HA-LAPID 7 ======================================== transformada em encantador pomar-são as laranjas os frutos que melhor produz e dos quais a Palestina é já hoje um importante centro. O problema turístico vai tendo cada Vez maior incremento. De tôda a parte surgem visitantes. Os costumes tradicionais judaicos são adoptados. O sábado é guar- dado religiosamente, muito embora sejam numerosos os judeus liberais lá estabelecidos. A língua hebraica torna-se, por assim dizer, cada vez mais viva. E tudo o árabe continua a observar, e por tudo continua a aumentar a sua inveja (é o termo), a sua intolerância, a sua ini- mizade, Destes sentimentos advém, natu- ralmente, as conseqüências a que já nos referimos: roubo de muitas vidas. Essa oposição do árabe, afinal, é de sempre. Já em 1565, quando José Nassi, judeu portugues, ali fundou as primeiras colônias, ela se manifestou claramente. Como solucionar a questão judeo-árabe? Será difícil, não impossível. Estará solu- cionada quando ele, árabe, compreender e concordar que se trata da Pátria Judaica, da Terra Prometida, do Lar Nacional, e optar pela paz. Porque o problema sionista não recua. Só pode desenvolver-se. A inimizade árabe dificultará um tanto a acção judaica, mas concorrerá para a impor à admiração do mundo, porque, apraz-me sempre repetir, um resultado será tanto mais honroso, dar- -nos-á tanto mais prazer quanto mais difícil fôr de conseguir. Era, salvo erro, Epicteto que dizia isto, por outras palavras: "Quanto maior fôr a batalha, maior será a vitória". Os factos, melhor analizados, roubam, porém, a aparente razão ao árabe. Diz ele: que os judeus se apoderaram das melhores terras, quando, afinal, as terras de que se apoderaram, digo, que compraram, estavam simplesmente em péssimo estado, dadas como improdutivas, Que os judeus não empregam árabes ao seu serviço, muito embora só no cultivo das laranjeiras fôssem, este ano, empregues 5.000, Que os salários destes são inferiores aos dos judeus e, no entanto, são iguais e superiores aos recebi~ dos quando trabalham para os próprios ára- bes. Que nada aproveita com os progressos civilizadores dos judeus, aproveitando, pelo Contrário, muito. O pais inteiro está-se tor- nando famoso, graças aos judeus. Nas aldeias árabes, próximo de outras judaicas, os habi- tantes possuem casas modernas, tem métodos de cultura aperfeiçoados, águas, electricidade, etc., emquanto que nas distantes vivem ainda uma vida rudimentar, primitiva, habitando cabanas, empregando grosseiros métodos de cultura. Graças à actividade sionista, ao dinheiro judeu, ao esfórço judeu, a Palestina é hoje cortada por magníficas estradas, onde cir- culam carros de toda a espécie, possui esplendidas cidades, em que tudo é moderno e belos portos que a põem em comunicação com todo o mundo. Começa a ser, de facto, o "lar nacional judaico", um Estado tão judeu como Portugal é portugues. Há mais ainda: é que todos os terrenos colonizados são comprados e pagos, não in- vadidos como pretende o árabe. A Declaração Balfour, em Novembro de 1917, concedeu esse Lar, onde o povo judeu poderá ser, de facto, judeu, com absoluta liberdade de consciencia e com todos os direitos. Há, pois, possibilidades de um acôrdo judeo-árabe, com o qual ambos os povos possam lucrar: conformar-se ou concordar voluntariamente o árabe com a posse da Arábia, como concorda o judeu com a da Palestina. Acresce que o árabe tem ainda a Transjordânía, a Síria e o Irak, para onde se pode desenvolver, emquanto que o judeu apenas tem a pequena Palestina, comprada ainda à sua custa e aos pedaços, nos quais a população se ve forçada a concentrar. O árabe não é, portanto, expulso; recusa-se a ser bom vizinho. * Para melhor concretizarmos a actividade sionista, não resistimos à tentação de recor- rer ao supremo e eloqüente argumento dos números, fazendo, previamente, para melhor cumprimento do nosso objectivo, uma rápida descrição da Palestina. Comecemos: A Palestina tem a superficie de 66,330 km2 (26.330 a Oeste do Jordão-Transjordânia e 40.000 a Este do mesmo rio), uma popu- lação de 1:600,000 habitantes (1:300.000 a Oeste do Jordão e 300.000 a Este), sendo a densidade de população de 49,4 a Este do Jordão. A vegetação é sub-tropical. Cultiva-se no litoral-a parte melhor irrigada e em que as colônias são mais numerosas-a videira,
N.º 085, Yiar-Sivan 5698 (Abr-Mai 1938)
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