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N.º 096, Kislev-Tevet 5700 (Nov-Dez 1939)







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O Judaísmo e a Guerra

Sob éste titulo, o jornal francês L'Europe
Nouvelle, de 4 de Novembro, publica um
longo artigo sôbre a situação dos judeus
perante a guerra. O autor do artigo aborda
estes dois aspectos: a acção politica e os
fins da guerra.

Extraimos dêste artigo algumas passa-
gens:

         A ACÇÃO POLÍTICA

Ela é baseada inteiramente sôbre um
facto de ordem moral, cuja importância a
ninguém escapará, principalmente aos diri-
gentes do III Reich. É que não há um só
israelita no mundo, seja qual fôr o seu
pais, a sua lingua, a sua situação social,
que não tenha o sentimento de ser o aliado
dos Aliados, que não deseje a sua vitória,
que não queira fazer os impossiveis para
que esta vitória seja total e obtida ràpi-
damente.

Tentando abranger a acção pro-aliada
do judaismo, nós não falaremos, evidente-
mente, dos israelitas de França, de Ingla-
terra, da Checoslováquia e da Polónia,
pois que neste caso fazem simplesmente o
seu dever de bons franceses, ingleses, che-
cos e polacos.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Dissemos já que os judeus da Polónia
fizeram todo o seu dever desde o primeiro
minuto da guerra, esquecendo graves dis-
senções que se tinham levantado entre as
massas judaicas e diversos Governos
polacos. Acrescentamos que o novo Go-
vêrno, constituído em Paris, após a partilha
provisória do pais entre alemãis e russos,
resolveu manifestar, e duma maneira muito
clara, esta reconciliação: um dos primeiros
gestos do general Sikorski. Presidente do
Conselho e chefe do exército polaco em
França, foi o de assistir ao culto celebrado
na Grande Sinagoga de Paris, em honra
do país mártir.

           FINS DA GUERRA

Há fins da guerra propriamente ju-
daicos?

Sabe-se que, segundo a opinião de Hitler,
os judeus quiseram a guerra. Êle proprio



os denunciou, num discurso estravagante,
pronunciado no Reichstag, a 30 de Janeiro
de 1939, como sendo os únicos belicistas
do mundo, ameaçando-os, em caso de
guerra, de destruição total.
A verdade. tôda a gente a conhece hoje.
Os judeus foram as primeiras vítimas da
guerra de agressão hitleriana. A sua elimi-
nação de tôda a influência sôbre os desti-
do Reich, como de resto a supressão
de tudo o que ligava a Alemanha à civili-
zação ocidental -as igrejas, as instituições
democráticas, as ciências e as artes - tinha
por fim retemperar  o povo alemão num
estado de barbárie, próprio para dele fazer
um instrumento cego, dócil e terrivel da
guerra de conquista. Além disto, introdu-
zindo a luta anti?????? ???? eram visados
especialmente naqueles que??????????????
pelo imperialismo neo-germânico ???? e
dia-se desmoralizá-los, enfraquecê-los
fazer desviar sôbre os judeus uma vigi-
lância patriótica que poderia contracarr???
os desígnios dos futuros invasores.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
A guerra não sendo judaica, os israe-
litas não desejam mais que ninguém a paz.
Nenhuma finalidade da guerra foi anun-
ciada, nenhuma reivindicação foi formu-
lada por aquéies que falam e actuam em
nome do Judaísmo. Hitler, dizem êles,
obrigou os povos livres a baterem-se pela
sua independência e pela civilização! Que
há de mais natural que o judaismo esteja
com êles? Os judeus, segundo a sua opi-
nião, não têm mérito nenhum especial em
consagrar todas as suas forças à defesa da
unidade humana; éles nenhuma recom-
pensa têm a pedir por se terem colocado,
desde a primeira hora, no campo da liber-
dade. O seu lugar é neste campo e isso
lhes basta.

               *

Os maranos no estrangeiro

Na Sociedade Sionista de Genebra (Suíça). o
nosso distinto correiigionário Dr. Hans Klee, que
veio assistir à inauguração solene da nossa Sinagoga
do Porto, fêz uma conferencia intitulada Viagem en-
tre os maranos (o ensinamento da História, perante
numerosa e selecta assistencia, que no final felicitou
calorosamente o orador.


 
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