4 HA-LAPID
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manuscritos, podemos bem dizer que o
que possuímos é uma miséria, um triste
resto dum grande colosso, é a poeira insi-
gnificante dum edifício secular destruído
por uma tempestade.
Chegaram aos nossos dias alguns códi-
ces, dos quais acho interessante fazer
menção ainda que se não encontrem em
Portugal:
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Ano Obra Autor Lugar Possuidor Cidade onde
se acha
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1346 Com. a Bíblia ? Lisboa B. de Rossi Parma
1410 Agiógrafos S. B. Yom Tob - " " " "
1469 Pent. e Aftarot. Sam. Medina - " " " "
1470 Prof. Post. Jasnf B. Josef - " " " "
1473 Pent. e Aftarot. Sam. Medina - " " " "
1480 " " " Moses Scriba - Abarbanel Gorízia
1495 Pcnt. e Agiog. Isaac Scriba Évora B. Carmelita Florência
1495 Psaltério ? Lisboa B. Vaticano Roma
S.xv. Bíblia ? - José Abarb. Veneza
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No ano de 1485, imprimiram-se os
primeiros livros hebraicos em Lisboa.
Neste ano saiu do prelo a Orah-Haim.
de Rab Jacob ben Aser, em 98 fls.
Bernardo de Rossi, no seu comentário
histórico da Tipografia hebraica, diz que
éste foi o primeiro livro hebraico impresso
em Portugal.
Outro livro, o Pentateuco hebraico, viu
a luz em Lisboa, em 1489. Também em
Leiria havia uma tipografia hebraica onde,
no ano de 1494, foram impressos os pri-
meiros Profetas. Assim, vemos que com
os tipógraios Zorbá. Eliezer e Zaccai, seu
filho, floresceram em Portugal duas afa-
madíssimas tipografias capazes de rivalizar
com as italianas de Pesaro, Milão, Pieve,
Nápoles, Bolonha.
Portanto, em Lisboa, que eu saiba, não
existe hoje uma só obra impressa em Por-
tugal e a Biblioteca Nacional possui ape-
nas sessenta livros mais ou menos, de
insuficiente valor bibliográfico e todos
do século XVII e XVIII. São, contudo,
dignos de nota: o Cuzary de Juda Levy
(Amst., 1663); a tradução do mesmo em
língua espanhola por Abendana; a para-
frase ao Pentateuco, por Isaac Aboab
(Amst., 1681); a nomologia de Emanuel
Aboab (Amst., 1727); o Compêndio dos
Dinim de Pardo (Amst., 1689); Esperança
d'Israel de Menasse B. Israel (Ams1., 1639);
Piedra Gloriosa de Menasse B. Isral (Amst.,
1639); Conciliator de Menasse B. Israel,
1.a parte (Francfort. 1932); 2.a parte (Amst.,
1641); 3.a parte (Amst., 1650); 4.a parte
(Amst.. 1651).
É bem pouco, como se vê o que nos
resta da gloriosa florescência hebraica que
teve como berço éste País.
Desejamos que de novo se desperte
aquêle nosso antigo génio e que possamos
novamente, sob o sol da liberdade, retem-
perados de fôrça e de espirito, mostrar ao
mundo inteiro que não se enfraquece a
nossa grande alma hebraica e que somos
sempre capazes de fazer nobres e glo-
riosos feitos.
JACOB RODOLFO LEVY.
Do Boletim do Comité Israelita de Lisboa,
de 28 de Marco de 1918.
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VIDA COMUNAL
Purim-Na Sinagoga Kadoorie Mekor
Haim, à Rua Guerra Junqueiro n.° 340, se
realizou a solenidade de Purim (Festa da
Rainha Ester) tendo tomado parte nos
ofícios os Srs. Menasseh Bendobe, Wormser
e o moreh marano J. Gabriel.
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ESTE NÚMERO FOI VISADO
PELA COMISSÃO DE CENSURA
N.º 109, Shevat-Adar 5702 (Jan-Fev 1942)
> P04
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