HA-LAPID 5 ========================================== que cada um tome a sua espada; passai e repassai diante de todas as tendas e matai, sem piedade os que encontrardes prestando culto aos ídolos". Obedeceram os filhos de Levi e, nesse dia, mataram cerca de três mil homens. Depois, Moisés suplicou, ao Senhor, perdão para o povo, que tão severamente havia expiàdo o pecado. O perdão foi con- cedido. Subiu mais uma vez ao Monte com duas tábuas, sobre as quais foram escritos de novo os Dez Mandamentos. Decálogo. E mais quarenta dias permaneceu no monte sem que, nem pão nem água se apro- xímasse dos seus lábios. (Cantinúa) * * * Tarsis na Tradução Bíblica (Subtsidio para o estudo de Portugal proto-histórico) (Continuação do N.° 65) estes eram divididas as ilhas dos gentios. Esta refe- rência nos conduz para a parte ocidental do Mediter- râneo. Tal conclusão é fácil de tirar pelos textos cita- dos; no livro de Jonas, vemos que éste profeta toma lugar num navio ancorado no porto de Jafa para ir para Tarsis; vimos também que havia uns certos na- vios denominados de Tarsis o que nos indica ter Tar- sis ser um porto de mar. No Salmo LXXII fala-se nos réis de Tarsis e das ilhas, o que nos parece indicar que Tarsis não era só uma cidade, mas também uma região, governada pelo menos por um réi. No livro das Crónicas, nos trechos citados, ve- mos que os navios hebreus e fenícios traziam de lá: ouro, prata, marfim, macacos e pavões; e que um ven- to Leste havia detruido umas embarcações. Isto nos indica a sua posição para Oeste da Palestina, e pela carga de (marfim, macacos e pavões) nos parece ser muito próximo de Africa, região onde existiam êsses produtos. Em Isaías já citado, vimos que as populações de Tarsis, de Pul, de Zud, hábeis em atirar ao arco, e junto a esta referência fala-se em ilhas longínquas. Ora a Peninsula Ibérica ficava longe da Palestina, e o seu próprio nome Ibéria pode ser um nome hebreu- -fenício I-iber (a Ilha d'Alem). Sabemos pelos historia- dores romanos serem os povos peninsulares (especial- mente os lusitanos), hábeis no arremêsso do dardo. Pela referência aos mercadores de Tarsis e aos seus leõezinhos e que parece indicar guerreiros, não é de- masiada ousadia ver nestes leõezinhos gente vaiorosa dos indígenas de Tarsis, e se, como julgo, são os ibe- ros, bem aguerridos eram êles. Como argumento que possa ser apresentado con- tra o que deixamos dito, há a afirmação das Crónicas de que Josafat mandou construir em Ecion-Geber, navios que destinava a Tarsis. Ora Ecion-Geber era situada no ramo Este do Mar Vermelho. Este argumento não é tão forte que destrua to- dos os outros, pois podia entender-se neste texto que os navios foram construidos nas praias mediterraneas da região de Ecion-Geber e não nesta mesma locali- ade. De tudo que deixamos dito vimos que Tarsis era um pôrto comercial importante que fornecia ouro e prata, pedrarias, etc , para o povo fenício e hebraico, e que possivelmente este põrto, situado a Oeste da Palestina e de Chipre (Kittin), era da Peninsula Ibérica. Vamos agora procurar referências nos escritores gregos e romanos para vermos se é confirmada a nos- sa opinião. Arriano, em Alexandre III, 86, diz que Tartessus na Espanha tinha sido uma colónia fenícia. Strabão (III) e Diodro da Sicília (V. 35) dizem que Tartessus é alamado por possuir minas de ouro e prata, o que concorda com a descrição de Jeremias e de Ezequiel. Diodoro Siculos (V, 38) diz que o estanho era também procurado na Espanha, e Plinio (Hist. nat. III, 4) diz: Quási tôda a Espanha abunda nos metais: chumbo, ferro, cobre, prata e ouro. Estrabão diz-nos (II, 82) que Tiro fundou 300 ci- dades na costa Oeste de África e 200 no Sudoeste de Espanha. Herodoto (IV, 152) e Meia (II, 6) nos dizem que todo o pais a Oeste de Gibraltar se chamava Tartes- sus. Strabão (III, II, 14) refere-se que os fenícios che- garam ao Sudoeste da Ibéria no século XII antes da era vulgar. Apolónio, num roteiro fenicio que refere, indica Tartessus despois de Gades (Cadix). Cadix ou Agadir foi fundada pelos fenícios cêrca de 1100 antes da era vulgar. A região de Tartessus era para os romanos a re- gião andaluza a Leste do Guadiana e parece que al- guns incluiram também o nosso Algarve. Mas haverá identidade entre Tarsis e Tartessus? No quinto século antes da era vulgar o aramaico procurava já dominar as linguas da Mesopotamia, Siria e Palestina. Ora a maior parte dos termos do aramaico ocidental assemelhavam-se aos termos he- braico, e entre os que não são absolutamente seme- lhantes, a maior parte teem por diferença apenas uma letra ajuntada, tirada, transposta ou mudada noutra, por exemplo: aramaico Therá, hebraico Shaâr =por- ta. O Shim hebraico mudava para o armaicc em Th. T., ou S. Aplicando esta regra no termo Tharshish dá-nos Thartis e como primitivamente Tartesus se escrevia Tartisis, vemos que o nome é semelhante. Resta-nos saber se existe ainda hoje na Peninsula Ibérica algum vestígio de Tarsis na região de Tartes- sus Sabemos que no século VI antes da era vulgar os Tartessios tentaram apoderar-se de Cadix, a qual pe- diu auxilio de Cartago, que os socorreu e as cidades de Hibera e a de Tartesso foram destruídas. Apesar disto talvez uma nova povoação no mesmo ou noutro local da mesma zona se criasse. Efectivamente ainda hoje no distrito de Huelva, não longo das importantes minas de cobre de Rio Tinto, junto ao rio Odiel, entre este e o Guadiana existe uma povoação com estação de Caminho de Fer- ro que tem o nome de Tharsis. A. C. de Barros Basto (Ben Rosh).
N.º 066, Elul 5694 (Ago 1934)
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