2 HA-LAPID ========================================== O Judaísmo e a Guerra Sob éste titulo, o jornal francês L'Europe Nouvelle, de 4 de Novembro, publica um longo artigo sôbre a situação dos judeus perante a guerra. O autor do artigo aborda estes dois aspectos: a acção politica e os fins da guerra. Extraimos dêste artigo algumas passa- gens: A ACÇÃO POLÍTICA Ela é baseada inteiramente sôbre um facto de ordem moral, cuja importância a ninguém escapará, principalmente aos diri- gentes do III Reich. É que não há um só israelita no mundo, seja qual fôr o seu pais, a sua lingua, a sua situação social, que não tenha o sentimento de ser o aliado dos Aliados, que não deseje a sua vitória, que não queira fazer os impossiveis para que esta vitória seja total e obtida ràpi- damente. Tentando abranger a acção pro-aliada do judaismo, nós não falaremos, evidente- mente, dos israelitas de França, de Ingla- terra, da Checoslováquia e da Polónia, pois que neste caso fazem simplesmente o seu dever de bons franceses, ingleses, che- cos e polacos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Dissemos já que os judeus da Polónia fizeram todo o seu dever desde o primeiro minuto da guerra, esquecendo graves dis- senções que se tinham levantado entre as massas judaicas e diversos Governos polacos. Acrescentamos que o novo Go- vêrno, constituído em Paris, após a partilha provisória do pais entre alemãis e russos, resolveu manifestar, e duma maneira muito clara, esta reconciliação: um dos primeiros gestos do general Sikorski. Presidente do Conselho e chefe do exército polaco em França, foi o de assistir ao culto celebrado na Grande Sinagoga de Paris, em honra do país mártir. FINS DA GUERRA Há fins da guerra propriamente ju- daicos? Sabe-se que, segundo a opinião de Hitler, os judeus quiseram a guerra. Êle proprio os denunciou, num discurso estravagante, pronunciado no Reichstag, a 30 de Janeiro de 1939, como sendo os únicos belicistas do mundo, ameaçando-os, em caso de guerra, de destruição total. A verdade. tôda a gente a conhece hoje. Os judeus foram as primeiras vítimas da guerra de agressão hitleriana. A sua elimi- nação de tôda a influência sôbre os desti- do Reich, como de resto a supressão de tudo o que ligava a Alemanha à civili- zação ocidental -as igrejas, as instituições democráticas, as ciências e as artes - tinha por fim retemperar o povo alemão num estado de barbárie, próprio para dele fazer um instrumento cego, dócil e terrivel da guerra de conquista. Além disto, introdu- zindo a luta anti?????? ???? eram visados especialmente naqueles que?????????????? pelo imperialismo neo-germânico ???? e dia-se desmoralizá-los, enfraquecê-los fazer desviar sôbre os judeus uma vigi- lância patriótica que poderia contracarr??? os desígnios dos futuros invasores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A guerra não sendo judaica, os israe- litas não desejam mais que ninguém a paz. Nenhuma finalidade da guerra foi anun- ciada, nenhuma reivindicação foi formu- lada por aquéies que falam e actuam em nome do Judaísmo. Hitler, dizem êles, obrigou os povos livres a baterem-se pela sua independência e pela civilização! Que há de mais natural que o judaismo esteja com êles? Os judeus, segundo a sua opi- nião, não têm mérito nenhum especial em consagrar todas as suas forças à defesa da unidade humana; éles nenhuma recom- pensa têm a pedir por se terem colocado, desde a primeira hora, no campo da liber- dade. O seu lugar é neste campo e isso lhes basta. * Os maranos no estrangeiro Na Sociedade Sionista de Genebra (Suíça). o nosso distinto correiigionário Dr. Hans Klee, que veio assistir à inauguração solene da nossa Sinagoga do Porto, fêz uma conferencia intitulada Viagem en- tre os maranos (o ensinamento da História, perante numerosa e selecta assistencia, que no final felicitou calorosamente o orador.
N.º 096, Kislev-Tevet 5700 (Nov-Dez 1939)
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