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Ha-Lapid הלפיד


N.º 085, Yiar-Sivan 5698 (Abr-Mai 1938)







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              HA-LAPID                7
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transformada em encantador pomar-são as
laranjas os frutos que melhor produz e dos
quais a Palestina é já hoje um importante
centro. O problema turístico vai tendo cada
Vez maior incremento. De tôda a parte
surgem visitantes. Os costumes tradicionais
judaicos são adoptados. O sábado é guar-
dado religiosamente, muito embora sejam
numerosos os judeus liberais lá estabelecidos.
A língua hebraica torna-se, por assim dizer,
cada vez mais viva.

E tudo o árabe continua a observar, e
por tudo continua a aumentar a sua inveja
(é o termo), a sua intolerância, a sua ini-
mizade, Destes sentimentos advém, natu-
ralmente, as conseqüências a que já nos
referimos: roubo de muitas vidas.

Essa oposição do árabe, afinal, é de
sempre. Já em 1565, quando José Nassi,
judeu portugues, ali fundou as primeiras
colônias, ela se manifestou claramente.

Como solucionar a questão judeo-árabe?
Será difícil, não impossível. Estará solu-
cionada quando ele, árabe, compreender e
concordar que se trata da Pátria Judaica, da
Terra Prometida, do Lar Nacional, e optar
pela paz. Porque o problema sionista não
recua. Só pode desenvolver-se. A inimizade
árabe dificultará um tanto a acção judaica,
mas concorrerá para a impor à admiração
do mundo, porque, apraz-me sempre repetir,
um resultado será tanto mais honroso, dar-
-nos-á tanto mais prazer quanto mais difícil
fôr de conseguir. Era, salvo erro, Epicteto
que dizia isto, por outras palavras: "Quanto
maior fôr a batalha, maior será a vitória".

Os factos, melhor analizados, roubam,
porém, a aparente razão ao árabe.

Diz ele: que os judeus se apoderaram
das melhores terras, quando, afinal, as terras
de que se apoderaram, digo, que compraram,
estavam simplesmente em péssimo estado,
dadas como improdutivas, Que os judeus
não empregam árabes ao seu serviço, muito
embora só no cultivo das laranjeiras fôssem,
este ano, empregues 5.000, Que os salários
destes são inferiores aos dos judeus e, no
entanto, são iguais e superiores aos recebi~
dos quando trabalham para os próprios ára-
bes. Que nada aproveita com os progressos
civilizadores dos judeus, aproveitando, pelo
Contrário, muito. O pais inteiro está-se tor-
nando famoso, graças aos judeus. Nas aldeias
árabes, próximo de outras judaicas, os habi-
tantes possuem casas modernas, tem métodos

 

de cultura aperfeiçoados, águas, electricidade,
etc., emquanto que nas distantes vivem ainda
uma vida rudimentar, primitiva, habitando
cabanas, empregando grosseiros métodos de
cultura.

Graças à actividade sionista, ao dinheiro
judeu, ao esfórço judeu, a Palestina é hoje
cortada por magníficas estradas, onde cir-
culam carros de toda a espécie, possui
esplendidas cidades, em que tudo é moderno
e belos portos que a põem em comunicação
com todo o mundo. Começa a ser, de facto,
o "lar nacional judaico", um Estado tão judeu
como Portugal é portugues.

Há mais ainda: é que todos os terrenos
colonizados são comprados e pagos, não in-
vadidos como pretende o árabe.

A Declaração Balfour, em Novembro de
1917, concedeu esse Lar, onde o povo judeu
poderá ser, de facto, judeu, com absoluta
liberdade de consciencia e com todos os
direitos.

Há, pois, possibilidades de um acôrdo
judeo-árabe, com o qual ambos os povos
possam lucrar: conformar-se ou concordar
voluntariamente o árabe com a posse da
Arábia, como concorda o judeu com a da
Palestina. Acresce que o árabe tem ainda
a Transjordânía, a Síria e o Irak, para onde
se pode desenvolver, emquanto que o judeu
apenas tem a pequena Palestina, comprada
ainda à sua custa e aos pedaços, nos quais
a população se ve forçada a concentrar.
O árabe não é, portanto, expulso; recusa-se
a ser bom vizinho.

                 *

Para melhor concretizarmos a actividade
sionista, não resistimos à tentação de recor-
rer ao supremo e eloqüente argumento dos
números, fazendo, previamente, para melhor
cumprimento do nosso objectivo, uma rápida
descrição da Palestina. Comecemos:

A Palestina tem a superficie de 66,330
km2 (26.330 a Oeste do Jordão-Transjordânia
e 40.000 a Este do mesmo rio), uma popu-
lação de 1:600,000 habitantes (1:300.000 a
Oeste do Jordão e 300.000 a Este), sendo a
densidade de população de 49,4 a Este do
Jordão.

A vegetação é sub-tropical. Cultiva-se no
litoral-a parte melhor irrigada e em que
as colônias são mais numerosas-a videira,


 
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