HA-LAPID 3 ======================================= cividade. Ora êsses banhos, poucos anos depois, eram sitos na Ribeira, conforme se vê duma Inquirição de 1939 e deles se conservou memória, durante muitos séculos, no topónimo local de Rua dos Banhos, e talvez até no de Postigo dos Banhos. Segundo um documento antigo a "Rua da Minhota" ia "da Fonte da Rata até ao princípio da Rua da Ferraria de Baixo"- actual do "Comércio do Pôrto". A Casa da Oração dos Judeus em 1386 ua pois dentro do âmbito das muralhas da cidade: apesar disso foi nesse ano que D, João I mandou aos Juizes Vereadores e procurador que assinassem lugar aos ditos judeus no campo do Olival, para aí fazerem judaria e pobraçom, afim de serem "cou- tados e defesos dentro na dita cidade por nzão das grandes guerras" com Castela. Foi então que se estabeleceu a conhecida Judiaria do Olival (da qual restam as ruas de S. Bento da Vitória e S. Miguel, pelo nenos)- Judiaria apartada que foi feita, lê-se numa carta de D. João I do dito ano de 1386, "por nosso mandado e constran- gimento", no que os Judeus dispenderam "grã parte do que haviam" (Livro Grande do Arquivo Municipal do Porto, folhas 46v.o). No seu trabalho Os Judeus no Velho porto, o ilustre investigador Sr. Barros Basto diz ter encontrado documentos refe- rentes a prazos, aforamentos e rendas que provam a existência duma velha Judiaria próximo de S. Domingos e limitada pelo rio Douro, rio da Vila, Rua de Belomonte e muralhas da cidade-a qual, depois da construção da Judiaria do Olival, teria pas- ado a ser designada nos documentos pelo nome de Judiaria Velha ou Judiaria de baixo. A essa deveria então pertencer a sinagoga da Rua da Minhota. Mais antiga que todas essas deve, porém, ser a Judiaria a que Querubino Lagoa encontrou uma única referência e se dizia situada próximo da Cividade (que aquêle autor identificou com o local em que em 1518 foi erguido o convento de S. Bento da Ave-Maria). Barros Basto não deparou com qualquer documento comprovativo da existência de tal Judiaria. Tive, no entanto, a fortuna de encontrar rentemente entre os documentos do Ar- quivo Distrital um em que se diz que o Hospital dos Coreiros da Sé existia na Rua Escura em 1320, situando-o, outro documento de 1440, na Judaria Velha a cêrca da Cividade: a Cividade, segundo a identificação moderna do Prof. Dr. Men- des Correia, ficava no alto do monte do Corpo da Guarda, donde a Rua Escura não está, realmente, a grande distância. Mas há mais e muito interessante. Diz um livro antigo do Cabido da Sé que "o Sr. Bispo D. Afonso Pires (falecido em 1362) deo á Meza Capitular humas casas nesta rua (antiga Rua das Aldas, e actual de Santana), tempo em que se chamava Sinagoga"; nota que é confirmada e escla- recida por outra, do século XIV, em que se lê:- "Bispo dom Afonso que ora he em esta egreja, o qual deu umas casas que estom na rua que chamom a ssynagoga acima da rua das Aldas". Que concluir? Que outra Sinagoga existiu no Pórto. antes de todas as citadas, no próprio monte da Sé. De O Primeiro de Janeiro. Pôrto, 7 de Março de 1941. A. DE MAGALHÃES BASTO. * LAG BA-OMER É o 33.° dia ae Omer Êste dia rompe o período nefasto que começa depois da Páscoa ou depois do 1.° de Yiar (segundo os usos) durante o qual não se deve casar. Segundo uma tra- dição, uma epidemia dizimou durante êste período a escola de Rabi Akibah (princípio do 2.° seculo) e parou no 33.° dia de Omer. Assim neste dia é uma festa de estudantes. Os cabalistas, na Palestina, celebram neste dia as bodas do seu patrono Rabi Simeon Ben Yohai (discípulo de R. Akibah) junto do seu túmulo, em Meron (Galileia). Os israelitas de Argélia vão em romagem ao túmulo do Rabino Epbraiin Enkaúa (XV.° século), em Tlemcen ou a outros lugares memoráveis.
N.º 105, Sivan-Tamuz 5701 (Mai-Jun 1941)
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