2 HA-LAPID =========================================== A lição de Mordokhaí à rainha Ester A' memória déstes dois judeus é anual- mente celebrada, por todos os israelitas a festividade de Purim (Festa da Rainha Ester), no dia 14 de Adar. ou seja em meado da lua de Fevereiro. Nesta data é costume não só nas sina- gogas, como em todos os lares judaicos o chefe de família ler o livro de Ester, pois nele se encontra escrita a transformação de atrozes opressões em que se encontrava o povo judeu, em bem-estar e glória. Foi no tempo do rei Assuero o qual reinou desde a Índia até a Etiópia, que o seu 1.° Ministro de nome Haman, usando de tôdas as possíveis honras e regalias, pela simples razão de o judeu Mordokhai, tio da rainha Ester, mulher de Assuero, não ajoelhar à sua passagem e considera-lo como uma divindade, porque este ministro conseguira do rei um édito concedendo-lhe esta honraria, ofendido na sua vontade procura extreminar de uma vez para sem- pre não só a Mordokhaí. mas a todos os judeus que se encontravam no reino de Assuero. Então dirige-se ao rei e diz: "-Há um povo espalhado e dividido entre os povos em tôdas as províncias do teu reino, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos; e pouco caso fazem das leis do rei; pelo que não convém ao rei deixa-los ficar. Se bem parecer ao rei, escreva-se que os matem: e eu porei nas mãos dos que fizerem a obra dez mil talentos de prata, para que se metam nos tesouros do rei." Então tirou o rei o seu anel da sua mão e o deu a Haman, adversário dos judeus. E disse o rei a Haman: "Essa prata é te dada como também ésse povo, para fazeres dêle o que bem parecer aos teus olhos." Então foi escrito em nome do rei Assuero e selado com o seu anel para todos os povos e províncias do seu reino, para que destruíssem, matassem e lanças- sem a perder todos os judeus, desde o mais moço ao mais velho, crianças e mu- lheres em um mesmo dia e que saqueassem os seus despojos. Mordokhaí faz saber à rainha Ester, por intermédio de um eunuco, tudo quanto se passava no seu reino contra os judeus, mandando-lhe mesmo cópia da lei escrita que se tinha publicado por mandado de Haman e selado com o anel de Assuero e ordenando-lhe que fôsse ter com o rei e lhe pedisse e suplicasse pelo seu povo. Ester quere obedecer, mas tem receio das leis que condenavam à morte qualquer pessoa (mesmo a rainha) que entrasse nos aposentos do rei, salvo se este levantasse o ceptro de ouro. E comunica ao tio todo o seu mêdo; e a recusa da intervenção a respeito do seu povo e por seu tio ordenada. Então Mordokhai manda dizer a Ester: "Não imagines que em casa do rei escaparás à morte mais que todos os outros judeus. E se de todo te calares, livra- mento para o povo de outro lado sairá; mas tu perecerás; e quem sabe se para éste fim tu chegaste a ser rainha?" Ester obedece, e consegue não só o livramento do seu povo como também a morte para os que o querem matar. Não foi só éste Haman que quis fazer desaparecer de uma vez para sempre o povo de Deus!... Vários o têm tentado; mais o tentarão: mas Deus o protege, o guia; e as fôrcas e ferramentas construídas para a morte do humilde, dedicado e inteligente povo, para nada servem que não seja estreitar o mais possivel a sua união e em seguida a morte ou seja o desaparecimento completo dos seus autores. Sejamos como Mordokhai; não tenha- mos receio de nos dizermos judeus, pois a nossa lei, o nosso ideal, é de todos o mais perfeito, e o que moralmente a todos se impõe. Não tenhamos receio de divulgar a nossa (melhor que tôdas as outras) crença religiosa, pela simples razão de nos encon- trarmos gozando de umas certas regalias de haveres que possuímos. Pois não vêem a grande e admirável organização judaica, que preparou da forma mais brilhante e honrosa donativos para que nada faltasse a judeus perseguidos e
N.º 109, Shevat-Adar 5702 (Jan-Fev 1942)
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