N.° 76 PORTO-Lua de Setembro de 5697 (1936 e. v.) ANO XI ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos e para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | aponta-vos o ca- busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | minho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) O FACHO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECTOR E EDITOR: -A. C. os BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA Empresa DIARIO DO PORTO, Lda Avenida da Boavista, 854-PORTO || Rua de S. Bento da Victoria, 10 (Toda a correspondencia deve ser dirigida ao director) || ---------------- P O R T O ---------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Das cinzas da Inquisição As fogueiras da Inquisição bri- lharam e devoraram os corpos de centenas e centenas de pessoas, sen- do, finalmente, lançadas ao vento as cinzas resultantes. E ele levou-as. Para onde? Nem sei; para tôda a parte, dentro e fora das terras portu- iguesas. Ai têm permanecido, en- quanto os anos decorrem cobrindo tudo com o manto do esquecimento, manto cruel e terrivel que envolve até brilhantes civilizações. Rasgar êsse manto, reunir essas cinzas, amolecê-las, tal qual fazem os pedreiros com o barro, procurar dar- -lhes uma forma humana e, por últi- mo insuflar-lhes uma alma, uma alma igual à dos corpos de que provêm, eis a tarefa mais delicada e mais sublime que imaginar se pode. Parece serem apenas sonhos, so- nhos que, precisamente por serem Sonhos, são impossiveis de realizar; mas não. O impossível quasi se po- de dizer que não existe; existem ape- nas coisas mais ou menos dificeis. Esta tarefa de transformar em almas as cinzas da Inquisição é não só difi- cil, mas sim dificilima. Está, porém, começada. Está provada a possibilidade de realiza- ção completa dêste sonho ou desta loucura, como há quem diga, porque já ha algumas almas assim formadas. Poucas? Muitas? Não importa. Há al- gumas e isso representa muito; pro- va a existência de uma grande fé, uma grande persistência e um ideal muito elevado. Obras destas não se realizam em simples dias ou meses mas sim em anos e anos, tendo ain- da de atender a que, numericamente, há mais quem procure destruir do que construir. Há uma Associação intitulada OMIR (Ordem da Mensagem Israe- lita do Resgate) com séde no Pôrto que tem por único fim fazer renascer o judaismo, queimado em nome de um judeu (Jesus de Nazareth). Israelitas, novos e velhos, que tendes a felicidade de não ignorar a religião dos vossos pais, associai-vos nela, e contribui com o vosso esfôr- ço, que pode ser sempre valioso, para iluminar aqueles que jazem nas trevas e que são israelitas como vós e tereis
N.º 076, Tishri 5697 (Set 1936)
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