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N.º 085, Yiar-Sivan 5698 (Abr-Mai 1938)







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A QUESTÃO JUDEO-ÁRABE
E A ACTIVIDADE SIONISTA

                Por NORBERTO A. MORENO.

É verdadeiramente grande, verdadeira-
mente emotivo o que se está passando, o
que há 50 anos se vem passando na Pales-
tina. O sonho dos sionistas entrando a
passos rápidos no campo das realidades
constitui um testemunho vivo, eloqüente, do
poderio da vontade humana impulsionada por
uma fé e agindo segundo uma directriz bem
determinada. A terra exuberante, ou melhor,
a exuberáncia da terra acaba de ressuscitar.
Centenas e centenas de homens, de elevado
nível intelectual mesmo, tem descido ao seio
dessa terra-mãe, respirando o seu hálito
ardente, vivendo a sua vida simples e rude,
mostrando-nos simultaneamente que a vida
do campo jamais foi e jamais será despre-
zível como muita gente, eivada de estúpidos
preconceitos sociais, crê. São igualmente
nobres o camponês, o médico ou o esta-
dista, desde que a sua actividade vise o bem
social.

Por isso é exemplar ver braços de tôda
a casta volver e revolver a terra, dissecar
pântanos, transportar águas, fazer plantações,
levando assim a vida e a beleza paisagística
onde apenas reinava a esterilidade e a mo-
notonia. Verdadeiramente nobre essa intima
comunhão, essa revolucionária comunhão de
homens e terras e terras e homens. E' isto
e muito mais o que vem sucedendo em Eres
Israel.

Dia a dia a Imprensa nos traz demonstra-
ções estatisticas e fotográficas dos progressos
da Palestina. Juntamente, porém, nos narra
acidentes tão numerosos como trágicos ali
ocorridos. E maior é a nossa admiração
vendo que, não obstante as dificuldades
financeiras, o acanhado espaço, a aridez
desse mesmo espaço e ainda a feroz oposição
árabe, os progressos são extraordinários.
Graças a essa oposição muitas vidas se vão
para sempre perdendo. Chegam a ser arris-
cadas as aventuras nocturnas por lugares
solitários; umas vêzes assaltantes propondo
a escolha da bolsa ou vida, outras vezes



balas perfurando misteriosamente as trevas
vão roubar as vidas dos transeuntes. Cousas
análogas sucedem, por vezes, até nas próprias
habitações. O ressurgimento vai-se, pois,
efectuando num meio hostil, mas não perde
parte da sua poesia.

Que impressão devemos ter do árabe?
A falar com absoluta franqueza, até certo
ponto não deixa de nos parecer destituída
de naturalidade a sua atitude. Ora anali-
semos o assunto. Vejamos primeiro o que
observa, o que pensa o árabe:

- Há meio século eram cerca de 25.000
os judeus existentes na Palestina. Nós, en-
tão, éramos chamados a colaborar com eles,
empregados ao seu serviço e considerados
alguém. Surgem, começam a propagar-se e
a enraízar-se nos espiritos dos judeus as
ideas sionistas. De todos os países partem
emigrantes conhecedores da civilização oci-
dental. Por toda a parte aparecem organi-
zações sionistas para tratar esse problema
migratório. E avalanches de judeus vão
dando entrada na Palestina. A população
cresce assustadoramente. Compram-se ter-
ras, constroem-se cidades, vilas e aldeias em
que o modernismo impera, em que abundam
reflexos duma civilização que destoa no meio.
Constroem-se escolas, hospitais, instituições
de beneficéncia, universidades, bibliotecas,
etc., etc. O empregado árabe do judeu.
desaparece, porque eles, judeus, auxiliam-se
mutuamente. As escolas são freqüentadas
por judeus, nos hospitais recolhem-se judeus,
as instituições de beneficência aproveitam aos
judeus, as universidades e bibliotecas são
para uso dos judeus. Para nós fica apenas
a indiferença ou o desprezo.

-Podia o árabe resignar-se com a nova
feição do meio, procurando imitar, procu-
rando aperfeiçoar-se; mas não, limita-se a
odiar.

Entretanto, o número de braços continua
a aumentar dia a dia, sempre prontos para
continuar a revolução da terra. Esta surge


 
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