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Ha-Lapid הלפיד


N.º 066, Elul 5694 (Ago 1934)







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             HA-LAPID                   5
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que cada um tome a sua espada; passai e
repassai diante de todas as tendas e matai,
sem piedade os que encontrardes prestando
culto aos ídolos".
Obedeceram os filhos de Levi e, nesse
dia, mataram cerca de três mil homens.
Depois, Moisés suplicou, ao Senhor,
perdão para o povo, que tão severamente
havia expiàdo o pecado. O perdão foi con-
cedido. Subiu mais uma vez ao Monte com
duas tábuas, sobre as quais foram escritos
de novo os Dez Mandamentos. Decálogo.
E mais quarenta dias permaneceu no
monte sem que, nem pão nem água se apro-
xímasse dos seus lábios.
                             (Cantinúa)

                  *
              *       *

      Tarsis na Tradução Bíblica

      (Subtsidio para o estudo
      de Portugal proto-histórico)

         (Continuação do N.° 65)

estes eram divididas as ilhas dos gentios. Esta refe-
rência nos conduz para a parte ocidental do Mediter-
râneo. Tal conclusão é fácil de tirar pelos textos cita-
dos; no livro de Jonas, vemos que éste profeta toma
lugar num navio ancorado no porto de Jafa para ir
para Tarsis; vimos também que havia uns certos na-
vios denominados de Tarsis o que nos indica ter Tar-
sis ser um porto de mar.

No Salmo LXXII fala-se nos réis de Tarsis e das
ilhas, o que nos parece indicar que Tarsis não era só
uma cidade, mas também uma região, governada pelo
menos por um réi.

No livro das Crónicas, nos trechos citados, ve-
mos que os navios hebreus e fenícios traziam de lá:
ouro, prata, marfim, macacos e pavões; e que um ven-
to Leste havia detruido umas embarcações. Isto nos
indica a sua posição para Oeste da Palestina, e pela
carga de (marfim, macacos e pavões) nos parece ser
muito próximo de Africa, região onde existiam êsses
produtos.
Em Isaías já citado, vimos que as populações de
Tarsis, de Pul, de Zud, hábeis em atirar ao arco, e
junto a esta referência fala-se em ilhas longínquas.
Ora a Peninsula Ibérica ficava longe da Palestina, e
o seu próprio nome Ibéria pode ser um nome hebreu-
-fenício I-iber (a Ilha d'Alem). Sabemos pelos historia-
dores romanos serem os povos peninsulares (especial-
mente os lusitanos), hábeis no arremêsso do dardo.
Pela referência aos mercadores de Tarsis e aos seus
leõezinhos e que parece indicar guerreiros, não é de-
masiada ousadia ver nestes leõezinhos gente vaiorosa
dos indígenas de Tarsis, e se, como julgo, são os ibe-
ros, bem aguerridos eram êles.

Como argumento que possa ser apresentado con-
tra o que deixamos dito, há a afirmação das Crónicas
de que Josafat mandou construir em Ecion-Geber,


 
navios que destinava a Tarsis. Ora Ecion-Geber era
situada no ramo Este do Mar Vermelho.

Este argumento não é tão forte que destrua to-
dos os outros, pois podia entender-se neste texto que
os navios foram construidos nas praias mediterraneas
da região de Ecion-Geber e não nesta mesma locali-
ade.

De tudo que deixamos dito vimos que Tarsis era
um pôrto comercial importante que fornecia ouro e
prata, pedrarias, etc , para o povo fenício e hebraico,
e que possivelmente este põrto, situado a Oeste da
Palestina e de Chipre (Kittin), era da Peninsula Ibérica.

Vamos agora procurar referências nos escritores
gregos e romanos para vermos se é confirmada a nos-
sa opinião.

Arriano, em Alexandre III, 86, diz que Tartessus
na Espanha tinha sido uma colónia fenícia.

Strabão (III) e Diodro da Sicília (V. 35) dizem
que Tartessus é alamado por possuir minas de ouro e
prata, o que concorda com a descrição de Jeremias e
de Ezequiel.

Diodoro Siculos (V, 38) diz que o estanho era
também procurado na Espanha, e Plinio (Hist. nat.
III, 4) diz: Quási tôda a Espanha abunda nos metais:
chumbo, ferro, cobre, prata e ouro.

Estrabão diz-nos (II, 82) que Tiro fundou 300 ci-
dades na costa Oeste de África e 200 no Sudoeste de
Espanha.

Herodoto (IV, 152) e Meia (II, 6) nos dizem que
todo o pais a Oeste de Gibraltar se chamava Tartes-
sus.

Strabão (III, II, 14) refere-se que os fenícios che-
garam ao Sudoeste da Ibéria no século XII antes da
era vulgar.

Apolónio, num roteiro fenicio que refere, indica
Tartessus despois de Gades (Cadix). Cadix ou Agadir
foi fundada pelos fenícios cêrca de 1100 antes da era
vulgar.

A região de Tartessus era para os romanos a re-
gião andaluza a Leste do Guadiana e parece que al-
guns incluiram também o nosso Algarve.

Mas haverá identidade entre Tarsis e Tartessus?

No quinto século antes da era vulgar o aramaico
procurava já dominar as linguas da Mesopotamia,
Siria e Palestina. Ora a maior parte dos termos do
aramaico ocidental assemelhavam-se aos termos he-
braico, e entre os que não são absolutamente seme-
lhantes, a maior parte teem por diferença apenas uma
letra ajuntada, tirada, transposta ou mudada noutra,
por exemplo: aramaico Therá, hebraico Shaâr =por-
ta. O Shim hebraico mudava para o armaicc em Th.
T., ou S. Aplicando esta regra no termo Tharshish
dá-nos Thartis e como primitivamente Tartesus se
escrevia Tartisis, vemos que o nome é semelhante.

Resta-nos saber se existe ainda hoje na Peninsula
Ibérica algum vestígio de Tarsis na região de Tartes-
sus

Sabemos que no século VI antes da era vulgar os
Tartessios tentaram apoderar-se de Cadix, a qual pe-
diu auxilio de Cartago, que os socorreu e as cidades
de Hibera e a de Tartesso foram destruídas. Apesar
disto talvez uma nova povoação no mesmo ou noutro
local da mesma zona se criasse.

Efectivamente ainda hoje no distrito de Huelva,
não longo das importantes minas de cobre de Rio
Tinto, junto ao rio Odiel, entre este e o Guadiana
existe uma povoação com estação de Caminho de Fer-
ro que tem o nome de Tharsis.

                A. C. de Barros Basto (Ben Rosh).


 
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