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N.º 089, Kislev-Tevet 5699 (Nov-Dez 1938)







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N.° 89                     PORTO - Lua de Novembro e Dezembro - 5699 (1938 e.v.)                     ANO XIII
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Tudo se ilumina                     _______  ___  _______ |=|____  _______                     ...alumia-vos,
para aquele que                    |____   ||_  ||  ___  ||____  ||_____  |                   e aponta-vos  o 
busca a luz.                            | |   |_| \_\  | |    / /   _   | |                   caminho.
                                        | |       _____| |   / /   | |  | |
       BEN-ROSH                         |_|      |_______|  /_/    |_|  |_|                          BEN-ROSH

                                                  (HA-LAPID)
                                                   O  FACHO

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DIRECTOR E EDITOR: -A. C. os BARROS BASTO (BEN-ROSH)   ||   COMPOSTO E IMPRESSO NA IMPRENSA MODERNA, L.DA
      Redacção na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim         ||                 Rua da Fábrica, 80
           Rua Guerra Junqueiro, 340 - Porto           || ------------------- P O R T O -------------------
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O MESTRE DE AVIZ E OS JUDEUS

   Das Memorias para a historia de Portugal que compreendem
   o governo del Rei D. joão o 1.°, por Joseph Soares da Sylva.
                        Vol. I, Capitulo XXVI 

Do mais que obrou o Povo naquele dia,
e no seguinte.....,................,....
...; e foi, que ajustaram (os sublevados) entre
si, que para o Mestre se sustentar na digni-
dade em que o constituíam, lhe era necessá-
rio não só gente, mas dinheiro, e que o meio
mais pronto de poder have-lo, era roubarem
logo todos os judeus, que havia na cidade, e
moravam os mais deles na rua, que a seu
respeito se chamava da Judiaria, aonde entre
tantos havia dois de grandes cabedais, que
eram D. Judas, o qual foi Tesoureiro-Mor
de El~Rei D. Fernando, e D. David, que
fora seu privado.

Tomada esta resolução, se foi passando
palavra, e ajuntando a toda a pressa gente,
para se por por obra; porém como era de
muitos, não poder ser com tanto segredo, que
antes de executada não tivessem os judeus
noticia dela; e recorrendo logo ao remédio,
que julgaram mais eficaz, não trataram da
Raínha e só buscaram ao Mestre, pedindo-lhe
instantemente lhes valesse, e acudisse em
tão urgente perigo. O Mestre se escusou,
dizendo, que aquilo lhe não tocava, que pe-
dissem à Rainha os socorresse, e segurasse,
pois era a que como tal podia, e devia
faze-lo. Porém eles de tal modo repetiram
as instâncias, que compadecidos deles os
Condes de Arraiolos, e de Barcelos, que se
achavam presentes, intercederam com o
Mestre, para que os livrasse, e com efeito
montaram todos tres a cavalo, e foram para



aquele lugar, aonde já estava muita parte do
povo, esperando que se ajuntasse outro, para
se executar aquele seu desígnio. O Mestre
então lhes disse:

-Que e' isto, amigos, para que vos ajun-
tais outra vez? Aonde quereis ir, ou que
intentais fazer?

-Senhor disseram eles, estes traidores
destes judeus, principalmente D. David e
D. Judas, que são da parte da Rainha, tem
grandes tesouros: queremos-lhes roubar,
para vo-los dar a vós, a quem só queremos
por nosso Rei, e Senhor.

-Amigos, lhes tornou o Mestre, não
façais tal cousa, deixaí isso por minha conta,
que eu lhes darei o remédio conveniente.

-Poís, responderam eles, já que não
quereis que os roubemos, iremos busca-los
aonde quer que estiverem, e tra-los-emos à
vossa presença, para que descubram onde
tem os tesouros, e vo-los entreguem.

Instou novamente o Mestre para os
dissuadir de semelhante excesso, sem que
fosse possivel reduzi-los, parecendo-lhes que
naquela desobediência manifestavam melhor
o seu afecto, e a sua fidelidade; até que
vendo esta porfia os Condes, disseram ao
Mestre, que o remédio, que só achavam para
os fazer apartar daquele sitio, era que dele
saísse, porque certamente o seguiriam; como
assim sucedeu, indo com ele a maior parte
do povo; e chegando o Mestre à Rua Nova,
encontrou o Juiz do Crime da Cidade, que


 
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