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N.º 100, Ab-Elul 5700 (Jul-Ago 1940)







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 2             HA-LAPID
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      COMEMORAÇÕES CENTENÁRIAS

         Don Yahia Ben-Yahia

(Um dos colaboradores de D. Afonso Henriques)

     Por A. C. DE BARROS BASTO

    (CONTINUAÇÃO no NÚMERO 99)

Entre os partidários de Ibn-Caci havia
um chamado Mohamed Ibn-Yahia, também
conhecido por Ibn-Cábila (Cábila significa
o adiantado ou avançado), o homem do
seu tempo mais hábil guerreiro, astuto e
valente, de grande talento de palavra; e são
afamadas as suas epistolas. Estas qualidades
fizeram com que Ibn-Caci lançasse as suas
vistas sobre éle e empregasse os seus esfor-
ços em conseguir a adesão dêste homem,
que além das qualidades pessoais tinha tam-
bém grande número de partidários e admi-
radores, e, efectivamente, Ibn-Yahia, no
comêço do ano de 1144 (539 da Hegira)
uniu-se com todos os seus ao partido de
Ibn-Caci.

Ibn-Yahia foi também denominado A1-
-mustafá (o escolhido, o favorito) por causa
da intimidade que tinha com Ibn-Caci e
pela dedicação aos seus ínterésses.

Em Abril de 1144. Ibn-Caci ordenou a
um dos seus sectários que se apoderasse do
castelo de Monte Agudo, perto de Mértola.
Esse guerreiro surpreendido pelos almorá-
vidas, quando realizava o seu intento, foi
feito prisioneiro e morto. Ibn-Caci não
desistiu da sua acção. Em Agosto do mesmo
ano manda o seu amigo predilecto Ibn-
-Yahia, tomar de assalto o castelo de Mér-
tola, encorajando-o com os gloriosos epi-
tetos de espada da revolta e sustentáculo
do império e da glória.

Ibn-Yahia e a sua gente, ao todo 70
homens, puseram-se em emboscada nos
arredores do castelo de Mértola, e toma-
ram-no depois de matarem a sentinela, ao
anoitecer do dia 14 de Agosto; e logo pro-
clamaram nêle Ibn-Caci. Alguns dias depois,
Ibn-Caci fêz a sua entrada solene na forta-
leza, à frente de grande multidão dos seus
sectários, e instalou ali o seu govêrno. As



populações vizinhas revoltaram-se a seu
favor. Muitos se lhe vieram juntar. Para
todos era extremamente generoso.

Dentro em pouco, quási todo o ocidente
(pelo menos a parte que viria a ser portu-
guesa) estava submetida a Ibn-Caci, que em
tudo procede como um verdadeiro príncipe
dos crentes.

Dois Walis importantes Ibn-Uazir (Abu
Mohamed Cidrá), de Évora e Mohamed
Ibn-Omar Ibn-Almondir, de Silves, vão a
Mértola prestar homenagem e juramento de
fidelidade a Ibn-Caci (Setembro de 1144),
o qual confere ao primeiro o govêrno de
Beja e a Almoudir o govêrno de Silves.

O chefe supremo das tropas almorá-
vidas no Andaluz era Ibn-Gania, que dei-
xara progredir a rebelião no Algarve, por
não ter recursos militares que pudesse dis-
trair da luta em que andava empenhado, no
centro e oriente da Espanha muçulmana.
Nessas regiões, era êle a alma da resistência
almorávida contra os almóadas.

Ibn-Almondír, o Wali de Silves, ansioso
por ser útil a Ibn-Caci, atravessa com os
seus guerreiros o Guadiana, toma Huelva e
vai atacar Sevilha.

Ibn-Gania tendo conhecimento em Cór-
dova destas más novas, acorre com as suas
tropas almorávidas e surpreende Ibn-Almon-
dir, quando éste assolava já os campos de
Sevilha, vence e põe em fuga os muridas.

Mas eis que Córdova, aproveitando a
ausência da guarnição almorávida revolta-se,
e em brevge se revoltam também Murcia.
Almeria e Malaga, e Ibn-Gania para acudir
ao centro do Andaluz, tem que pôr de parte
a idea de subjugar o Algarve, cujos distritos,
com Ibn-Vazir governando em Badajoz e
Ibn-Caci pontificando em Mértola. estavam
de todo perdidos para a dinastia almorá-


 
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