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N.º 066, Elul 5694 (Ago 1934)







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 2                 HA-LAPÍD
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cem ter sido oferecidos a Hispam, rei de Espanha.
que os solicitou por o ter auxiliado na sua empresa;
outros vieram, talvez, voluntariamente.

4.a - Quando Tito, filho de Vespasiano, impera-
dor da antiga e orgulhosa dominadora de quási todo
o mundo, Roma. no ano 70 antes da E. V., destruiu
0 segundo templo, mais Judeus foram constrangidos
a aportar às paragens ocidentais, uns como escravos
e outros fugitivos.

5.a - Outra vinda se deu ainda no tempo do
imperador romano Adriano, em principios do século
II E.V.

Os Judeus se subievaram no seu reinadoe êle,
como castigo e, ao mesmo tempo, com o fim de am-
pliar os seus tesouros, naquela época decadentes,
vendeu como escravos para a Peninsula Ibérica.

6.a - Há alguns historiadores que opiniam que
muitos judeus vieram tambem após a invasão dos
Arabes, mais ou menos no século VIII da E. V.
Dizem êles que, quando aqueles se apoderaram por
completo da Ibéria, os habitantes haviam parece, que
desaparecido. Era necessario colonizar de novo e para
isso ofereceram aos seus correligionarics do Oriente
muitas garantias caso quisessem vir habitar a Peninsu-
la. Este oferecimento foi aceite e muitos Arabes vi-
eram, contando-se entre éles grande numero de familias
judaicas.

7.a - Finalmente a grande vinda dos Judeus para
Portugal foi no ano 1492, quando os reis católicos.
Fernando e Isabel, os expulsaram de Espanha.

Antes de imigrarem para Portugal pediram a res-
pectiva autorização ao monarca então reinante, o
"Principe Perfeito", D. João II. Este concedeu-lha
mediante o pagamento de importantes somas, que
enriqueceram os seus tesouros, e em condições rigo-
rosissimas.

                    o o o

Quando D. Afonso Henriques, o "Conquistador"
subiu ao trono, cerca do 1128, já muitos Judeus vi-
viam em Portugal, em prosperas condições, como se
prova pelo encontro duma Sinagoga e uma florescente
comunidade em Santarém, quando esta cidade foi
conquistada aos mouros. Foi este um rei tolerante
para com os Judeus e aproveitou-os, como habeis,
guerreiros que eram, nas suas inumeras conquistas.
A um D. Yahia ben Yaisch, concedeu, como prémio
dos seus valiosos serviços, o uso dum brasão repre-
sentando um campo com uma cabeça de mouro ao
centro.

O seu filho. D. Sancho I, o "Povoador" (1185-
-1211) seguiu o exemplo de tolerancia legado por seu
pai.
No meu almoxerife-mór do reino a Yoseph bem
Yahia, autorizando tambem a fundação da primeira
sinagoga em Lisboa.

O seu sucessor, D. Afonso II, (1211-1223) não foi
bem um protetor, mas tambem não se pode dizer que
foi desfavoravel aos Judeus.

Continuaram a protecção, sobretudo dos dois
primeiros reis, D. Sancho II (1223-1248), D. Afonso
III (1248-1279), D. Diníz (1279-1325), mas no reinado
de D. Afonso VI, o "Bravo" (1325-1357) as condições
dos Judeus mudaram-se. Foram obrigados a andar
com um distintivo no chapeu (estrela hexagonal), ex-
cluídos dos cargos publicos, para que antes eram até
preferidos, e tiveram de pagar impostos por tudo, até
mesmo por uma galinha que matassem.

D. Pedro I (1357-1307) deve citar-se na sucessão
dos reis protectores dos Judeus. Como "Justiceiro"
não pode deixar de lhe fazer justiça. E facto que
castigou dois sinceros amigos por terem matado um
Judeu.

No reinado de D. Fernando (1367-1383) os espa-
nhois invadiram ao reino entrando em Lisbôa. Os
habitantes, para não caírem nas mãos dos invasores,
incendiaram os pontos mais importantes da capital e,
entre éles a Judiaria.

D. Leonor Teles, regente do reino por sua morte
excluiu os Judeus dos cargos publicos, não por agra-
do proprio, mas para se tornar agradavel ao povo.

De algumas sublevações populares nesta época
foram os Judeus salvos pelo mestre de Avis, aclama-
do rei pelo povo. Ao subir ao trono (1385), publicou
leis rigorosas para com os Judeus, entre as quais,
contudo, ainda havia algumas tendentes a regularizar
a sua vida.

Seu filho, o "Eloquente" D. Duarte despresou os
conselhos dum Judeu notavel do seu tempo, mestre
Guedelha ou Guedália, astrônomo, que lhe previu
um funesto reinado se se fizesse aclamar antes do meio
dia, visto que a hora não era recomendavel pelo seu
horoscópio, previsão que, por coincidencia, foi con-
firmada.

O mesmo não fez oseu secessor D. Afonso V.
Seguiu os conselhos de D . Guedelha e, por mais uma
coincidencia ainda, teve um reinado feliz.

D. João II ocupou a seguir a cadeira real. Foi
nesta ocasião que os Judeus vindos de Espanha en-
traram em Portugal, como já disse. Entre as notabi-
lidades judaicas do seu tempo, ocupa o primeiro lugar
o almoxerife e rabbi-mór do reino, D. Isaac Abarba-
nel. Como fosse acusado de tomar parte numa cons-
piração planeada contra o rei; teve de fugir para Es-
panha, onde, mais uma vez, desempenhou o cargo de
almoxerife-mór dos reis catolicos. Quando a expulsão
foi decretadu partiu para Itàlia e morreu em Veneza.
Teve dois filhos, Juda Leão ou Juda Abarbanel e Sa-
innel Abarbanel. O primeiro e mais importante, era
médico e escreveu um livro, óptimamente acolhido
pelo povo intitulado "Dialoghi di Amore". Entre as
obras de Isaac Abarbanel devem citar-se: "Comentá-
rio ao livro de Daniel" e "Comentário ao Pentateuco".

Não se podem também suprimir neste resumidis-
simo relato os nomes de Mestre Vizinho (de Vizeu) e
Mestre Rodrigo, célebres matemáticose astrólogos,
(é opurtuno dizer que "mestre" aqui é sinómino de
"doutor").

Foram os principais membros duma Junta funda-
da por D . João II, "Junta dos Matemáticos", cujo
principal invento foi o astrolábio náutico, instrumen-
to de grande utilidade para as viagens por mares
nunca dantes navegados".

Também viveu neste reinado (e no seguinte, de
D. Manoel, o "Venturoso") um outro Judeu, Abraham
Zâcuto cujo nome é inapagavel na história-patria de
Israel e portuguesa, e que foi o mais célebre matema-
tico e astrônomo dos seus tempos. A éle devem mui-
to as descobertas portuguesas dos séculos XV s XVI-
Encorajou o rei, se é que precisava de vés dos mares,
os navegadores que depois se imortalizaram e prome-
teu-lhe o bom sucesso, caso se não desviassem muito
do caminho mais ou menos previsto Também deu as
necessárias instruções a Vasco da Gama, quando se
encaminhava para a India. Havia já sido professor de
astromonia na universidade de Salamanca em Espa-


 
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