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N.º 066, Elul 5694 (Ago 1934)







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6                 HA-LAPÍD
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        Os antepassados da Ma-
            rinha francesa

         Os Gradis do Bordeus

A historia não é feita somente de faça-
nhas guerreiras e de conquistas. O comercio
que se estende, a prosperidade que cresce a
influencia que irradia, a conquista dos mer-
cados exteriores, tudo isto é a base da histo-
ria dum pais, e a vida das grandes famílias
é indispensavel ao conhecimento da nossa
historia geral

        Oito gerações de armadores

A família Gradis, oriunda de Portugal,
estabeleceu-se em Bordeus no século XVII
(1.°). Os Gradis não eram, apenas pequenos
comerciantes. No fim do reinado de Luis
XIV., Samuel Gradis fundou, com seu filho
Benjamin, uma casa de armamento, sôb a
firma "Gradis pai & filho" para traficar com
as ilhas da América, isto é, para trocar arti-
gos de pacotilha por productos coloniais.

Em 1732 a frota dos Gradis era de seis
navios dos quais o mais importante era le
parfait, duma capacidade de 450 toneladas.

       Abraham Gradis armador do rei

De 1744 a 1780 a historia da frota co-
mercial dos Gradis está ligada á História de
França, à das guerras marítimas com os
Ingleses-

A pirataria infestava os mares mesmo
fora do tempo de guerra, e os navios de co-
mercio eram todos obrigatoriamente armados
de canhões.

            Uma rude tarefa

Os armadores que organisavarn expedições
por conta de França faziam todos os adianta-
mentos e não eram reembolçados senão do
preço do frete das operações. Era-lhes pre-
ciso contar não sómente com os riscos da
presa mas com a enercia do rei e a incapaci-
dade dos ministros (2.°): a falta de crédito e
e defesa de organisação. Durante a Guerra
de Sete Anos (1756-1763) "Abraham Gra-

 

dis, disse Camille Jullian, pareceu proteger
e representar a França mais que a própria
realesa".

A grande expedição de 1758 á nova Fran-
ça compreendia quatorze navios armados por
Gradis. Apenas um destes navios, o Ninfa
voltou a Bordeus; os outros treze perderam-
-se por captura ou naufragío. Gradis não fo¡
inteiramente pago dos seus adiantamentos
senão em Dezembro 1760.

Jamais contudo, êle conheceu o azedume
ou o desencorjamento.

          O pai da Marinha

Um dia, no decorrer duma audiencia no
gabinete de Berryer de Ravenoville, ministro
da Marinha em 1759 os oficiais de marinha,
presentes prestaram homenagem espontanea-
mente a Gradis e declararam ao ministro
que ninguem tinha prestado tantos serviços
ao Estado. Este testemunho excecional de
aristocratas a favor de um negociante israe-
lita para mostrar em que consideração Gra-
dis era tido pelos oficiais. Um deles M. de
Bauffremont, alguns anos depois escrevia-lhe
numa carta: "Vós sois o pai da Marinha".

           Choiseul e Gradis

Gradis tinha sabido conquistar a estima
de todos, tanto pela rectidão e pela sua bon-
dade como pela sua grande habilidade. De
1763 a 1780 ele torna-se o grande fornece-
dor das nossas colonias. Choiseul, ministro
da marinha de 1761 a 1766 tinha nele a
maior confiança do que deu várias cartas
ilogiosas e a importancia crescente das
missões das quais Gradis foi encarregado.

Os sucessores de Choiseul: Praslin. Ter-
ray, de Boynes, Turgot, Sartine, não tiveram
senão elogiar-se do modo como Gradis apro-
visionou as nossas ilhas das Antilhas e as
nossas feitorias da India.

Gradis foi mesmo durante algum tempo
para as remessas de ouro ás Antilhas o as-
sociado de Beaumarchais, o pai do imortal
Figaro.

              Em honraria

Abraham Gradis era tratado como igual
pelos grandes fidalgos. O duque de Recelien


 
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