Rua de S. Bento da Victoria, 10 (Toda a correspondencia deve ser dirigida ao director) || ---------------- P O R T O ---------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- O destino dos Judeus Alemães Pelo Dr. Henri Theophile Blane Olhamos bem de frente a situação, não tomamos senão os factos de que estamos seguros, pondo de lado tôdo o trabalho da nossa imaginação: é certo que avida psicica e moral dos Judeus alemães está destruída, que a sua existência material se tornou extremamente difícil, senão comple- tamente impossivel, e que não há mais ne- nhuma espécie de garantia para a segurança da sua vida. Um Estado governado pelo direito tem para com os seus nacionais, como para os estrangeiros que o habitam, obrigações que lhe são impostas pelas leis nacionais e in- ternacionais, e é cumprindo estas obriga- ções que o Estado se torna o instrumento duma cultura duma civilização, duma polí- tica verdadeiramente humana. Na Alema- nha estas obrigações tem estado simples- mente anuladas. Deram lugar á imorali- dade, á anarquia, ao caos. Qualquer destas palavras resume bem a situação dos Judeus alemães. Para a compreender não devemos es- quecer que muitos israelitas ocuparam, na Alemanha, um lugar preponderante em todos os dominios, na ecónomia social e política, na vida intelectual e na sociedade, nas emprezas caritativas, em tôda a parte Em que as grandes e belas obras nos colo- cam na vida do progresso e nos asseguram um futuro melhor. Para demonstrar isto e apaia-lo sôbre factos, seria necessário escrever a história da Alemanha moderna e tambem a da Prus- sia dos dois últimos séculos: Depois de Frederico, o Grande, a eman- cipação dos Judeus era praticamente reco- nhecida. Desde então os Judeus alemães. prestaram duma maneira poderosa e com- pletamente natural o auxilio á edificação do Estado. Tornaram-se notáveis pelas suas obras e contribuiram para a glória e o poder do país. Feito único nos anais da moderna cí- vilização europeia: os demagogos, os par- tidários duma política de violência conse- seguiram diminuir as suas grandes obras desacreditá-las, aboli-las. isto tem, a meu ver, a vulgar e a mise- ràvel mentalidade das classes superiores do antigo regimem: grandes agrários, grandes senhores, militares. industriais importantes, etc Mas estes melhores encontravam~se progressivamente afinidos; pouco a pouco abandonaram as formas brutais do antise- mitismo. Não subsistiu mais do que uma certa aversão contra os Judeus, uma ligeira suspeita; isto frequentemente não era senão uma espécie de neutralidade; no conjunto, a malevolência e as brutalidades haviam desaparecido Nos anos que precederam a guerrao próprio alemão nacionalista, o alto funcio-
N.º 056, Lyar 5693 (Mai 1933)
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