HA-LAPID 3 ========================================= O ENSINO RELIGIOSO (CONTINUAÇÃO no NÚMERO 88) II - Métodos de ensino religioso (Continuação) Além do método expositivo-interrogativo, a que acabamos de nos referir, um outro há que pode ser empregado com bons resulta- dos: é o método oriental. Este método permite ao preceptor, no caso, aliás pouco provável, de se encontrar num meio em que lhe faltem auxiliares, en- sinar um elevado número de crianças, mesmo dos dois sexos. Consiste ele em fazer repetir várias ve- zes, cadencialmente, em voz alta, por todas as crianças ao mesmo tempo, depois separa- damente, por uma ou mais, e em seguida de novo por todas, etc., a lição, por partes, até que a saibam de cor. O preceptor terá o cuidado de mandar sentar as crianças em bancos, distanciados suficientemente para que os dum banco não possam incomodar os do banco seguinte, ficando os meninos adiante das meninas. Deverá conservar-se na frente, sentado, ou, melhor ainda, de pé, firme, sem passear, dominando-os a todos com o olhar; e quando vir algum desatento, dirija-lhe imediatamente uma pregunta ou mande-o repetir o que se estava dizendo. Para precisar os ensinamentos ministra- dos e grava-los na memória das crianças, de grande utilidade será que no fim de cada lição o preceptor faça uma recapitulação do que nela foi explicado e que as crianças a repitam; e depois de cada série de lições impõe-se também uma recapitulação delas, distinguindo-se bem as suas diversas partes e a sua ordem lógica. III -A educação religiosa Não basta conseguir que as crianças fixem as lições ensinadas. Isto seria apenas ilustração da inteligencia. Ora o coração, o carácter e a consciencia necessitam igual- mente ser formados. A's verdades teóricas e às explicações é preciso juntar ainda as normas de vida, as exortações ao cumpri- mento dos deveres, etc. Devem, pois, os preceptores, ter sempre diante dos olhos esta grande verdade: que a sua missão não é só instruir mas tambem, e principalmente, educar; não é só ensinar as verdades da fé e os preceitos divinos, mas sobretudo conseguir que os educandos, crendo, se tornem verdadeiramente homens de bem e bons israelitas. E' preciso, segundo Dupan- loup, "guiar-lhes o carácter, corrigir-lhes os defeitos, fortalecer-lhes a vontade, ilumi- nar-lhes e rectificar-lhes a consciência, ennobrecer-lhes os sentimentos; é preciso, emfim, elevar por completo a sua alma a Deus". A obra dos preceptores só ficará com- pleta tratando eles de formar as crianças para a vida israelita, para a piedade e para a virtude. E' portanto, necessário aproveitar todas as ocasiões de inspirar às crianças o santo temor de Deus, o horror do pecado, o amor da oração, o desejo de freqüentar a sinagoga e o porte respeitosa e devoto dentro da mesma, bem como a obediência aos supe- riores, a aplicação ao trabalho, etc. Além de instruir e educar, deve o ensino visar ainda a santificação-cujo principal meio reside na oração. Necessitam, portanto, os preceptores, de ensinar as crianças a fazer as suas orações atenta e devotamente, e dum modo particular a assistir à que é feita pelo Ofíciante na Sinagoga. Além disso farão por despertar nelas o desejo de purificarem a sua cons- ciência todas as vezes que ela se sinta cul- pada; e deverão ensinar-lhes a fazer o exame de consciencia, a excitar em si a dor dos pecados cometidos e a confessá-los a Deus, especialmente em Iom Kipur (Dia de grande Perdão). Nunca os preceptores poderão contar com a perseverança dos educandos se não lhes formarem na alma a consciencia moral, o carácter, o amor do dever e a nobre aspira- ção de o cumprir com fidelidade e em todas as circunstâncias, pondo inteiramente de lado os respeitos humanos.
N.º 089, Kislev-Tevet 5699 (Nov-Dez 1938)
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